As cataratas

As cataratas Joyce Carol Oates




Resenhas - As Cataratas


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luan_dal 17/06/2020

atenção, atenção: Royall meu crush
Como é que eu vou começar a falar desse livro de um jeito diferente do que eu falei do "Minha irmã, meu amor"?? Ééé... não tem como.

Segundo livro da Joyce que eu leio e, depois de ter amado o primeiro, fiquei com expectativas bem altas pra esse. Como ele conta a história de um homem que se suicidou no primeiro dia de lua-de-mel, eu achei que ele seria bem triste, bem reflexivo (eu tava querendo ler um livro assim então a expectativa aumentou).

Imaginei a minha surpresa quando eu tava lendo e percebo que ele não ia focar no suicídio, mas sim na vida da mulher, Ariah. (e eu AMO esses livros que contam a história de pessoas, com todas as treta etc etc)

Então eu AMEI esse livro. Ele é bem lento, muitas pessoas podem não gostar por causa disso e por ter muita coisa ""desnecessária"" (não pra mim, eu poderia ler mais 900 páginas disso).

Agora que eu amei dois livros da diva contemporânea Joyce Carol Oates, tô MORRENDO DE VONTADE de ler mais.
Daniel Assunção 22/10/2020minha estante
Você vai amar Pássaro do Paraíso da Oates, que a principio parece ser um romance policial, até se desenvolver até autora como neste passar a focar na personagem, e pasmem!, que história!


Maria 12/05/2021minha estante
Adoro as suas resenhas! "Descobri " a JCO recentemente, mas tornou-se de imediato uma das minhas autoras favoritas. Farei questão de ler todos os livros dela que encontrar disponíveis. É uma pena que existam tão poucos disponíveis em português, considerando tudo o que ela já produziu. Aliás, deveriam reeditar as obras mais antigas, como Eles, por exemplo, que dizem ser magnífico! E que venha o Nobel!




Paulo 28/05/2023

Grande painel de uma época em uma região dos EUA, mas com valor universal
A minissérie "Blonde", da Netflix, de 2022, voltou a colocar em relevo mundialmente a grande escritora estadunidense Joyce Carol Oates que aos oitenta e quatro anos continua felizmente a publicar, mantendo, assim, surpreendentemente, uma de suas qualidades que a colocam num raro patamar na história da literatura, qual seja, o incrível caráter prolifico de uma carreira iniciada no início da década de sessenta e trazendo a lume a cada ano ou a cada dois anos romances, contos, poemas, ensaios e literatura infantil e, destaque-se, tudo isso sem perder a qualidade de sua produção e ainda ao lado de sua vida como acadêmica em Princeton.
"As cataratas" (orig. "The falls", 2004) é um belo exemplar de sua obra. Em 481 páginas, na edição da Globo, vemos desenrolar-se o drama de duas gerações, tendo no centro a figura feminina forte de Ariah Juliet Littrel, "a noiva-viúva das cataratas", cuja vida será profundamente marcada pelo poder grandioso e mortalmente sedutor das cataratas do Niágara, da mesma forma como governa, para o bem e para o mal, todo o agrupamento humano da cidade e da região. E assim acompanhamos o drama da vida de Ariah que perde seu marido para as cataratas, ainda na lua de mel - não se trata de spoiler, pois já nos é revelado logo no início da trama - e de como essa beleza natural deslumbrante continuará a atuar sobre a sua vida e a de seus filhos, fruto de um casamento posterior. O narrador do romance lança um olhar agudo, cortante e implacável sobre essa comunidade, expondo as ambições, hipocrisias, vícios e também a violência ali presente, mas, igualmente, há delicadeza, ideais e arte como receptáculo de resistência à adversidade, disso tudo resultando um vasto painel de uma época, de um modo de vida em uma certa região dos EUA, ao longo de três décadas, mas com um valor universal, vertido em linguagem sempre envolvente, na grande tradição do realismo estadunidense, mas de forma moderna, crítica, profundamente humana, no que há aí de ambiguidade, impulso e incerteza, o bem e o mal em todo o tempo entrelaçados. Obra magistral de uma grande artista da linguagem.
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Luciana Lís 27/02/2015

