Sueli 01/09/2016
A Nora Roberts Esqueceu do Big Brother!
Em minha opinião, Criação Mortal foi o volume que mais sofreu os efeitos da enorme defasagem entre o lançamento em seu país de origem (2007) e no Brasil (2016), já que Nora, em suas projeções futurísticas, não imaginava que os avanços tecnológicos seriam mais rápidos do que os imaginados por ela.
Portanto, todo o arco policial, tão bem construído por Roberts, cai por terra, pois fica impossível esquecer que nos dias atuais grande parte da população mundial possui um smartphone capaz de dar a localização aproximada, sempre que necessário. Imagine então, em 2059/60 e, em Nova York!
O romance “1984”, de George Orwell já previa tudo isto para bem antes...
As ruas e avenidas das grandes metrópoles mundiais já possuem sistema de monitoramento por câmeras hoje em dia, o que dirá em 2059/60. Então, caro leitor, como tem acontecido com frequência nos romances da minha adorada Nora Roberts a parte policial ficou muito prejudicada.
Outro fator que tem me causado imensa angústia é o fato de Nora atribuir às suas heroínas características de quase superpoderes. Senão, vejamos – Eve Dallas passa o tempo todo da sua investigação sem dormir ou comer, ou se o faz é muito raramente e de forma insuficiente, e olha que a “Tenente Docinho” trabalha sem parar, briga com todo mundo, dá entrevistas, corre de um lado para o outro, faz amor como se não houvesse amanhã com seu marido gostosão, e tudo na base do cafezinho e umas pílulas milagrosas...
Aí, você deve estar achando que eu não gostei do livro, não é mesmo?
De maneira nenhuma! Eu adorei!!!!!!
A Série Mortal é a minha favorita de todos os tempos, e isso não vai mudar, pois amo seus personagens, e confesso que acompanho com grande ansiedade, muito mais para saber do andamento de todos eles, do que pelo suspense em si.
Roarke, como sempre dá show de elegância, inteligência, romantismo, e todas as coisas que se tornaram raras nos dias atuais. Eve continua azeda, mas a cada volume novas brechas permitem que um lado mais suave dessa mulher-guerreira seja mostrado.
Enfim, um livro com alguns defeitos e com um mínimo de acréscimo para quem acompanha a rotina desses personagens icônicos.