O Grande Pajé

O Grande Pajé Cesar Soares Farias




Resenhas - O Grande Pajé


3 encontrados | exibindo 1 a 3


Rosane Fantin 18/12/2011

Contos para pensar...
Foi com grande curiosidade que iniciei a leitura do livro de contos do autor gaúcho, meu conterrâneo, Cesar Soares Farias. A primeira história prendeu minha atenção desde o início, tanto pela narrativa interessante, personagens bem construídos e português impecável. Entremeando narrativa e poesia, somos espectadores do desenrolar da vida do jovem humanitário Tupã e como ele e suas ideias passam a ser um incomodo dentro de um sistema sociopolítico corrupto, o que nos faz lembrar outra grande história do passado. A partir deste primeiro conto, o maior dentro do livro, passamos a conhecer outra gama de personagens que contam trechos de suas vidas de forma ora bem humorada, ora com pitadas de ironia, mas sempre nos levando a analisar e criticar situações que são comuns em nosso meio e que mostram a hipocrisia do ser humano; o lado B de pessoas consideradas corretas e de boa índole, analisando desde a dona de casa preocupada com seu bichinho de estimação, passando pelo médico e pelo padre de inabalável reputação, até o pequeno empresário. Além das críticas inclusas em agradáveis enredos, também encontramos contos notáveis que fazem rir, como em Aquele Vitelo, ou que nos lavam a alma como em O Homem da Ganja. Cesar Soares Farias consegue dar vida aos seus personagens, tornando-os tão íntimos do leitor como se esses fossem nossos vizinhos de porta. Eu, como moradora de Porto Alegre, me senti ainda mais próxima da Vera e do Jean Carlo, da Dirce, da Gisele e da Ligia e de tantos outros que moram aqui, bem ao meu lado.
Parabéns ao meu amigo Cesar que conseguiu escrever tantas histórias interessantes; tão verídicas; uma crítica inteligente, que expõe comportamentos e maldades nem sempre percebidas e que fazem parte do nosso dia a dia.
comentários(0)comente



Valdeck2007 14/02/2012

Eu prefaciei a obra
PREFÁCIO


Caiu-me casualmente em mãos esta coletânea de contos de Cesar Soares Farias, O Grande Pajé. Comecei a lê-la de forma rotineira, como faço com tantos outros livros que costumo receber. No entanto, algo diferente aconteceu desta vez. Quando dei por mim, ao final de poucas horas, já estava no último conto. Tinha simplesmente devorado o livro. Fui completamente seduzido pelas histórias e personagens que habitam essas páginas, tão bem construídos e tão brasileiros.
Os contos do escritor gaúcho Cesar Soares Farias são de indiscutível riqueza de detalhes, sobretudo aquele que intitula o livro. O Grande Pajé, como poderá observar o leitor, é uma criação grandiosa, que nos remete ao martírio de um Cristo banhado e redesenhado nas tintas da brasilidade. Na sequência, mais outros onze deliciosos contos, estes mais curtos e mais regados de comicidade. Todos levando o leitor estabelecer uma efêmera relação de cumplicidade com os divertidos e singulares personagens que se sucedem nesse mosaico de “causos” e histórias que podem até ter acontecido com seu vizinho e você não teve tempo ou oportunidade de perceber. Uma questão de olhar. O olhar do narrador reproduz aqui, com sutil singularidade, a caricatura de um Brasil matreiro e policromático, apesar de todas as mazelas.
Contar um conto e aumentar mil pontos, é o que o autor aqui faz brilhantemente, pintando palavras com predominância dos tons cerúleos do sul. E, à medida que as páginas avançam, somos tomados pelas mais diversas e prazerosas sensações, que nos entretêm e nos levam para dentro da obra. Uma obra feita de amor, humor, irreverência e crítica. Um painel onde se misturam, com criatividade, a prosa, a poesia, a música, o cômico e a força dos personagens. Lamentei a sorte do Grande Pajé, ri com Verinha, tomei as dores de Dirce, revoltei-me com Gisele, quis mudar o destino de Alice e Ângela, solidarizei-me com o “Anônimo”, enfim, envolvi-me com estas e tantas outras criaturas ficcionais que aqui estão para compor, com graça e ternura, as páginas de O Grande Pajé.



