Diálogos III

Diálogos III Platão




Resenhas - Diálogos III


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Fernando.Lovato 12/02/2023

Coletânea de diálogos platônicos bem montada
--> Pontos positivos:
. A edição faz uma introdução, apresentação e resumo bem feitos antes dos diálogos em si. Para quem não conhece nada de Platão e suas obras é uma excelente introdução. Para quem é veterano de leitura sobre o autor é sempre bom relembrar.
. A edição traz 5 diálogos platônicos em um só livro o que facilita a leitura e o transporte. A escolha da ordem dos diálogos foi feliz, pois traz uma ideia de continuidade aos textos.
. Platão é uma das leituras mais amenas da filosofia (graças aos esforços do autor), assim é um livro excelente para iniciantes interessados.
. Contém trechos brilhantes da filosofia platônica que "resumem" bem o pensamento do autor. Especialmente nos textos Apologia de Sócrates e Fédon.
. Excelente reflexão sobre a morte humana.

--> Pontos negativos:
. Temos uma vantagem histórica sobre Platão. Assim, algumas teses expostas nos textos que eram razoáveis para a época, hoje são patéticas. Especialmente as teses sobre ciências da natureza como a física e química.
. O leitor terá que fazer um esforço em separar as teses filosóficas sólidas das teses patéticas. Requer muita atenção do leitor (não dá para ler a obra como se fosse um romance).
. Poderia ter mais notas de rodapés sobre os conceitos que estão em disputa no meio acadêmico.
comentários(0)comente



George Facundo 14/01/2016

Bem, ler Platão hoje é como ler a bíblia. Calma, tô me referindo a quantidade de traduções que tem, e de como é importante você ler uma boa tradução, que jogue luz ao texto, e não lhe arraste pra aridez e obscuridade. Pois é isto que você vai encontrar nesta tradução (bem como textos complementares e notas) de Edson Bini.

A tradução dele faz com que os diálogos socráticos se tornem aquilo que de fato é, algo para ler deitado numa rede ou num lugar calmo sem precisar ser um gênio de filosofia pra entender.

Esta sequência de livros é, digamos assim, a Via-Crúcis de Sócrates. Claro que, ao contrario da tragédia e desespero bíblico, aqui temos um Sócrates caminhando para a morte com uma serenidade comovente.

Outra coisa que me envolve na pessoa de Sócrates é sua coerência. Apesar de sua auto-defesa brilhante, os cidadãos ainda assim resolve lhe condenar a morte através do suicídio com a ingestão de um veneno mortal. Quanto mais se aproxima da morte, mais Sócrates dá sentido profundo a cada uma de suas palavras. Como um Samurai escrevendo seu Haikai, Socrates, de consolado, passa a ser o grande consolador de seus amigos angustiados. Então este, com maestria em suas palavras, fala da esperança para além da matéria, sem esquecer da importância de uma vida na qual, no encontro da morte, não tenha do que se envergonhar.

Há um provérbio que diz que há mais sabedoria num enterro que numa festa. Pois bem, lendo este conjunto de livros você vai entender perfeitamente o por quê.

Olhar para a morte é olhar para a vida. E diante dela há sem números de re-significados. Mudamos o nosso olhar. A coisas passam a ter um valor mais profundo, e porque não dizer, belo.
NatanS 15/01/2016minha estante
Tu ta q ta um erudito!! to gostando ( e c inveja, claro u.u )


George Facundo 16/01/2016minha estante
Vejo muita generosidade em sua verborragia meu amigo! Valew! hehehehe




Celso Niwa 29/03/2023

O que seria da filosofia senão uma busca incessante pelo verdadeiro, o bom e o belo em si?
E porque Sócrates temeria a morte, se o verdadeiro filósofo é aquele que pensa durante toda a sua vida sobre o que é a morte?
Essa é a postura de Sócrates, que escuta sua "voz" interna (daimon) em busca dos verdadeiros sábios, e dialoga um a um "dando nomes aos bois", através do "parto de ideias"; sejam eles oradores, poetas, políticos ou artesãos. Quando as respostas são suficientes, prossegue no aprendizado do que é verdadeiro e virtuoso, porém, se são insuficientes, não hesita em confrontar os filósofos da opinião, que usam e abusam da retórica com a finalidade de obter prestígios, prazeres, dinheiro e auto engano, o que lhe deram muitas inimizades.
Sua postura é clara: não se confronta a injustiça com outra injustiça; fugir da prisão seria contradizer seus ensinamentos; tão pouco mede forças, age sempre com amor à verdade. As leis dos homens, mesmo que por vezes possam ser injustas, devem ser seguidas, pois elas são constituídas como o reflexo das ações individuais, no seu corpo privado, para reverberar na constituição da vida pública. Além disso, sabe com total convicção que a lei do eterno nunca falha. Não há negociação quando a questão é a sua conduta. Nos seus 70 anos de vida seguiu reto, firme e inabalável ao seu amor pela sabedoria.
A sua reputação de sábio não foi requisitada como um direito, tão pouco ele se considerava um, pois sabia que nada sabia completamente. Cada um de seus discípulos o seguiam e o conhecimento lhes foi sendo revelado, andou com homens e mulheres reais, na experiência do olho no olho, passando a verdade como chama no coração dos seus discípulos, por isso, mesmo pobre, pouco se preocupou com obras escritas, em sua defesa no tribunal disse que não cobrou uma prata sequer para transmitir seu conhecimento sobre as virtudes e a justiça do divino, mesmo assim nada lhe faltou.
Quanto mais sábio, mais alegre e sereno se tornava. E assim partiu para outro plano, quando tomou sua dose de cicuta, na esperança de voltar ao estado de que tanto em vida dizia ser o lugar das Formas, o saber das coisas em si, desassociada da matéria e do corpo, ou seja, uma reminiscência do conhecimento do que é o divino.
Lua 05/04/2023minha estante
Uauuuuu




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