Junho de 1950. Nas primeiras horas do dia, Gilbert Erskine atravessa os portais das cataratas do Niágara, caminha claudicante e em meio à neblina tem pensamentos atordoados, relembra diálogos para si até chegar à beira do abismo e jogar-se nas águas mortais. O homem é o marido de Ariah Littrell, com quem se casara horas antes. Alguns dias se passam até que o corpo seja encontrado, Ariah permaneceu junto às cataratas até localizar o corpo do homem que fora seu esposo por menos de vinte e quatro horas, continuava virgem de corpo e alma, morreu o marido a quem nunca amara. A personalidade intransponível e a aparência frágil de Ariah chamam a atenção de Dirk Burnaby, um advogado da cidade que oferece ajuda durante as buscas do suicida e de quem Ariah pouco notou a presença.
A viúva retorna para a casa de seus pais e dias depois é surpreendida: Dirk vai até lá e a pede em casamento. Casam-se, contrariando as famílias de ambos, que se chocam com a intensidade do amor e da paixão dos noivos que mal se conheciam. A vida íntima do casal será permanentemente marcada pela ideia que Ariah carrega consigo de que é uma mulher amaldiçoada. A família de Dirk e Ariah vai crescendo à mesma medida que a cidade se desenvolve, demandas sociais e políticas eclodem ao mesmo tempo em que Ariah tenta resguardar seu lar das influências do trabalho de Dirk. Mas a proteção dela não impede que um trágico acidente aconteça e abale para sempre a sua família.
“As cataratas” é uma saga contemporânea com temas relevantes sobre o espaço, o homem moderno e a memória da família. Suas personagens são complexas e envolventes, sobretudo Ariah, a base dessa história que atravessará décadas de sofrimento até a redenção da família que vê a magia das cataratas e o fetiche da morte pulverizar as suas vidas.
Por: @lucianalis

site: Para mais resenhas: instagram.com/coletivoleituras
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 22/03/2016

Joyce Carol Oates - As Cataratas
Editora Globo - 488 páginas - Tradução de Luiz Antônio Aguiar - Lançamento no Brasil 25/10/2006 (lançamento original 2004).

A norte-americana Joyce Carol Oates, 77 anos, é um verdadeiro fenômeno de produtividade, com mais de 50 romances e 40 coletâneas de contos publicados, sem falar em seus livros de poesia, dramaturgia e crítica literária, foi cinco vezes finalista do Pulitzer Prize e recebeu uma dezena de nomeações em vários anos para o National Book Award que ganhou em 1970, ela ainda assim encontra tempo para lecionar cursos de escrita criativa na Universidade de Princeton e utilizar a sua conta no Twitter com regularidade, tendo 20.000 Tweets publicados e mais de 140.000 seguidores, fato comum no ramo da música pop, mas bastante raro tratando-se de escritores. Ela tem sido lembrada nos últimos anos em todas as tradicionais listas de favoritos para o Nobel de Literatura, mas a Academia Sueca parece comprovar a sua antipatia por autores norte-americanos em detrimento dos europeus (o último nome laureado dos EUA foi a romancista Toni Morrison em 1993).

A saga de três gerações de uma família no período de 1950 a 1977, na cidade de Niagara Falls, é o tema principal deste romance onde as vozes narrativas se alternam em cada capítulo para mostrar os diferentes pontos de vista dos personagens, entre eles o jovem reverendo Gilbert Erskine, recentemente nomeado ministro da Igreja Presbiteriana de uma pequena cidade do estado de Nova York e recém-casado com Ariah Juliet Littrell. O casal decide passar a lua de mel em um luxuoso hotel na famosa área turística do rio Niágara, entre os Estados Unidos e Canadá. O capítulo inicial descreve como Gilbert acorda cedo e, no dia seguinte ao casamento, decide se jogar nas fortes Cataratas da Ferradura (os motivos ficarão claros no decorrer da trama). Logo, o capítulo inicial do romance é a descrição de um suicídio provocado pelo efeito hipnótico da força ensurdecedora das águas, onde "o desgraçado indivíduo ao mesmo tempo cessa de existir e anseia se tornar imortal". O trecho abaixo descreve a terrível e bela força da natureza nos últimos momentos de Gilbert:

