spoiler visualizarRonaldo Thomé 19/06/2019
Apesar de pequenos, os textos de Baudelaire neste livro são da mais alta literatura da sua época. Munido do espírito típico dos escritores de seu tempo (o spleen, talvez?), Charles escreve essa obra que perspassa os gêneros e se destaca até hoje, pela sua ousadia em cruzar estilos distintos, como o conto e a poesia. As histórias são bastante enxutas, embora ricas em reflexões variadas. Todas elas parecem ser regidas por um sentimento: a impotência perante a vida, que se estabelece, se impõe sobre nós sem se importar com o que fazemos - e como nossa reação a isso nem sempre é positiva. Há ironia em relação a leitura de auto ajuda (Espanquemos os Pobres!), espaço para indignação e revolta (Os Olhos dos Pobres), o horror causado pela estranheza (O Brinquedo do Pobre). Mas também há espaço para a ternura (O Estrangeiro) e um senso de erotismo (Um Hemisfério numa Cabeleira). Quanto a escrita, basta dizer que, por transitar entre gêneros bem distintos, Baudelaire abriu caminhos que até hoje muitos autores exploram (e isso já não é suficiente?).
Recomendado para: quem quer começar a entender como as experiências na literatura dão origem a novos gêneros.
Nota: 10,0 de 10,0.