Ana Luiza 04/03/2013
Resenha do blog Mademoiselle Love Books - http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br
Henaph é uma jovem anjo cuja missão é cuidar do Jardim do Éden. Entretanto, desde o início, sua missão não lhe parece o suficiente, ela se sente insatisfeita com o posto que tem. O Deus Hermes vai ao encontro de Henaph com o intuito de ajudá-la em sua missão, mas acaba confundindo ainda mais a anjo.
Henaph se apaixona por Hermes e, quando se entrega a ele, acaba perdendo sua imortalidade e sendo expulsa do Éden. Após passar longos dias fugindo, escondendo-se até mesmo na lua, Henaph é levada por Hermes para a Ilha de Creta, onde, como mortal, estará protegida.
Em Creta, Henaph conhece o príncipe, e futuro rei do lugar, Minos, um rapaz forte, bonito e muito amigável. A garota acaba se tornando amiga de Minos, mas ele, assim como ela, acaba sentindo um pouco mais do que isso. De início, Henaph tenta se convencer de que não gosta de Minos, mas, ao saber que Hermes, mesmo após ter jurado cuidar dela para sempre, irá se casar com a Deusa da persuasão Peitho, acaba dando mais atenção a o sentimento que está surgindo.
“Entre beijos encantadores e afeto recebido de modo incomparável, entreguei-me ao rei de Creta.” (Pág. 156)
O sentimento de Minos e Henaph continua se desenvolvendo, mas, o agora Rei de Creta já está comprometido. Mesmo que pretenda seguir em frente com seu casamento, Minos continua próximo de Henaph, também prometendo que, mesmo após se casar, protegerá e permanecerá ao seu lado durante toda a sua vida.
Henaph concorda em continuar apenas amiga de Minos, porque no fundo ainda nutre sentimentos por Hermes, o que é reforçado por algumas aparições do Deus. Hermes não abandou Henaph, ao contrário, continua sempre protegendo e tentando ajudá-la. Mas, ele continua tão enigmático como antes. Henaph fica cada vez mais confusa, pois não sabe o que Hermes quer dela e, principalmente, o que quer que descubra. Aparentemente, as coisas não são, ou mesmo aconteceram, exatamente do jeito que ela acha. Será que Henaph foi enganada, ou teria enganado a si mesma? Será que ainda existe uma chance dela recuperar sua imortalidade? E se tiver, a garota trocará seu amor por sua missão, como fez anteriormente, trocando a missão pelo amor? E falando de amor, quem Henaph realmente ama, Hermes ou Minos? E qual dos dois realmente corresponde esse sentimento?
“O céu nos abençoava após todo o Universo conspirar para o verdadeiro encontro de almas.” (Pág. 219)
“O Oitavo Pecado” traz para o leitor uma história envolvente e emocionante construída em cima da mitologia e cenários gregos. Eu sou uma grande fã da mitologia grega, por isso não pude deixar de ser envolvida e conquistada por essa bela história. Vargas fez um excelente trabalho, enlaçando sua própria trama com os velhos mitos gregos. A escrita um pouco rebuscada me pegou de surpresa no início, mas no fim ela se tornou bastante adequada para o livro, dando a trama um ar antigo, como se a história de Henaph tivesse sido criada junto com os mitos presentes no livro, e não nos dias de hoje.
Como já disse, a escrita rebuscada me pegou de surpresa, mas não deixou a leitura complicada ou mesmo pesada. A narração em primeira pessoa de Vargas requer um pouco mais de concentração, mas flui com facilidade e não é cansativa. Entretanto, achei que a autora abusou um pouco das vírgulas, muitas vezes, em frases que não necessitavam.
Assim como a trama, a autora soube criar personagens adequados aos cenários do livro, além de adequar os já existentes, como Hermes e Minos, a sua história. Henaph foi a minha personagem favorita, apesar de que me irritou em alguns momentos. Ela se mostrou bastante ingênua e imatura durante quase todo o livro, o que é de se esperar de um anjo recém criado, mas acabou que ela demorou demais para ver e entender aquilo que estava bem a sua frente, o que acabou me irritando. Hermes também foi um personagem legal, mas não sei porque ele não podia ter deixado o mistério de lado em alguns momentos e ter dado uma ajudinha extra para a pobre da Henaph. Minos também foi um amor de personagem, carinhoso, amigável e honesto. Esperava que ele fosse um pouquinho mais malvado, pois o vilão da história, um anjo do mal, não me conquistou e convenceu muito.
A editora também fez um ótimo trabalho com “O Oitavo Pecado”. A capa é linda e combina com a história. Adorei os detalhes do livro, como os desenhos a cada capítulo e as asinhas no número da página e no nome do capítulo. O tamanho da fonte e a cor amarelada das páginas deixaram o livro mais rápido de ler. Entretanto, encontrei alguns erros durante o livro, como falta de ponto e travessão em parágrafos que não eram falas, mas eles não chegaram a atrapalhar a leitura.
“O Oitavo Pecado” foi uma leitura prazerosa e surpreendente. Além de trazer uma bela história de amor, o livro nos faz refletir sobre as nossas próprias “missões” e como às vezes a deixamos de cumprir em troca de coisas mais prazerosas ou simplesmente por preguiça mesmo. Recomendo o livro a todos que gostam de mitologia grega e, claro, belos romances. Para quem não conhece muito de mitologia, uma dica que dou é pesquisar um pouco antes, assim, é possível entender a história completamente, além de saber onde termina os mitos gregos e começa a imaginação da autora. Falando nela, agradeço a Vargas pela oportunidade de ler o seu livro e espero ler, em breve, outras de suas obras.
“O egoísmo, geralmente não é percebido, pela pessoa em si, e sim, pelos atos em que ela pratica despercebidamente.” (Pág. 09)
Autora da resenha: La Mademoiselle
Resenha do blog Mademoiselle Love Books - http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br