"As Cataratas rugiam tão alto, agora, que se transformavam em algo hipnótico, tranquilizador. Borrifos voavam por toda a parte, cegando-o, mas ele já não precisava enxergar. Os desgraçados dos óculos escorregando em seu nariz. Sempre odiara óculos, mas a miopia havia sido diagnosticada quando ele tinha dez anos. A sina de G.! Num gesto do qual jamais em sua vida fora capaz, puxou fora os óculos e os lançou ao espaço. Já iam tarde! Nunca mais!
De repente, estava na balaustrada.
Em Terrapin Point.
Já?
Suas mãos tatearam até encontrar a trave mais alta da balaustrada e a agarraram. Ergueu o pé direito, a sola do sapato deslizando, quase perdeu o equilíbrio, mas conseguiu endireitar o corpo, como um acrobata se posicionando no alto da balaustrada, ao mesmo tempo que uma parte de sua mente se encolhia sem acreditar e lhe vinha um pensamento para confundi-lo: 'Isso não pode ser a sério, Gil! É ridículo. Você se diplomou nos primeiros lugares em sua turma, eles lhe deram um carro novo, você não pode morrer agora!' Mas, tomado de orgulho, ele já passara por cima da balaustrada, estava na água, arrastado instantaneamente à frente pelas poderosas corredeiras, como se fossem uma locomotiva, e em poucos segundos seu crânio se partira, o cérebro e sua aparentemente incessante voz imortal extintos para sempre, como nunca antes; em dez rápidos segundos, seu coração parou, como um relógio cujo mecanismo tivesse sido esmagado. Sua espinha dorsal se quebrara, e quebrara de novo, e de novo como se fosse o osso da sorte de um peru, partido por uma criança em meio a risadas, e seu corpo era jogado de um lado para o outro, sem vida, como uma boneca de trapos; já no ponto onde despencavam a Cataratas da Ferradura, seu corpo era erguido e largado, erguido e largado de novo, em meio às rochas, e sugado para baixo em meio às águas borbulhantes e aos pequenos e cintilantes arco-íris, já fora das vistas da espantada e única testemunha na balaustrada do Terrapin Point embora em pouco fosse regurgitado no ponto onde despencavam as Cataratas e carregado rio abaixo até mais de um quilômetro depois das Corredeiras do Rodamoinho e para dentro do Redemoinho do Diabo, onde seria puxado para baixo, e sumiria de vista, sendo apanhado pelas águas em espiral; o corpo partido giraria como uma lua enlouquecida, em órbita, até que, em Sua Compaixão, segundo Seus Desígnios, Deus lhe concederia o milagre da putrefação, o corpo se encheria de gases, flutuaria para a superfície do redemoinho espumante e seria libertado." (págs. 50 e 51)

Portanto, apenas um dia após o casamento, Ariah, evidentemente muito chocada com a situação, fica conhecida na cidade como "a noiva-viúva das cataratas" e, durante toda a semana do período em que ocorrem as buscas pelo corpo do ex-marido, ela vaga pelas imediações como um fantasma amaldiçoado. Surpreendentemente, acaba despertando o interesse de um rico e conceituado advogado local chamado Dick Burnaby com quem se casa novamente e forma uma família com três filhos (Chandler, Royall e Juliet). Finalmente descobre a paixão e uma vida feliz até que um processo conduzido pelo marido contra as poderosas indústrias químicas locais, devido à poluição provocada no meio ambiente e os efeitos na saúde da população de baixa renda (inspirado no caso real do desastre ambiental de love canal), provocará uma nova tragédia em sua vida. Será que ela é mesmo um espírito amaldiçoado?

Fica clara a habilidade de Joyce Carol Oates com o estilo concentrado do conto. De fato, "As Cataratas" pode ser considerado como uma composição de diferentes (e excelentes) narrativas curtas sobre o marido e a personalidade de cada um dos três filhos, células praticamente autossuficientes, onde o fio condutor da ficção é a enigmática protagonista Ariah. A capa da edição brasileira, produzida por Andrea Vilela de Almeida, foi muito feliz ao fugir da tentação do lugar comum de apresentar grandes volumes de água despencando de uma altura de 800 metros, como foi o caso da maioria dos projetos gráficos no exterior. A imagem do equilibrista com o fundo nublado também remete ao tema do romance de forma mais sutil e original.
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Charles.Araujo 16/10/2022

NÃO DESISTAM DESSE LIVRO! É magnífico.
Apesar de no início parecer ter descrições desnecessariamente detalhadas e cansar, façam um esforço, depois tudo flui melhor e você verá que tem um pq dessa forma de contar a história.
Não adianta tentar racionalizar oq está acontecendo, para mim esse livro foi uma experiência, as duas primeiras partes são simplesmente indescritíveis, muita coisa acontecendo, o livro tem como norte a vida de uma mulher, as dificuldades, as crises e vai acompanhar ela por muito tempo, a terceira parte eu achei menos eletrizante que o resto, no entanto da um desfecho muito satisfatório para o livro.
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