Resenhas - A Redoma de Vidro

Paulo.Ratz 16/08/2022

Eita!
Há vários anos que vinha pensando em fazer essa leitura, desde antes de criar o canal, inclusive. E ao descobrir a facilidade de ouvir o audiobook em português achei que era a hora.

Que porrada! Eu já sabia que a autora tinha se suicidado depois de concluir a escrita, mas não imaginava que me veria tanto na descrição que ela faz sobre a depressão. Entendo completamente a sensação de ter todas as razões para estar bem, mas algo te impedindo de conseguir.

O livro tem alguns momentos com nada muito relevante acontecendo e que pode ser de leve entediante, mas acho uma forma muito interessante de conhecer a autora e entender melhor como a doença trabalha.

Serena 01/02/2010

Esther Greenwood vivia na redoma que a sociedade criara para ela, a princípio tentou moldar-se ao esperado de uma jovem tão brilhante. Mas quando não se reconhece aquele alguém refletido no espelho, e o maior pesadelo é não poder fugir dos próprios muros, a insanidade parece ser o último folego daquilo que ainda se chama, eu.
Esther foi o que Plath queria salvar de si, e não salvou.

"A batida do meu coração retumbou
como um tambor na minha cabeça.
Eu sou, eu sou, eu sou."
[Sylvia Plath - A Redoma de Vidro]

Marlonbsan 24/08/2021

A Redoma de Vidro
Alerta para possíveis gatilhos.

Esther Greenwood sai dos subúrbios de Boston para uma prestigiada universidade para moças, de lá para um estágio em uma revista feminina em Nova York. Portas são abertas para uma vida social badalada, mas isso gera reflexões e situações que são gatilhos para uma crise.

O livro é narrado em primeira pessoa e traz os acontecimentos que ocorrem com Esther, assim conhecemos a fundo seus pensamentos e atitudes, a linguagem é simples e bem fluída.

Existe uma diferença muito grande entre a primeira metade do livro e a segunda, já que a construção inicial não condiz tanto com a seriedade apresentada na segunda metade. Por isso senti mais dificuldade em prestar atenção na reta final da leitura. Até porque o início já não prendeu tanto assim.

O livro trata de temas importantes e bem delicados, mas ao mesmo não senti um peso tão grande com os acontecimentos por conta das situações narradas, assim como a relação sobre alguns assuntos pertinentes à época, que não faz me aproximar tanto da narrativa.

Mas Sylvia Plath mostra uma capacidade muito boa na forma de contar, já que Esther possui uma personalidade bem definida e segue com suas ideias e pensamentos ao longo da história que é bem interessante, tem nuances, reflexões e percepções sobre a vida e as pessoas. Há todo um debate sobre encontrar um lugar e escolhas de vidas, além de todo amadurecimento e o relacionamento com as pessoas.

Há algumas abordagens preconceituosas inerentes à época que gera certo incomodo, mas que consigo entender como parte do contexto, mas de qualquer forma acho interessante mencionar.

Taina.tas 02/12/2020

A redoma de vidro
eu realmente quero poder abraçar a Sylvia Plath e agradecer.
um livro intenso, com uma escrita tão fluida e bem detalhada que me fez esquecer de respirar.
eu tive momentos na minha vida onde parecia que o mundo tinha me engolido e eu estava perdida no meio de tudo isso. eu só queria que tudo simplesmente parasse. e bem... eu tentei acabar com tudo. bem mais de uma vez.
esse livro me fez aceitar que está tudo bem, que você pode melhorar, que muitas vezes a sua mente é a sua maior inimiga, que a redoma vai tentar te destruir.

Sou eu. Sou eu. Sou eu.

Se lembre e sinta.

enquanto eu lia era como se a autora colocasse uma manta quentinha em volta de mim, me desse um abraço apertado, segurasse a minha mão e falasse: "eu estou aqui com você, eu venci, você também"
mas infelizmente a Sylvia não saiu da redoma. ela se suicidou.
mas salvou tudo que queria de si mesma na Esther, e eu quero isso também.

Ps: " Depois que Doreen foi embora, fiquei me perguntando por que eu não conseguia cumprir as minhas obrigações até o fim. Isso me deixou triste e cansada. Então me perguntei por que também não conseguia deixar de cumprir as minhas obrigações até o fim, do jeito que Doreen fazia, e isso me deixou mais triste e cansada ainda."

-Koraline 17/10/2022

A Redoma de Vidro traz uma narrativa muito sensível sobre depressão e tentativas de suicídio, as vezes com cenas um pouco confusas, mas que são propositais e só abordam de forma ainda mais empática as consequências dessa doença, porém, achei alguns pontos um pouco desconexos, por exemplo, metade do livro aborda basicamente a vida amorosa da personagem e suas amizades da faculdade, sem necessariamente ter um ligação com o restante da história. Outro ponto é a distribuição temporal, na primeira metade do livro o tempo discorrido é bastante definido, mas depois eu passei a não fazer ideia de quanto tempo durou seu período depressivo nem o tempo de tratamento, parece que semanas ou até meses se passavam em que a personagem sofria de alguma mudança, sem que o desenvolvimento disso fosse sequer mencionado. Enfim, apesar das ressalvas, é uma leitura muito boa.

Lice 02/03/2022

Quase uma biografia da autora
?   O livro é um romance não romântico sobre a vida de Esther. Esther sai do suburbio pra trabalhar em uma revista de moda em Nova York dando de cara com uma vida repleta de responsabilidades e frustrações. No decorrer da narrativa iremos ver muito sobre as reflexões da personagem e também sobre suas decepções e questões mentais.

? "Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê m*rto, o mundo inteiro é um sonho ruim"

?   Assim como quase todo livro sem plot, a narrativa nos leva muito a refletir sobre as pessoas e a sociedade. Principalmente sobre quetões relacionadas a depressão, o papel da mulher na sociedade e s*icid1o (alerta de conteúdo forte). Foi triste também refletir sobre como as questões mentais eram vistas pela sociedade. E também gostei bastante de ver a relação da personagem com as questões de maternidade.

? "Me ocorreu que era estranho que nunca tivesse me dado conta que eu só tinha sido completamente feliz até meus nove anos de idade"

?   A narrativa é extremamente fluída e a personagem principal é cativante, creio que principalmnete por sua complexidade. A autora conseguiu trazer uma certa "leveza" mesmo abordando temas tão pesados.

? "Muitas pessoas me tratariam com certa distância ou me evitariam como se eu fosse uma leprosa" (visão da sociedade sobre doenças mentais)

?   O livro foi publicado em 1963, semanas antes da autora cometer s*icid1o. Esse contexto é essencial pra compreender melhor o livro e sua complexidade. É uma leitura muito interessante de se fazer. Recomendo bastante mesmo sabendo que não vai ser todo mundo que vai gostar.

Pam 28/02/2022

"Sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado."
Não é um clássico à toa, né? Comecei A Redoma de Vidro sem saber nada sobre ele, inicialmente achei que ele seria apenas um livro relatando as vivências e dificuldades da vida da mulher, mas ele é muito mais do que isso, é um retrato perfeito de depressão, além de conter diversas críticas em relação a como encaramos esses problemas mentais, dentre outras coisas.

Acompanhamos a Esther Greenwood, uma jovem que está iniciando sua vida profissional na cidade de Nova Iorque. Ela tem que lidar com todas as dificuldades da vida do jovem adulto: a solidão, o medo do desconhecido, as incertezas, a vida social abalada, as sobrecargas e responsabilidades. No meio disso tudo, aos poucos vamos observando a Esther caindo num quadro depressivo mais forte, até que ela tem um colapso. Nos relatos da vida da protagonista, a Sylvia Plath sempre consegue encontrar espaço pra apontar críticas ao machismo e também do preconceito que as pessoas têm com a depressão, cada reflexão é boa demais de se ler.

Os relatos da Esther caindo na depressão profunda além de retratarem perfeitamente os sentimentos de uma pessoa com essa doença, também mostram a forma como as pessoas ao redor reagem (por exemplo, a mãe e o terapeuta). As situações são tão realistas que chegam a doer. Ver os tipos de tratamento a que ela foi submetida também traz cenas muito fortes. Saber que esse livro é basicamente uma autobiografia da Sylvia Plath deixa tudo mais dolorido. O livro é bem escrito e adequado porque ELE É REAL, mas isso faz com que cada sofrimento que a Esther passa se torne mais pesado: a história é fictícia, mas aponta vivências reais, não só da autora, mas de tantos outros que viveram e ainda vivem com essa doença.

