Minha Vida

Minha Vida Anton Tchekhov




Resenhas - Minha Vida


6 encontrados | exibindo 1 a 6


spoiler visualizar
Amanda 15/02/2022minha estante
Fiquei com vontade de ler


Ãnimo Total 16/02/2022minha estante
Achei muito bom...manda ver




Bribslucas 10/04/2022

Evidências de um cotidiano
Se realmente tem traços autobiográficos, não sei, porém traz relatos vividos em pensamentos e reflexões de dias ainda presentes e também de uma visão extremamente aristocrática e superior da nobreza.
comentários(0)comente



André Sekkel 13/01/2012

Minha Vida
TCHEKHOV, Anton Pávlovitch. Minha vida: conto de um provinciano. São Paulo, Editora 34, 2010. Tradução de Denise Sales.

Nesta edição de Minha vida: conto de um provinciano, feita pela Editora 34 com tradução de Denise Sales, o público leitor de língua portuguesa tem acesso a uma das únicas novelas escritas por Anton Pávlovitch Tchekhov (Антон Павлович Чехов, em russo) (1860-1904). A ilustração da capa, muito bem escolhida, é um fragmento de uma pintura de Paul Cézanne (1839-1906), Les toits, de 1898, que já deixa no leitor um pouco da atmosfera que vai encontrar no livro. A ilustração representa algumas casas de alguma região interiorana, arborizada, verde, que se dilui no horizonte e faz confundir, ao longe, telhado com vegetação. É a representação, talvez cliché, de uma vila simples, popular, sem muita importância, mas que ganha particularidade e evidência através de Cézanne. Essa ilustração é uma condensação do livro.
Dois anos antes de ficar pronto Les toits (1898), em 1896, numa região parecida com a representada mas muito distante dela, na Rússia, Tchekhov publicou Minha vida, uma novela que conta, em primeira pessoa, a história de um nobre russo, Missail Póloznev.
Missail é um nobre que não quer ser nobre. Talvez seja um homem do subsolo, como na novela de Dostoiévski, ao avesso. Quer dizer, ele faz parte da nobreza mas não vê sentido nessa distinção hierárquica da sociedade russa. Enquanto o homem do subsolo de Dostoiévski se tortura porque quer continuar seu caminho na rua sem ter que dar passagem a um homem de uma hierarquia superior, o qual nem percebe sua existência, Missail quer se libertar das amarras dessa hierarquia e sem sentido e poder fazer o que tem vontade. Em Dostoiévski, o homem do subsolo quer andar na rua sem ter que dar passagem ao nobre; em Tchekhov, o nobre quer trabalhar como pintor. Ambos evidenciam o anacronismo das distinções sociais que se fazem presentes em fins do século XIX.
Logo no primeiro parágrafo da novela Minha vida, ou melhor, nas quatro primeiras linhas, fica evidente o lugar que Missail se coloca perante a sua sociedade:

“O diretor me disse: 'Mantenho-o somente em respeito ao seu venerável pai, senão o senhor já teria voado daqui há tempos'. Eu lhe respondi: 'Lisonjeias-me demais, vossa excelência, julgando-me capaz de voar'” (p. 7).

Este cargo era o nono emprego e a nona vez em que fora demitido. O personagem conta como eram esses empregos:

“Servi em departamentos diversos, mas todos os nove empregos pareciam-se um com o outro como gotas d'água: eu tinha de ficar sentado, escrevendo, ouvindo observações estúpidas ou grosseiras, à espera da demissão” (p. 7).

Dessa forma Tchekhov critica uma nobreza russa que vivia sua insignificância em povoados sem importância, pensando sempre ser uma nobreza rica, de nome e relevante para a humanidade. Um nobre deveria ter um trabalho intelectual, não braçal. É justamente isso o que Missail não entende: por que ele não poderia ser um carpinteiro?
Acaba brigando com seu pai por conta disso. Sai de casa e torna-se pintor. Nesse acontecimento, Tchekhov consegue sintetizar muitas críticas à sociedade russa de seu tempo. A briga de Missail com o pai acontece porque, entre outras coisas, o protagonista se recusa a receber a herança. Isso, numa sociedade cuja base são as relações de herança e corporativas, na qual se fazem casamentos entre famílias por interesse – uma sociedade que não conhece os valores burgueses –, é um grande desrespeito. Hoje, por exemplo, se um filho recusa a herança do pai, este dá graças a deus e compra mais um carro do último modelo. Na Rússia do século XIX significava o fim de uma tradição secular de uma família nobre.
Talvez o que esteja em jogo nessa novela seja a passagem de um tempo a outro, de uma Rússia velha, anacrônica, para um Rússia jovem e contemporânea. A ruptura de Missail com o pai condensa, também, nessa imagem, a ruptura de uma Rússia jovem com o tzar, que seria deposto de decapitado vinte anos depois, em 1917.
É nesse sentido que vejo Tchekhov como um autor contemporâneo ao seu próprio tempo. Como diz Giorgio Agamben, em seu O que é o contemporâneo:

“No firmamento que olhamos de noite, as estrelas resplandecem circundadas por uma densa treva. Uma vez que no universo há um número infinito de galáxias e de corpos luminosos, o escuro que vemos no céu é algo que, segundo os cientistas, necessita uma explicação. […]. No universo em expansão, as galáxias mais remotas se distanciam de nós a uma velocidade tão grande que sua luz não consegue nos alcançar. Aquilo que percebemos como o escuro do céu é essa luz que viaja velocíssima até nós e, no entanto, não pode nos alcançar, porque as galáxias das quais provém se distanciam a uma velocidade superior àquela da luz.
“Perceber no escuro do presente essa luz que procura nos alcançar e não pode fazê-lo, isso significa ser contemporâneo” (p. 64-65).

