Bruna Fernández 24/02/2012Resenha para o site www.LivrosEmSerie.com.brRetomando a história exatamente de onde ela parou no primeiro volume, O Castelo continua a nos contar as aventuras de Tal e Milla, dois personagens pouco prováveis de obterem sucesso em uma missão em conjunto. Tal é um Escolhido da Ordem Laranja que vivia tranquilamente com família dentro do Castelo até que seu pai some, sua mãe adoece e ele precisa sair em busca de uma Pedra-do-Sol. No caminho pra conseguir uma nova Pedra, Tal acaba encontrando um Espírito-Sombra maligno e cai da Torre que escalava para bem longe de seu lar. Então ele conhece Milla, uma Garota-do-Gelo e seus destinos são selados: Ambos devem sair em busca de uma Pedra-do-Sol (uma para cada), e a fim de consegui-las eles iniciam uma viagem para tentar voltar para o lar de Tal: o Castelo.
O início do livro mostra os jovens aventureiros na companhia das Donzelas Guerreiras, que estão ajudando Milla a se recuperar do ataque de Merwin que ela sofreu. Assim que ela se reabilita as Donzelas dão um mapa para os dois prosseguirem a viagem e conseguirem entrar no Castelo. Depois de vencer muitos obstáculos, Tal e Milla finalmente conseguem adentrar no Castelo, porém eles descobrem que entrar seria a tarefa mais fácil. Logo ao chegarem Tal leva Milla ao encontro de seu excêntrico tio Ebbitt, de longe meu personagem favorito os livros. Ele me lembra um pouco do Dumbledore, dos livros do Harry Potter: um senhor de idade, que muitos julgam estar/ser gagá, mas que na verdade possuem uma inteligência e conhecimento fora do commum. Achei impossível não me apegar ao personagem.
A escrita de Garth Nix é algo que me chamou muita a atenção ao ler esse segundo volume. Os livros dessa série são menores do que o tamanho “padrão” de um livro, a fonte é grande e são poucas as páginas, um pouco mais de duzentas. Entretanto a quantidade de ação e informação que o autor consegue passar nesse “pequeno espaço” é simplesmente incrível. Por já conhecermos as personagens, podemos ver agora como as ações de fora afetam elas. O maior exemplo disso é observar as atitudes do próprio protagonista, Tal. Ele mesmo, dentro da história, reconhece o quanto seus pensamentos mudaram apenas por ter saído do Castelo e ter conhecido um mundo lá fora (para os moradores do Castelo, ninguém pode sobreviver fora dele), admitindo pensamentos e desconfianças que antes seriam, para ele, incabíveis. Apesar de continuar o mesmo garoto em uma busca que parece impossível de ser cumprida, é claro o crescimento pessoal: Tal está mais corajoso e maduro.
Outra personagem curiosa de se observar no enredo é Milla. Em A Queda, vimos ela em seu ambiente natural, convivendo com seu clã e suas regras de vida, tendo que ora ou outra responder eventuais dúvidas de Tal sobre aquele mundo. Já em O Castelo a situação é inversa. O Castelo é o lar de Tal, ali as regras são dele. Não que Milla as respeite muito, ela ainda é um pouco rebelde, mas aos poucos começa a confiar mais em seu companheiro. Mas é engraçado ver a situação invertendo, Milla cheia de dúvidas e curiosidades e Tal – um “professor” muito mais paciente e explicativo do que ela mesma – na posição de sanador de dúvidas. Pouco a pouco o autor vai construindo um coleguismo e uma cumplicidade entre os dois jovens aventureiros que em outras circustâncias seriam inimigos eternos.
O enredo é simples, mas me envolveu por completo. Sem revelar muito, o autor nos faz questionar e imaginar o que pode estar acontecendo de tão errado dentro da hierarquia do Castelo. Deixando dicas aqui e ali, quase sempre nas falas de Ebbit, e com um ritmo fluente e um enredo repleto de aventura e fantasia, A Sétima Torre é uma ótima pedida para pessoas de todas as idades que adoram das asas à imaginação.