Lina DC 06/05/2017O livro é narrado em primeira pessoa por Samantha Kingston, a Sam, que conforme a sinopse explica, é uma jovem que tem tudo o que poderia imaginar. É uma das garotas populares na escola, seu namorado é cobiçado pelas outras alunas e tem três amigas inseparáveis. Porém, por trás dessa "perfeição" existem diversos problemas que Sam nunca iria parar para analisar, se não sofresse um acidente e morresse. E acordasse reiniciando seu último dia. De novo. E de novo. E de novo. Por sete vezes.
"A questão é: você não tem como saber. Você não acorda com uma sensação estranha no estômago. Não vê sombras que não existem. Não se lembra de dizer a seus pais que os ama ou - no meu caso - nem mesmo se despede deles." (p. 10)
Cada vez que reinicia o dia ela tenta mudar algo, com a esperança de que consiga assim, evitar sua morte. Mas cada tentativa acaba causando um efeito ainda mais devastador e a jovem precisa entender o significado viver para seguir em frente.
O enredo do livro em si não tem muitas novidades e alguns podem até chamar de clichê. A garota popular que só percebe que é malvada quando se ferra e aí tenta fazer a sua boa ação. Acontece que o que se destaca no livro é a forma como Lauren Oliver o escreveu. Em primeiro lugar, a sua escrita é fascinante, tem algo na forma como ela constrói o texto que deixa o leitor preso em suas palavras. Porém, o outro destaque é o clichê em si. Afinal, quem não gostaria de ter a oportunidade de mudar algo em sua vida, algo que fez ou deixou de fazer. Quem não tem um arrependimento?
"O que estou querendo dizer é: talvez você possa se dar ao luxo de esperar. Talvez para você haja um amanhã. Talvez para você haja mil amanhãs, ou três mil, ou dez milhões, tanto tempo, que você possa nadar nele, deixar rolar, deixá-lo cair como moedas entre os dedos. Tanto tempo, que você possa desperdiça-lo, Mas, para alguns de nós, há apenas o hoje, E a verdade é que nunca se sabe quando chegará a sua vez." (p. 200)
Nesses sete dias que Sam revive o dia 12 de fevereiro, ela provavelmente viveu mais intensamente, aproveitou mais cada pequeno detalhe que em toda a sua vida. Ela passou mais tempo com Izzy, sua irmãzinha oito anos de idade, que tem um pequeno problema de dicção e um gosto duvidoso de roupas, mas que defende sua individualidade a todo custo; observou seus pais de perto, percebendo nos pequenos atos, nas pequenas trocas de afeto e em seus olhares o quanto os dois se amam; finalmente compreendeu as inseguranças das amigas populares e entendeu suas ações. E ao entender suas ações, percebeu a necessidade de perdoar e ser perdoada e finalmente enxergou o amigo de infância, que se tornou "excêntrico", mas que tem uma percepção mais apurada do que os demais adolescentes.
"Ao sair do ginásio penso em como as pessoas são estranhas. Você pode vê-las todos os dias - e pensar que as conhece - e depois descobrir que não conhece nada. Sinto-me completamente animada, como se estivesse girando em um redemoinho, circulando ao redor das mesmas pessoas e dos mesmos acontecimentos, mas vendo as coisas a partir de ângulos diferentes." (p. 121)
Outros temas importantes também são discutidos no livro, como o impacto do bullying nas vítimas, o consumo excessivo de álcool e drogas entre os jovens e a alta taxa de suicídio entre eles. Todos temas importantes e impactantes em nossa sociedade.
Essa nova edição traz alguns extras, como duas histórias do universo "Antes que eu vá": "No começo" que mostra como Sam e Lindsay tornaram-se amigas e "Dezesseis" que mostra a festa de aniversário de dezesseis anos da Sam e como suas amigas fizeram de tudo para que seus desejos fossem realizados. Temos também uma entrevista com a atriz que fará o papel de Sam nas telinhas e com a diretora da adaptação.
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