É nesse sentido que vejo Tchekhov como contemporâneo de seu próprio tempo. Sua narrativa é cirurgicamente incisiva, crítica.
comentários(0)comente



Julio.Cesar 27/01/2024

Após longos meses confinado nas suntuosas páginas do calhamaço de Anna Kariênina, ter dado meu primeiro aperto de mãos e passado uma agradável tarde com Tchekhov foi um regalo memorável. Da convidativa pintura de Cézanne que a princípio fisgou minha atenção antes que eu me voltasse ao título, à saudade que eu estava de ler uma novela russa, ?Minha Vida? uniu um conjunto de elementos aprazíveis que de uma forma singela embelezaram meu último dia de estrada a caminho de casa.

E por falar em casa, o cenário da moradia vem a ser um aspecto basilar para a demarcação das decisões que afetam e norteiam a vida de nosso protagonista. Missail Póloznev, jovem filho de um arquiteto bem quisto entre a nobreza de uma cidade provinciana russa, desafia as estruturas de seu microcosmo não através de insurreições disruptivas ou levantes revolucionários, mas por meio da constante frustração que concede à sua família e aos seus empregadores. Rejeitando as tendências da intelectualidade atrelada à elite e andando na contramão dos caminhos que conduzem a uma vida socialmente estável, Missail se despe de seus privilégios e renega sua herança a fim de afastar-se de seu meio e adotar uma vida simples, cuja apreciação da banalidade e convívio com os operários possibilitará uma série de descobertas em relação a um mundo distante do que estava inserido.

Desde as primeiras interações entre Missail e seu pai, Tchekhov instaura uma forte tensão relacionada à questão da desigualdade social; De um lado uma classe que segue conformada com a manutenção do poder vigente e com o acúmulo de capital por parte das mãos que há gerações o detém, e do outro uma face quase inexistente da nobreza, que inconformada com o modo como a matriz de suas riquezas opera, reage de forma ingênua até, aos problemas sociais, e de forma individualizada busca novas alternativas de vida que em alguma instância compensem a culpa que lhes incorre por serem agentes da exploração que tanto os incomoda.

É interessante pensar no lugar no qual o protagonista se ?desencontra?, condicionando a narrativa a uma sucessão de deslocamentos que ao passar do tempo revelará as nuances e ambiguidades inerentes à situação de Missail.

O contato recente que tive com a filmografia do finlandês Aki Kaurismäki me aciona uma série de associações com esta obra de Tchekhov, principalmente no que concerne à banalidade presente no cotidiano do sujeito proletário, haja vista que os filmes do diretor carregam fortes comentários políticos quanto à realidade precarizada e indigente do proletariado dentro do capitalismo.

No entanto, se em ?Luzes na Escuridão? e ?Sombras no Paraíso? acompanhamos personagens anônimos vivendo dias um pouco menos insignificantes em suas vidas igualmente anônimas, ?Minha Vida? evidencia as ambiguidades de um sujeito que não mais pertence à classe social na qual nasceu. Porém o mais curioso é que não se trata de um personagem reticente quanto a arrependimentos e desejos de voltar para os privilégios que antes lhe cercavam, mas de alguém convicto de suas decisões, genuinamente contente por não estar mais em lugares que lhe causavam asco, e no entanto, condicionado a deixar para trás resquícios de uma criação elitista que o ensinou a enxergar o outro de cima para baixo.

Tal qual Cristo, Missail assume conscientemente o lugar de servo para deixar de olhar para aqueles em sua volta como subalternos.
comentários(0)comente



@livreirofabio 27/03/2020

Missail
"A arte dá asas e leva-nos longe, longe!" p. 110
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Tchekhov é um mestre do miúdo, do cotidiano que é parte essencial de toda vida. De infância pobre e criado por um pai abusivo, Anton conseguiu se formar médico e durante todo sua vida foi exemplo de ética e trabalho pesado, embora tenha sido o crítico mais feroz de si mesmo também.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Minha Vida é uma de suas obras mais longas. Nessa novela, Missail conta por si mesmo sua vida - filho de arquiteto renomado, porém tacanho, descendente de pedagogos e estudiosos - tinha tudo para ter uma carreira ascendente no funcionalismo público da Rússia na época. Essa vida pré-programada não o satisfaz, da onde ele rompe com o pai e escolha uma vida de trabalhos braçais.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Tendo tudo para soar como uma estória não tão emocionante, Tchekhov consegue dar sentido de vida e realidade a essa espécie de autobiografia de Missail, sobretudo quando trata de corrupção tanto entre ricos e nobres como entre mujiques. Não há romanização da vida do camponês, há realidade.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Minha experiência de leitura não foi tão gratificante quando da primeira, e não culpo o texto, culpo meu momento. Por agora não me emocionou como antes; mas creio que isso mude numa terceira leitura daqui algum tempo.

site: insta: @dutrabooklover
comentários(0)comente



nae 20/04/2021

Bonito e triste
Primeiro livro que leio do Tchekhov, gostei muito do início um certo humor do texto. Confesso que alguns momentos achei arrastado, mas pensando melhor acredito que esse é o sentido mesmo, já que o livro retrata a vida do personagem e assim como nossas vidas é feita de altos e baixos, sofrimentos com família, escolha do emprego, amor e sociedade.
comentários(0)comente



6 encontrados | exibindo 1 a 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR