Amandha 18/01/2012
Li em algum lugar na internet que câncer é o novo vampiro(em se tratando de modinha). Pode até ser - com o livro Before I Die sendo adaptado pro cinema, o filme 50/50 do Joseph Gordon-Levitt, e vários outros livros com esse mesmo tema. Mas nenhuma deles será como TFIOS, e isso eu posso garantir.
O livro é, antes de mais nada, brutalmente honesto. Nada de açucarar o sofrimento de quem tem câncer, ou transformar os personagens em mártires. Eles são apenas adolescentes, que amadureceram mais rápido como consequência da consciência da morte. Mas esse livro não é SOBRE câncer, entendem? ele não é nem sobre jovens que tem que superar essa doença tão arrasadora, e não é sobre como lidar com o câncer. Como a Hazel diz, câncer é um efeito colateral de estar morrendo. E sobre essa história de transformar os doentes em heróis? bom, a Hazel e o Augustus fazem piada desse tipo de coisa o livro inteiro.
Algumas pessoas criticaram o diálogo do livro - pois todas as conversas são extremamente maduras, elaboradas e conscientes e por isso, incoerentes com a idade dos personagens. A princípio eu até concordei, mas daí parei e pensei: eu já li livros YA, já livro para adultos, já li de tudo. E livros para adultos nunca foram mais sábios ou realistas do que YA, pelo menos não na minha experiência. Não vejo como adicionar 10 ou 20 anos pra cada personagem faria mais sentido. A forma como a Hazel e o Augustus conversam é como eu gostaria de falar, mas se eu falasse como eles as pessoas me olhariam como se eu tivesse crescido uma segunda cabeça. E então eu parei e pensei de novo: por acaso eu conheço alguém mais velho que fale ou pense como eles? e a resposta é não, eu não conheço.
Tudo isso pode parecer confuso, mas eu garanto que se você ler qualquer livro do John Green, vai ficar bem claro do que eu estou falando. É o tipo de livro que alguns podem chamar de pretensioso, mas a verdade é que livros como esse não existem para mostrar como adolescentes são - eles servem para mostrar o potencial das pessoas.
Comecei TFIOS logo após acabar Clockwork Prince, e o meu estado era: drenada de qualquer lágrimas, com uma bomba no lugar da cabeça. Mesmo assim, não poderia ficar descansando com a possibilidade de ler esse livro tão perto de mim. Só que é um fato, com dor de cabeça eu NUNCA choro, por mais trágico e incrível que uma história seja, mas… de repente eu me vi chorando em TFIOS, e eu não conseguia mais parar, e acredito que em algum momento do livro todo mundo chora como eu chorei: feito uma louca desesperada.
John Green criou esses personagens incríveis; a Hazel Grace Lancaster, que eu me identifiquei imediatamente quando ela começou a falar coisas do tipo “meu melhor amigo é um escritor que nem sabe que eu existo”. Augustus Waters é tão incrivelmente não-perfeito que isso só torna ele melhor ainda aos meus olhos. Fiquem esperando pela cena do avião, onde ele fala uma das coisas mais fofas de todos os tempos.
Mas melhor ainda do que esse dois personagens separados, é eles juntos; não se preocupem com um livro muito focado em romance, NÃO É O CASO. Ele vai muito além disso, acreditem. E não podia deixar de mencionar, é claro, mas eu me desmanchava numa poça de geleia sempre que ele fazia referência a coisas normais, tipo America’s Next Top Model, livros e escritores, filmes como V de Vingança e 300. Eu sei que isso parece besteira, mas eu acredito que grande parte do que nos faz nós é as coisas que nos interessam, e tantos autores esquecem dessas coisas! Os livros simplesmente não mencionam muito gostos e preferências, sejam elas musicais ou literárias ou de jogos, não importa. E por isso, mais um ponto pro John Green(como se ele precisasse).
Ah é, eu não preciso dizer que recomendo, né?
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