Bárbara 17/01/2013
Resenha - O pequeno filósofo
CHALITA, Gabriel. O pequeno filósofo. – São Paulo: Globo, 2011. 115 página
Em sua mais nova obra de ficção, O pequeno filósofo, Gabriel Chalita, pensador, professor e escritor, presenteia seus leitores com uma belíssima história ao gosto das reflexões filosóficas.
O enredo concentra-se na ação de dois personagens principais: o próprio narrador, um homem adulto, e um menino, o pequeno filósofo. Juntos esses dois personagens embarcam em uma viagem de trem visitando diversas estações que metaforicamente representam as estações da vida com suas alegrias e dissabores.
À cada estação visitada, o narrador faz uma nova experiência de aprendizado, sempre com o auxílio do pequeno filósofo, que traz em suas leves e fecundas palavras a simplicidade da verdadeira sabedoria.
Através dos diálogos socráticos* com o pequeno filósofo e da vivência em cada estação, o narrador-personagem vai resgatando as memórias do seu subconsciente, redescobrindo as razões de sua existência, curando os seus traumas, vencendo seus bloqueios psicológicos mais profundos e liberando as emoções encravadas em sua alma.
Com uma linguagem leve e eficaz, Chalita alcança, na recente obra, o clímax de uma reflexão a cerca das angústias humanas, conduzindo os leitores a uma catarse. Seu texto leva o leitor a uma viagem pelo próprio subconsciente, como nos sonhos. E assim como num sonho, quando dele acordamos (terminamos a leitura), voltamos renovados ao solo de nossas realidades.
Embora esteja classificada como literatura infanto-juvenil, O pequeno filósofo, obra maestralmente ilustrada por Thais Linhares, é leitura obrigatória para todos os amantes do exercício filosófico. Não há contra-indicações.
* Sócrates costumava iniciar uma discussão sobre algo com uma pergunta, que obtinha opiniões de seu interlocutor, que ele primeiramente as aceitava. Depois, por meio de perguntas e respostas, mostrava o contraditório ou absurdo das opiniões originais, levando ao interlocutor a reconhecer seu desconhecimento sobre o assunto. Esta primeira parte do método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a ironia. Depois, continuando o diálogo, e partindo da opinião primitiva do interlocutor, constrói com o interlocutor o conhecimento daquilo que se discute. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a arte de fazer nascer as ideias. É este o método que encontramos amplamente desenvolvido nos diálogos socráticos de Platão, onde a verdade nasce da discussão e não de uma "verdade" anterior afirmada. - http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1logo_socr%C3%A1tico
Por B.M.N.P 14/01/2012