Caroline Gurgel 11/03/2014Vale cada nó na garganta, cada dor no peito, cada lágrima...A leitura dessa saga foi, de tudo que já li, a que mais me emocionou, me encantou, me fez chorar, me fez sentir, me fez sofrer. A autora é, sem dúvida, uma aficionada por drama e sabe como levá-lo ao extremo com maestria. Escreveu a história de amor mais bonita, forte e inquebrantável que já li e me atrevo a chamá-la de épica.
A história de Tatiana e Alexander começa em
O Cavaleiro de Bronze, no início da Segunda Guerra Mundial e passa por todos os horrores que uma guerra pode trazer, mas também passa pelos dias em Lazarevo. Sim, Lazarevo, para sempre Lazarevo! Continua no segundo livro,
Tatiana and Alexander, que é um verdadeiro calvário, uma travessia de pedra, uma luta sem fim em uma guerra que parece não acabar. E finalmente temos o terceiro livro,
The Summer Garden, com um desfecho além de sublime.
Comecei a leitura de
The Summer Garden pensando que, enfim reunidos, teríamos a felicidade de
Tania e Shura estampada nas linhas de cada página, como se fosse um grande epílogo. Eu estava errada, muitíssimo errada! Os primeiros 25% da leitura foram torturantes, excruciantes, formou um nó que não desatava na garganta e me fez fechar - e pausar - o livro várias vezes.
O que acontece quando você passa quase dois anos sozinha em Nova York com seu filho, pensando que seu marido estava morto e de repente (não tão de repente assim) ele está ali, maltratado pela guerra? O que acontece com um casal que só viveu seu amor diante das atrocidades da guerra, que só viveu na constante aflição, na separação, no medo, na dor, na angústia? Um amor que suportou e superou a guerra consegue superar facilmente um dia a dia comum, não é?
Não! Não com um Alexander cheio de cicatrizes abertas, não com um Alexander que pensa que já não é tão bom, já não é tão bonito, já não é merecedor... não com uma Tania apavorada em dúvidas, não com uma Tania também desconfiada em já não ser tão boa, não com uma Tania já adaptada à América... Repito, foi excruciante! A autora poderia ter ido pelo caminho simples, pelo oba-oba, pelo previsível, mas não...ela escolheu uma maneira extremamente dolorosa, porém completamente crível.
Para ler essa história é preciso ser paciente, pois a Paullina Simons não atropela as minúcias do cotidiano e com isso faz-nos íntimos dessa família, faz-nos sentir cada dor, cada alegria, cada angústia. Faz-nos participar de cada decisão, vibrar com cada vitória, faz-nos temer a Guerra Fria que pairava no ar. Entendo que alguns trechos podem incomodar as mais feministas, mas devemos ter em mente a época e o contexto. É uma história de amor e não um manual do que é certo e do que é errado em um casamento. É uma história de amor de dois personagens que tentam esquecer os dias de terror e as pessoas que ficaram pra trás.
Em alguns trechos me perguntei se a autora precisava se estender tanto, entrar em tantos pormenores, em tantas cenas e memórias, mas depois pensei: a vida real não é feita em tópicos, e certamente foram os detalhes que deixaram essa história tão plausível, quase palpável. Porém, confesso que os flashbacks da infância de Tania em Luga foram um pouco entediantes e não senti tanta necessidade deles.
Se nos outros livros chorei, aqui solucei, me angustiei, e precisei estabelecer o
critério de só interromper a leitura em uma
parte sem dor, em uma
parte feliz. Devo dizer que sob esse critério, um dia parei às 6:30 da manhã de um sábado, com o sol em minha janela. Aos 66% da leitura eu senti aquela dor insuportável como se fosse minha...
Ah, mas então por que ler uma série tão dramática?
Porque vale cada lágrima! Já disse isso sobre os livros anteriores e aqui repito, os romances históricos tem um poder que os livros de história jamais terão. Fazem-nos entender os fatos como se os tivéssemos vivido e isso é fantástico. Além de todo o panorama histórico, Alexander e Tatiana nos deixa ensinamentos, nos mostra que quando algo está quebrado não se deve jogar fora e sim consertá-lo. Tania e Shura nos mostram que o amor é capaz de tudo, e quando há amor, há solução, há conserto. É nesse livro, até mais do que nos outros, que o amor vence, que transborda todos os limites.
Não consigo separar um livro do outro, dizer qual o melhor, pois são magníficos, se completam e seus personagens ficarão marcados para sempre em mim. Recomendo com todas as letras! Bravo, Mrs. Simons! Bravo!
Lido em: 19.12.2013
+
Favorito
Update: 11.03.2014
Leitores, esse livro não é um conto de fadas no qual em um passe de mágica a Cinderela ganha sapatinhos de cristal e uma abóbora se transforma em uma linda carruagem. Não. É doloroso, é uma caminhada árdua em um período de pós-guerra, um período onde todas as mulheres que trabalharam durante aqueles voltaram para seus lares, para cuidar de suas famílias. Foi um período em que faltou enfermeira nos hospitais, faltava criança nas ruas e a taxa de suicídio dos veteranos era alta. Não podemos considerar a história dessa família como se ela tivesse ocorrido no século XXI. E por que digo isso? Para que essa percepção não saia da cabeça do leitor enquanto estiver lendo e para que se encantem incondicionalmente por essa história fantástica. Ainda sorrio quando me lembro do desfecho primoroso que a Paullina criou. Belo! Belíssimo!
** Os comentários abaixo são impossíveis de serem feitos sem SPOILERS,
já que o livro passeia por quase todo o século XX. Se não leu o livro, não leia os comentários abaixo
Como não amar um Ant pequenino, defendendo sua mãe sem nem perceber? E seu pavor quando ouvia o nome Vicki, temendo ser abandonado novamente? Como não se angustiar com o Ant quando viu que sua mãe estava prestes a fazer algo ruim? Como não sofrer com um Anthony adulto no Vietnã e como não chorar quando seu pai o encontra naquele estado? Adorei que a autora fez do Anthony uma cópia do pai, e achei super crível a aceitação do que lhe aconteceu, tendo em vista sua própria infância.
Estive ao lado de Tatiana em sua vontade de trabalhar, mas quis matá-la quando aceitou trabalhar nas sextas-feiras à noite, deixando um Alexander descontente e sozinho... Quis matar o Alexander por ele não ter escutado a opinião de Tatiana sobre seu empregador e mais ainda em uma certa cena com uma certa Carmen. Mas como não perdoá-lo, como não entendê-lo? Afinal, ele reagiu, ele recuou, e isso, sim, fez dele forte. A dor desse trecho machucou e mais uma vez me derramei em lágrimas. Muitas.
Jamais imaginei que a autora fosse atravessar todo o século e, de fato, fosse criar um final para o casal. Se tem algo que esse livro não é, é previsível. E o Dia de Ação de Graças? Quanta perfeição naquelas páginas! Pude sentir a alegria de uma grande família, com seus filhos e netos. A autora descreveu as cenas tão bem que era como se eu pudesse ouvir as risadas e o barulho das crianças correndo, como se eu pudesse sentir o cheiro na cozinha, como se eu pudesse sentir o orgulho que a família sentia de Tatiana e Alexander. Foi como se eu tivesse visto com meus próprios olhos, pela primeira vez e como se fosse aquela neta, as fotografias escondidas do casamento naquela igrejinha de Lazarevo. E, pra finalizar com chave de ouro, um banco, um sorvete, uma rua a ser cruzada por um Alexander apaixonante, para uma Tania encantadora...
Sublime!