Luize 01/10/2017
A tragédia começa quando o pai de Desdêmona é alertado, na calada da noite, de que fora roubado, o leitor, porém, logo percebe que não se trata de um roubo propriamente dito: Desdêmona casou-se com Otelo às escondidas. E aquela sociedade não consegue conceber isso. Será que fora raptada ou fora enfeitiçada? Por que outro motivo, afinal,Desdêmona , a mulher mais cobiçada de Veneza, escolheria Otelo, ela que poderia desposar qualquer um? Ela é rica , bela, branca , nobre , ele é general, feio, negro , mouro, bárbaro. A verdade é que Desdêmona se encanta com Otelo porque vê nele o herói que faz de Veneza a cidade que é. Desdêmona valoriza Otelo porque enxerga nele um grande homem e admira a sua coragem e a sua importância para Veneza. Otelo, no entanto, não se julga à altura de sua nobre esposa. E é dessa baixa estima que Iago se aproveita para afligir Otelo.
Otelo nomeia ao cargo de tenente quem lhe apetece , por amizade, mas Iago se sente diminuído por ser preterido ao cargo e, principalmente, por ser subalterno de Otelo, a quem Iago se julga superior. O personagem Iago é maravilhosamente manipulador e conduz toda a trama para a satisfação de seus interesses.
A peça nos faz refletir sobre o amor incompreensível (que arrebata Desdêmona) , sobre o ciúme incompreensível ( que nasce em Otelo) e sobre o ódio incompreensível ( que sente Iago).
A maldade pode ser desperta em qualquer um de nós: pessoas consideradas boas também são capazes de atos cruéis, seja por ciúme, seja por inveja, seja por amor.
E a motivação do ser humano faz diferença, afinal, quando se pratica um ato cruel? Eis a reflexão que fica quando Otelo diz que fez o que fez por amar demais.