VerAnica 28/04/2024Anaïs é fantásticaEsse é o último volume dos diários publicados no Brasil e eu já me sinto órfã. Ler os diários de alguém é como ter amplo acesso à cabeça e aos sentimentos da pessoa, e a Anaïs é uma personagem de uma complexidade fascinante. Nesse volume, ela inicia o relato quando da sua estadia em Nova York trabalhando como psicanalista e livre das amarras de qualquer relacionamento. Embora o Henry estivesse também em Nova York, a conexão entre eles era despreendida de cobranças relativas à fidelidade. Depois que ela retorna à França, inicia-se um período de insatisfação pessoal que só vai terminar quando ela conhece Gonzalo Moré, um comunista peruano que abala as estruturas do seu cotidiano. E a relação da Anaïs com a instabilidade política da época é muito interessante de ser lida. Além da contradição entre amar Gonzalo e odiar seu envolvimento politico. Ela escreve em algum momento que "não acredita em revoluções, apenas na salvação individual" e eu me peguei muito pensativa sobre isso. No fim, Anaïs está fazendo o que faz de melhor, amando e sendo amada por 3 homens, os quais ocupam papeis totalmente diferentes na vida dela. Hugh é o pai, o provedor que permite que ela seja ela mesma. Henry é o grande amor de Anaïs, o homem com quem ela tem imensa conexão mental. E Gonzalo é a vida, ou como ela mesma disse, é o fogo que mantém acesa sua chama.