Betinha 09/06/2013"No caminho de Swann" é o início da jornada "Em busca do tempo perdido", dividido em sete volumes que Proust demorou 14 anos para escrever e não chegou a ver sua obra concluída.
Nesse primeiro volume, o narrador conta passagens de sua juventude em Combray, onde sua tia-avó tinha uma casa na qual a família passava férias no feriado da Páscoa. A história é um mergulho nas memórias do rapaz, mas narrada como se fosse um sonho, com divagações, ondulações entre a realidade e a sua percepção, sensações desencadeadas pelo contato com a natureza, com a arte e com a literatura.
Em Combray o narrador realiza passeios diários, que podem seguir por dois caminhos: o de Méséglise que passa pela propriedade de Swann, e o caminho de Guermantes. O vizinho Swann é amigo da família e seu estilo de vida será modelo futuro para o herói proustiano, outra explicação para o "caminho de Swann".
Outro aspecto que se destaca na narrativa são os costumes da época, os hábitos dos dois círculos sociais de Swann: um cercado pela aristocracia e outro em que o amor e a arte se misturam e rejeitam qualquer outra forma de viver. Swann é atormentado por um amor doentio por Odette. A ambiguidade é representada no seguinte trecho: "A gente não conhece a própria felicidade. Nunca se é tão infeliz quanto se pensa" e um pouco depois "A gente não conhece a própria desgraça, e nunca se é tão feliz quanto se pensa".
Não foi uma leitura fácil, ao contrário! A escrita é densa e profunda, as ideias se misturam a ponto de deixar o leitor perdido em algumas passagens, como em uma sequência em que Swann observa alguns quadros e a cena é narrada como se ele fizesse parte de cada um deles. Fascinante, envolvente!
Quanto à edição, minha ressalva é para as notas de rodapé. Apesar de serem explicativas sobre fatos históricos e muitas obras artísticas citadas, muitas delas antecipam fatos que só serão revelados em outros volumes do livro, o que me parece completamente desnecessário.