A forma como a Sylvia Plath descreve o estado mental da Esther é tão forte que você carrega as dores ali com a personagem. Desde a apatia até os momentos de tristeza e frustração, é um livro que te envolve. Você se sente preso sob a redoma de vidro junto com a Esther. É sufocante.

Esse é um daqueles livros que eu sinto que eu jamais conseguirei fazer uma resenha que chegue aos pés dele. Apenas leiam. Procurem gatilhos antes (não postarei aqui porque seria spoiler), é bem pesado, mas me envolveu de um jeito único, jamais esquecerei dessa história.

isapoirot 14/01/2022

bom demais, amo uma melancolia rs.
so tirei uma estrela pelas questões de raça e etnia que foram tratadas de uma forma esquisita (e eu sei que a época era outra, mas mesmo assim).
não é um livro perfeito, mas é um favorito. quero ler tudo oq essa mulher já escreveu pra ontem

Jorlaíne 18/04/2023

Um livro angustiante!
A redoma de vidro é uma autoficção que representa a vida da autora em meio à depressão e às tentativas de suicídio.
Um livro com uma escrita muito fluida. A forma como ela vai descrevendo suas crises e os tratamentos aos quais ela foi submetida é extremamente angustiante.
Gostei muitíssimo da leitura e ao mesmo tempo me senti muito mal com o que estava lendo.
Um livro atualíssimo, infelizmente!

Cixie 01/06/2023

Emocional e especial.
Alerta de gatilhos. Se informe antes de ler esse livro. - Nunca é demais falar sobre saúde mental!
Depressão é uma doença, e é importante buscar ajuda. Você merece. -

Pra mim esse livro foi um retrato honesto e emocionante de uma pessoa lutando com suas próprias doenças mentais e pressões sociais.
Não há romantização do sofrimento, mas uma sinceridade dilacerante e sem enfeites de como é a vida de alguém que não deseja mais viver.

Infelizmente, a autora não teve um final feliz na sua vida pessoal. Mas que sua arte viva, trazendo conscientização sobre a importância de buscar ajuda e ter uma segunda chance.

Amanda Vaz 01/10/2020

Difícil e doloroso
Não tivemos a oportunidade de conhecer a Esther de antes, como a própria personagem se refere em dado momento, adentramos na vida dela quando os sinais já estão lá - a incapacidade de concluir tarefas, o desinteresse pelas coisas, e é dificílimo acompanhar como esse estado vai se deteriorando. Além disso, Esther levanta questões importantíssimas sobre os conflitos de ser mulher, e embora o livro seja lá da década de 60, é extremamente atual nesses aspectos. Destaco ainda a maestria com a qual a Sylvia Plath descreve esses conflitos, somando-se aos conflitos internos de alguém que não está em equilíbrio consigo mesmo. Alguns trechos da história podem soar confusos, como os cortes de um momento a outro, mas vejo isso como proposital e um ponto positivo da narrativa, outros são tão dolorosos que fazem necessário colocar a leitura em pausa, e é, no entanto, tudo isso que faz com que a experiência seja tão sentida.

"Mas eu não tinha certeza. Eu não tinha certeza de nada. Como eu poderia saber se um dia ? na faculdade, na Europa, em algum lugar, em qualquer lugar ? a redoma de vidro não desceria novamente sobre mim, com suas distorções sufocantes?" 

Bdoida 19/01/2024

Descobrimento
Nunca tinha lido nada parecido com o assunto do livro, foi um momento de descobrimento e inteligência pessoal, compreender o sentido de uma mulher e seus interesses é um assunto recorrente, e por mais que o livro seja de 1963 ainda é possível perceber os mesmos preconceitos e cobranças com as mulheres de antigamente e as atuais.
Me senti acolhida e confusa , não entendia nada que a personagem pensa, senti um certo egoísmo e futilidade em suas falas , coisas que muitas vezes se passa na nossa mente , porém sem termos coragem de enfrentar ou descobrir o porquê, só sinto que Ester é um exemplo de superação e de que você precisa focar em si e na sua carreira , mesmo que as condições sejam difíceis ou complicadas mentalmente .
Porém como dizia o provérbio italiano ? compre um bilhete ?.
A questão da depressão foi reveladora , algo tão difícil de se descrever pode ser desabrochado ao decorrer de quase 200 páginas, sinto que agora entendo de verdade como deve ser difícil e desafiador para os que passam.