lAvia 31/12/2022
Cai o pano
na contra-capa do livro, o jornal The Sunday diz que "Cai o pano" tem um final "assombroso". acho que o adjetivo é exatamente a palavra apropriada para descrever o desfecho da carreira (e da vida, já que o próprio deixa claro que está se aproximando da morte) de hercule poirot.
a história se trata de um dos mistérios mais intrigantes que já tive o prazer de testemunhar na ficção. lá, quase no fim do livro, qualquer um pode pensar que as respostas não são dadas de graça. alguns talvez até acreditem que não haja respostas a serem dadas, no entanto. mas a verdade mesmo é que todas as respostas estão ali, só não onde (e como) você espera que elas estejam. agatha christie prova (não que fosse necessário, claro) mais uma vez que é sim merecedora do título de "rainha do crime" e que ninguém sabe escrever um "whodunnit" como ela. ela intriga, instiga, provoca e convida o leitor (aqui através de arthur hastings, amigo fiel do detetive e parceiro nessa investigação) a observar e analisar os fatos, focando menos nos detalhes e dando maior atenção ao quadro geral, entrando na cabeça do criminoso (e que criminoso não-convencional! uma surpresa agradável dentro do gênero, com certeza) e compreendendo como suas ações ocorrem e quais são suas possíveis (ou a falta de) motivações.
"Cai o pano" é uma despedida mais do que digna ao belga de bigode charmoso que sabe o desfecho dos crimes antes mesmo que eles aconteçam. triste mesmo é saber que é, de fato, uma despedida. ainda bem que é possível revisitá-lo quando quisermos.