Valdeck Almeida de Jesus
comentários(0)comente



Pat Kovacs 28/05/2012

Meu Achismo
O Grande Pajé é uma coletânea totalmente anárquica e independente, produzida com uma noveleta, que dá o nome ao livro, e mais onze contos. Com a liberdade criativa que apenas um autor autopublicado pode dar ao seu trabalho, no livro se encontra desde textos narrativos mesclados à poesia, até cópia de panfleto, anúncio de jornal e receita gastronômica!

Há algo de religiosidade, regionalismo e brasilidade. Os personagens são reais, podendo ser o vizinho que mora ali na esquina, o pedestre que atravessa a rua lá de cima, a dona que só anda com aquele carrinho de feira, você mesmo e eu também.

Em todos os textos, Cesar Soares panfleta sobre as causas que milita: a Cannabis – pelo seu uso livre como qualquer outra erva – e a exploração animal – desde o consumo da carne e derivados até o uso para suprir a carência afetiva humana.

Este livro não trás uma simples leitura de entretenimento, muito pelo contrário. É uma leitura reflexiva, em que o autor aproveita de uma valiosíssima ferramenta – a Literatura – para expor suas ideias, seus conceitos e ainda ser o palco em que ele defende arduamente aquilo que acredita e trabalha para as mudanças acontecerem.

A seguir, comentarei sobre três contos, sintetizando o espírito da obra.

A noveleta “O Grande Pajé” reconta uma conhecida história do mundo cristão: o nascimento, a vida e a morte de Jesus. Neste texto, a história ganha contexto contemporâneo, mas na concepção de Cesar Soares, o fim é o mesmo, resumidamente: a humanidade continua a ser traiçoeira e hipócrita, e continua a oprimir e matar os seus iluminados, quando estes vem mostrar a questão mais básica e simples que existe, ameaçando o domínio de alguns sobre a massa: que o Poder está em nós.

“Amigo Bicho” tem o mesmo contexto anterior: mostra como, no final, o ser humano pode ser tanto traiçoeiro quanto hipócrita. De todos os contos, este foi o que mais me abalou, por seu final inesperado. Ainda agora, depois de tantos meses que já li o livro, sinto a dor emocional da pobre galinha que acreditava ser de estimação tanto quanto a cadelinha da casa, ficando para o leitor a mensagem: “Por que ama uns e come outros?”

Cesar é de uma admirável coragem quando prega em seus textos e palestras sobre o Veganismo, estando ele no estado mais carniceiro do país, o Rio Grande do Sul. Os textos “Aquele Vitelo”, “Meu Pequeno Tambo” e “O Fígado” aponta escancaradamente para essa questão do consumo desnecessário de produtos e alimentos de origem animal, condenando criaturas, com tanto direito à vida como nós, ao holocausto diário que terminará sempre com uma morte cruel – por mais “humanizada” que os defensores da indústria pecuária queiram fazer parecer. Tudo isso para o quê? Apenas por gula: seja a palatável, seja a consumista. Condena-se um ser a uma subexistência miserável e uma morte dolorosa e cruel por conta de apenas 3 segundos de paladar... E depois ainda querem que Deus alivie a barra quando essa pesa :/

Em “O Homem da Ganja”, o autor aponta a hipocrisia, tanto do Estado quanto dos cidadãos, sobre a criminalização da maconha. Essa questão eu também gostaria de saber: por que a Cannabis é criminalizada e o cigarro não, mesmo com os seus milhares de componente venenosos? Por que o usuário é marginalizado e o alcoólatra é socialmente tolerado? As drogas lícitas não são muito mais letais, inclusive a terceiros?

Com o livro “O Grande Pajé”, Cesar Soares deu a sua contribuição para “salvar o planeta”, como é a sua intenção literária confessada em entrevista. A sua semente plantada virou árvore e deu frutos, e estes estão disponíveis para todos aqueles que quiserem adquirir. Livro de entretenimento? Não tão somente. Livro para reflexão, principalmente.
comentários(0)comente



3 encontrados | exibindo 1 a 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR