O homem ilustrado

O homem ilustrado Ray Bradbury




Resenhas - O Homem Ilustrado


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torello 10/03/2022

Meu Deus, que livro é este? A voracidade e a visão de mundo que Ray Bradbury possui é no mínimo chocante... Este homem é definitivamente um dos maiores escritores que tivemos. Ele constrói todo o livro em torno de uma situação e nos faz figuras também do Homem Ilustrado, proporciando diversas reflexões sobre a atual sociedade...
Eu adorei!!!! Só achei alguns contos arrastados, entretanto outros estavam impecáveis. Simplesmente Ray Bradbury.
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Coruja 28/01/2021

Eu estava há tempos de olho em O Homem Ilustrado, talvez um dos livros mais lembrado quando se fala em Ray Bradbury - junto com Fahrenheit 451 e Algo Sinistro Vem Por Aí. Ano passado ele saiu numa bela edição da Biblioteca Azul e não tive dúvidas de ir atrás, ansiosa por juntá-lo aos outros títulos do autor que tenho na estante.

Bradbury tem uma mistura de linguagem lírica extremamente evocativa e comentário social implícito que muito me atraem. Suas histórias respiram muito do clima político da década de 50 e do medo da guerra nuclear - estávamos, afinal, no auge da Guerra Fria -, mas sua percepção desses problemas continua tristemente atual. Os avanços e abusos da tecnologia, censura e perseguição governamental, imperialismo cultural, racismo e segregação são todos temas que surgem entre esses contos e que rendem muita reflexão.

O Homem Ilustrado tem uma narrativa em moldura, começando com um jovem conhecendo o personagem do título, cujas tatuagens, espalhadas por todo seu corpo, têm o poder de contar histórias e até mesmo prever o futuro. Cada um dos dezoito contos que surgem na sequência é o enredo dessas tatuagens e eles vão de situações absurdas a cenas bem prosaicas; do fim do mundo a infinitas viagens espaciais, da completa perda de fé no universo a momentos de esperança e demonstrações de amor que quase nos partem o coração.

Costurando essas narrativas há o tema da própria natureza da imaginação, do encantamento por trás da criação e contação de histórias - razão pela qual o jovem narrador não consegue despregar os olhos do que contam as tatuagens do homem ilustrado, mesmo quando recebe a advertência de que ele pode não ficar muito satisfeito com o que verá no fim. É interessante também que essa natureza é vista como uma faca de dois gumes, especialmente quando manuseado por crianças.

Contos como A Savana, em que um berçário que usa realidade virtual é transformado num safári infernal pelas crianças da casa; e Hora Zero, em que uma brincadeira de invasão dimensional esconde propósitos mais sombrios, traz-nos crianças cruéis e vingativas, que não aceitam bem os limites que adultos tentam lhes impôr. Não há crianças em O Visitante, mas as ilusões brevemente criadas por um telepata numa colônia marciana de doentes desenganados levam a conflito e morte.

Em compensação, as ações de um pai tentando levar a família a partilhar uma inesquecível memória de uma viagem ao espaço no belo O foguete - meu conto favorito em meio a tantos excelentes - pintam a imaginação como algo libertador, que une os personagens e nos acolhe também. Essa é uma das histórias mais esperançosas da coleção, uma das poucas a terminar numa nota realmente jubilosa.

Considerando o contexto histórico em que eles foram originalmente publicados - muitos deles em revistas especializadas antes de reunidos na moldura do homem ilustrado - não é surpresa o ponto de vista melancólico, muitas vezes bastante pessimista, nem o humor satírico da maioria dos contos. Bradbury não foge de polêmicas; vai da religião a política num passar de páginas, e, por mais fantástico que sejam suas viagens a Marte e Vênus ou mundos ainda mais distantes, está sempre com os dois pés bem firmes em questões universalmente humanas.

Dito tudo isso, O Homem Ilustrado não apenas é leitura obrigatória para seus fãs, trazendo alguns de seus melhores trabalhos, como também serve de excelente porta de entrada para quem nunca leu Bradbury: primeiro porque contos são sempre um bom início na bibliografia de qualquer autor, segundo porque os que compõem essa coleção fornecem uma boa amostra do estilo e dos temas que emergem constantemente em sua obra, além de passear pelos diferentes gêneros com que ele experimentou ao longo da carreira. Para se deliciar com um mestre do ofício, sem dúvida.

site: https://owlsroof.blogspot.com/2021/01/o-homem-ilustrado-o-triunfo-e-os.html
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Pedróviz 15/02/2020

Inesquecível
A primeira vez que li O Homem Ilustrado foi quando era menino. Encontrei o livro num terreno baldio, nuns montes de lixo onde eu estava fazendo molecagens. Pois reconheci imediatamente aquele livro, uma edição Ediouro, se não me engano, só que em vez de O Homem Ilustrado o título era o do filme que passara na TV, Uma sombra passou por aqui. Ao recordar do filme, não tive dúvida, corri para casa e comecei a ler aquele livrinho, um mergulho intenso num mundo onde a magia e a ciência se amalgamavam.
Trata-se de um livro de contos de ficção científica excelente, que prende o leitor do primeiro conto ao último. Sim, a leitura do livro foi melhor que ver o filme.
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Estou relendo Uma sombra passou por aqui. À experiência da primeira leitura, já marcante e inesquecível, mas feita por alguém com pouca experiência de vida, soma-se o sabor mais intenso que uma releitura tem. Devo dizer que o conto mais significativo e emocionante do livro é "O Homem", no qual Bradbury parece falar não da falta de fé, mas na procura feita do modo errado. "O Homem" é um conto que indico fortemente para todos os que buscam a Deus.
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Letícia 16/07/2021

Não tenho nem duvidas de que black mirror foi inspirado nesse livro. Cada conto retrata um futuro com tecnologia avançada e viagens para outros planetas, com um final bem reflexivo. Meu preferido foi Marionetes S.A.
Pra quem tiver interesse, a música "The Veldt - Deadmau5" foi inspirada no primeiro conto.
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Alexandre 04/05/2021

Ray Bradbury
Um dos maiores criadores de contos da ficção científica mundial. Essa coleção de contos não é diferente. O homem ilustrado tornou-se um ícone criado pelo escritor.
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Abduzindolivros 08/04/2023

Você foi demitido e está prestes a perder sua esposa, e decide fazer uma tatuagem. As chances de isso terminar contigo saindo do estúdio depois de tatuar ?Suellen? bem grande no seu antebraço esquerdo são tão grandes quanto o arrependimento depois kkkk

Só não é tão grande quanto o arrependimento do Sr. William Phillipus Phelps, que teve seu corpo inteiro ilustrado por uma bruxa tatuadora com imagens ultrarrealistas contando várias histórias, e mostrando o futuro de quem encarar os desenhos por muito tempo.

É esse começo matador que introduz os contos que, cara, é um melhor do que o outro. Todos os contos têm uma linguagem simples, sem firula, um texto enxuto, mas com mensagens muito profundas por trás. Foi difícil escolher o meu Top 5 dentre os contos, mas eu vou comentar um pouquinho dos meus favoritos aqui para vocês:

5?O Homem do Foguete: um astronauta vive dividido entre as viagens espaciais e o tempo na Terra com a família; quando está em um lugar, deseja o outro. Sua esposa vive um luto toda vez que ele parte, e torce para que cada viagem seja sua última.
Mexeu demais com meus medos de perder as pessoas que amo, e as dores de enterrar pessoas vivas dentro do peito.

4?O Visitante: um grupo de pessoas está isolado em Marte, vítimas de uma doença mortal e infecciosa. Para consolá-los, recebem a visita de um homem com a habilidade especial de hipnotizá-los para que revivam memórias especiais e sintam as sensações; no entanto, o egoísmo atrapalha o que poderia ser seu último prazer em vida.
Quantas vezes nós deixamos de aproveitar algo que pode ser muito bom por causa de ciúmes e sentimento de posse? O ser humano tem uma habilidade incrível de estragar tudo o que pode ser bom justamente por ser livre.

3?A Última Noite do Mundo: todas as pessoas do mundo sonharam que a vida na terra acabaria naquela noite, e trataram de aproveitar os seus últimos momentos.
Não vou dizer o que fizeram, apenas revelarei que faria exatamente o mesmo! E é isso que espero da humanidade ??

2?O Foguete: uma família pobre vivendo numa época em que as viagens espaciais são possíveis para quem pode pagar por elas, economiza dinheiro suficiente para que apenas um deles possa realizar esse sonho; no entanto, o pai dá um jeito de fazer com que todos possam viajar.
Uma lindeza de conto que passeia por uma crítica social foda e rende uma homenagem incrível ao poder da imaginação, da união familiar e de nunca deixar de sonhar ? sem romantizar a pobreza, mostrando com certa melancolia que somos obrigados a fazer o que podemos com os recursos que temos para realizar sonhos que também merecemos ter.

1?Caleidoscópio: um foguete explode e seus tripulantes são atirados no espaço: o que farão, dirão e pensarão em suas últimas horas de vida?
Esse foi meu favorito, tanto pela carga dramática, explorando uma miríade de emoções, quanto pela beleza das descrições: pude imaginar tudo com tanta vivacidade, é lindo. Triste, belo, melancólico e carregado de esperanças; nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Enquanto há morte em tantos lugares, há vida em outros, um ciclo perpétuo de finais alimentando novos inícios.

Esses foram meus favoritos, mas os outros que deixei de fora não ficam para trás. Vários exploram o medo do desconhecido, a violência, o controle, o horror... Provocam extrema agonia, como o conto ?A Longa Chuva?, que me impressionou pela criatividade em torturar seus personagens ?, fiquei chocada e arrepiada, enlouquecendo junto com eles.

O livro se encerra contando a história do Homem Ilustrado, e assim: matou com chave de braço, opa, quero dizer, de ouro ?. Queria poder comentar mais sobre, mas não conseguirei sem dar spoiler, e essa experiência eu não quero estragar. É um final mais do que digno, perfeito.

A introdução escrita pelo autor é um show à parte: ao contar a história de um garçom que passava suas madrugadas dançando para não estar morto, Bradbury passa para nós todo seu amor pela escrita, e o quanto contar histórias era seu meio de se sentir vivo ?? e não tem como não desfrutar dessa paixão dele nas próximas páginas.

Inclusive, me identifico muito. A leitura, para mim, sempre foi minha conexão com a vida, a minha melhor forma de experimentá-la e compreendê-la. Leio para não estar morta, e agradeço a todos os autores que escreveram para nosso alimento ?? (aliás, há um conto, ?Os Exilados?, no qual o Bradbury faz uma linda homenagem aos escritores que o inspiravam, sempre criticando a possibilidade de suas obras serem esquecidas, perseguidas e queimadas ?)

Por fim, é um baita livro, com certeza vou reler! Recomendo fortemente.
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João Lucas 11/11/2020

Agora eu sei porque falam que é um clássico de Bradbury
Os contos que compõem o livro são excelentes. Bradbury usa o futuro, a tecnologia e a viagem ao espaço para tratar de assuntos como o racismo (O Jogo Virou), a censura (Os Exilados) e a guerra. Confesso que já havia lido alguns contos, mas foi bom reler e ler outros que eu nunca tinha lido. O difícil é dizer qual é o melhor conto.
Ah, e o conto que inspirou a música Rocketman do Elton John (O Homem do Foguete) é tão surpreendente e impactante quanto a música.
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Felipe 30/03/2023

O Futuro, A Tecnologia e O Ser Humano
Hoje em dia temos diversas produções que exploram a relação entre o ser humano e a tecnologia, como "Black Mirror" ou "Love, Death and Robots", e embora não seja tão citado fora da sua grande obra distópica (Fahrenheit 451) o autor Ray Bradbury tem outras obras incríveis sobre o futuro da humanidade, suas interações com máquinas, alienígenas e a própria humanidade, como também o processo de iteração humano.

Um homem com o corpo todo ilustrado, ilustrações que se movem e contam histórias variadas, mas que sempre fazem o leitor para e refletir sobre certas situações, sobre a vida e até mesmo a respeito de nossas escolhas, desejos e ações cotidianas.

Os contos são bem diferentes entre si, embora possam ter algumas similaridades. Pela época em que foi escrito, algumas coisas ficaram tecnologicamente datadas, pois não havia a informática e a eletrônica na época do autor, então ele se apega mais à mecânica como grande construtora da tecnologia do futuro.

Ray tem uma escrita fluída, e apesar de instigar o pensamento e trazer conteúdo e profundidade ao texto, não deixa de ser simples e gostosa de ler. O autor transita tranquilamente entre momentos engraçados, de suspense, ação, desespero e reflexão, sem perder a mão em nenhum momento.

Um livro indicado para pessoas já adultas, que conseguirão extrair melhor tudo o que o livro tem a oferecer, entender as ironias da vida, reconhecer algumas pessoas nos personagens e a essência do ser humano (a parte boa e ruim), assim como a humanidade dos eventuais marcianos e até das máquinas.
Quem gosta de ficção, distopia, magia, tecnologia, psicologia e de ver a humanidade e o ser humano em situações diferentes, terá um prato cheio!
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Jardim de histórias 07/09/2022

Um livro de contos, misturando uma fantasia moderna com ficção. Aliás, destaco uma visão de ficção incomum. A narrativa envolvente e muito criativa, mesmo sem riquezas de detalhes, consegue perfeitamente te introduzir a atmosfera futurista ou a ideia de futuro que se tinha em 1951, data de sua primeira publicação. Confesso, que esperei mais da obra, até porque Ray Bradbury é um mestre em contar uma história.
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iamjuao 30/05/2024

"O Homem Ilustrado", de Ray Bradbury, é uma obra-prima de ficção que explora a alma humana por meio de histórias com finais abertos. No entanto, tenho algumas críticas, como a falta de coesão entre os contos, e finais abertos(não gosto). Além disso, a predominância de contos sobre foguetes pode limitar a variedade temática do livro. No entanto, há muitos contos excelentes, medianos e ruins, e alguns poderiam até mesmo ser adaptados para o cinema. Nota 4,0/5,0.
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Felipe Rabelo 15/09/2023

Contos audaciosos!
Excelente livro de contos. A escritas de Ray Bradbury certamente foram lidas por vários artistas e diretores que comporão obras como Black Mirror e outros.

Como ele mesmo diz em seu prólogo, ?Quis ser como H.G.Wells ou fazer companhia a Júlio Verne? ao final, por conclusão dele, sente-se feliz por estar entre os dois. Para quem conhece essas obras envolvendo ambos, autor e personagem, sabe bem por onde vai caminhar nas latitudes de Ray Bradbury.
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Kharen1 08/02/2023

Incrível
Esse livro foi fantástico, os 18 contos presentes aqui são de tirar o fôlego de tão bem escritos. Ray Bradbury é sensacional demais.
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Luiz 24/07/2013

Sensacional!
Ele ficou conhecido como “o poeta da ficção científica”. E para saber o motivo, uma grande oportunidade é ler O Homem Ilustrado, um dos mais importantes livros de Ray Bradbury. Saiu no Brasil também com os títulos Recordações do Futuro e Uma Sombra Passou Por Aqui.

Destaque inquestionável na vasta obra do autor, aqui ele usa o gênero Ficção Científica como veículo para escrever poesia em forma de prosa. Tematicamente, ele faz críticas à nossa sociedade, na qual o consumismo é mais importante que a aquisição de conhecimento, além de flertar com os grandes questionamentos do ser humano, como: existe Deus? O que aconteceria se soubéssemos que hoje é nosso último dia na Terra? E no caminho ele vai criando imagens fantásticas, dignas de sonho, envolvendo foguetes, robôs e outros planetas, que dificilmente sairão de sua cabeça.

São dezoito contos interligados pela figura do personagem título, que possui o corpo coberto por tatuagens mágicas. Cada uma dessas ilustrações em sua pele, feitas por uma mulher do futuro, conta uma das histórias do livro, que são as seguintes.

A Estepe Africana
Em um futuro próximo, um casal percebe que os brinquedos de alta tecnologia podem estar sendo perigosos para a educação de seu casal de filhos. Conto extremamente atual. Sua visão pessimista se encaixa perfeitamente no nosso mundo dominado por tablets e smartphones, em que as pessoas parecem se distanciar cada vez mais e ler cada vez menos.

Caleidoscópio
Grupo de astronautas tem sua nave destruída no espaço e caem a uma velocidade vertiginosa. Durante a queda para a morte, refletem a respeito da vida que levaram. Conto alucinante, que faz justiça ao seu título, e com um final pra lá de poético. Inspirou levemente o filme Dark Star, de John Carpenter.

O Outro Pé
Nesta história todos os representantes da raça negra, cansados dos abusos e da humilhação na Terra, migram para Marte. Anos depois, quando um foguete tripulado por brancos chega por lá, um grupo de moradores se organiza para promover a vingança por todos os anos de exploração racial que sofreram no passado.

A Estrada
Um homem simples que vive à beira de uma rodovia vê milhares de carros tomando o rumo Norte, fugindo de algo terrível. Conto menor, que possui um clima carregado de desesperança.

O Homem
Um dos contos religiosos da obra. A tripulação de um foguete chega a um planeta que, um dia antes, havia recebido a visita do Cristo. É interessante a junção dos temas, ficando claro que não há qualquer assunto que não possa ser abordado através de uma boa história.

A Grande Chuva
Grupo de astronautas perdido em Vênus precisa enfrentar a interminável chuva que cai no planeta. Um dos melhores do livro, com grande exercício de estilo do autor. Você se sentirá cada vez mais molhado e com frio à medida que for avançando as páginas. É por contos como este que virei fã de Bradbury. Como se não bastasse, o final sugere uma interpretação que pode provocar discussões, deixando esta pérola da ficção científica ainda mais instigante.

O Foguetista
Sob o olhar de seu filho de quatorze anos, a história de um piloto de foguete que só passa alguns dias do ano com a família, devido às suas longas viagens pelo espaço. Conto intimista e sentimental, que inspirou a música Rocket Man, do Elton John.

Os Balões Ígneos
Outro conto em que a religiosidade fala alto. Grupo de padres se dirige a Marte para catequizar os marcianos, e lá passam por uma experiência que os fazem refletir sobre seu papel como representantes de Deus. Bradbury cria belas imagens em nossa mente, rimando os balões de 4 de Julho com os extraterrestres em formato de esferas luminosas.

A Última Noite
Várias pessoas têm o mesmo sonho, através do qual ficam sabendo que o fim do mundo está chegando. Faz um bom par com A Estrada, devido à brevidade e à semelhança de temas.

Os Expatriados
O planeta Marte é povoado por escritores como Edgar Allan Poe, Ambrose Bierce, Charles Dickens e pelos personagens de seus livros, além de feiticeiras, dragões e outras figuras fantásticas. Mas eles se vêem ameaçados pela chegada de um foguete com terráqueos que há muito tempo deixaram de acreditar neles. Aqui Bradbury presta uma fascinante homenagem à literatura sobrenatural e à fantasia em geral, como oposição à fria cultura racionalista dos homens da ciência.

Uma Noite e Uma Manhã Comuns
Um astronauta começa a enlouquecer diante do imenso nada que é o espaço, e preocupa o resto da tripulação da nave. Discussão filosófica em que o imenso espaço sideral representa o vazio existencial do ser humano.

A Raposa e a Floresta
Narrativa de suspense policial que se passa no México, em 1938, sobre um casal perseguido por um investigador que quer que eles voltem para o ano 2155, de onde fugiram.

O Visitante
Homens doentes exilados em Marte recebem a visita de um rapaz que tem o poder de reproduzir neles a sensação de pequenos prazeres que tinham na Terra. Porém, o que era para ser um alívio acaba se transformando em pesadelo, à medida que ninguém quer dividir o rapaz com os outros.

A Betoneira
Relato satírico de uma invasão marciana à Terra. Mas aqui os extraterrestres inimigos não são combatidos com tiros e bombas: eles são recebidos de braços abertos, para serem destruídos aos poucos pelo consumismo sem freios e pela imoralidade da nossa civilização. Neste conto, Bradbury é implacável com a decadência dos costumes humanos, retratando-os sob o ponto de vista do invasor. Outro texto que soa extremamente atual diante dos hábitos da nossa sociedade, que é capaz de destruir antigas culturas com a desculpa da “modernização” dos novos tempos.

Marionetes S.A.
A história de um homem infeliz no casamento que resolve deixar um ciborgue como seu substituto no lar, sem que a esposa desconfie, a fim de fazer sozinho sua tão sonhada viagem ao Rio. Mistura perfeita de humor e suspense, com reflexões sobre a ética no matrimônio e na criação de robôs. O final é perfeito.
A Cidade
Grupo de astronautas pousa em uma antiga cidade de um planeta longínquo. Mas o local, que parecia morto, está muito vivo e quer vingança. Este exemplar de “terror do espaço” é mais um impressionante exercício de estilo do autor, que consegue transformar em poesia até mesmo descrições de eviscerações e desmembramentos.

Zero Hora
Uma mãe acompanha a misteriosa brincadeira nova que está entretendo as crianças da rua. Mas parece que há alguma coisa errada por trás desta diversão. O suspense vai crescendo até a última linha, que entrega um dos melhores momentos do livro.

O Foguete
Um pobre dono de ferro velho, sem dinheiro para viajar com a família para Marte, decide montar um foguete em seu quintal para dar aos filhos a ilusão de que estão viajando pelo espaço. Outra pérola extremamente bela e sensível, daquelas de arrancar lágrimas.

E o livro ainda conta com um epílogo, que traz novamente o homem ilustrado e encerra de forma assustadora.

Como podemos notar, Ray Bradbury criou muito mais do que uma obra de ficção científica. O Homem Ilustrado é um livro sobre a alma humana, com temas universais. Assim como suas histórias se passam no futuro e em outros planetas, elas poderiam muito bem acontecer em qualquer época e em qualquer país, que continuariam despertando nos leitores o mesmo fascínio. Portanto, se você tiver a chance de ter este livro em suas mãos, delicie-se com as palavras encantadoras deste mestre da escrita.
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Paulo 31/07/2020

Gostei muito deste livro pois retrata problemas atuais que, infelizmente, também já existiam na altura em que o livro foi escrito (1951). Alguns dos problemas retratados são a discriminação, a traição, a guerra, a dependência da tecnologia, o egoísmo, o colapso da humanidade devido à tecnologia e a censura.
Um ponto de interesse do livro é que todas as histórias têm por base uma sociedade com um elevado avanço tecnológico e todas demonstram diferentes sentimentos e atitudes do seu dia?a-dia. O livro baseia-se muito na psicologia das pessoas, o que o torna extremamente interessante, pois conseguimos identificar-nos com algumas partes, no que diz respeito à nossa própria maneira de ser. Faz-nos também refletir sobre a vida e sobre os sentimentos que nos assolam em diversas situações. Por exemplo, é engraçado ver uma reação de pura aceitação quando uma pessoa é confrontada com a notícia que o mundo vai acabar daí a umas horas. Será que teríamos uma atitude similar se estivéssemos nesta situação? Será que conseguiríamos esquecer o que outros nos fizeram no passado, se estes necessitassem da nossa ajuda? Estas são algumas das questões que o livro nos coloca.
Além disso, o livro ?devolve-nos? a nossa imaginação de criança.  É ela que nos faz deambular pelo espaço em direção à Terra e é ela que nos leva até uma cidade que tem vida. Com imaginação, tudo é possível, e este livro lembra-nos isso. Não é necessário que a nave saia realmente do chão para viajarmos. Basta nós sairmos do chão, e chegamos mais alto que qualquer nave.
É um livro de fácil leitura, visto estar dividido em pequenas histórias, não ser um livro grande e não ser entediante. A forma de escrever de Ray Bradbury é excelente, especialmente a descrição. Os diálogos também são extremamente bons. O autor também evita dizer tudo sobre certo assunto ou história, ou seja, deixa-nos liberdade de pensamento sobre o que irá acontecer ou o que aconteceu, libertando uma vez mais a nossa imaginação.
Minha única ressalva é que não tem ainda uma edição no Brasil, sendo a que li estava em português de Portugal.
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