As meninas

As meninas Lygia Fagundes Telles




Resenhas - As Meninas


536 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Nado 28/08/2020

Incrível
As 5 estrelas não vão para a história, que poderia ser comum se caísse nas mãos de qualquer autor. Essa classificação vai para Lygia Fagundes Telles que conduziu as cenas e as falas de uma maneira magistral e inovadora. A troca constante de narradores, a mudança de tempos e a troca de cenários faz com que o leitor perca o fôlego em muitos momentos, trazendo o prazer máximo da leitura.
Não deixando de destacar as críticas feitas para sociedade da época da publicação, o que deixa a pergunta no ar: como esse livro passou pela Ditaura? Enfim, obrigado, Lygia.
Recomendo a leitura.
Natashinha 01/07/2022minha estante
Olá! Me fazia essa mesma pergunta a respeito do livro ter passado pela ditadura, e gostaria de compartilhar o que ouvi de um professor: esse livro não foi lido inteiro, quem leu achou muito chato e parou nas quarenta páginas, então o livro passou. Isso me fez pensar o quão genial é a obra, principalmente para seu contexto, penso se não foi algo proposital, porque o livro começa tão despretensioso...


Marcos.Azeredo 04/08/2022minha estante
Eu comprei este livro, doido pra ler.




Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

As meninas, de Lygia Fagundes Telles – Nota 10/10
Publicado em 1973, durante o governo de Médici, muito se questiona sobre como o livro teria escapado da censura imposta pelo Ato Institucional n. 5 (AI-5). Nesse romance, a autora apresenta a vida de Lorena, Lia e Ana Clara, três jovens com personalidades e passados muito diferentes, mas que vivem juntas em um pensionato de freiras paulistano. Lá partilham de uma amizade forte e vivem as angústias típicas da juventude. Apesar de um título comum e de uma sinopse aparentemente “inofensiva” para um governo autoritário, ao longo da narrativa, o leitor encontra fortes críticas ao regime vigente – contando, inclusive, com a descrição de uma sessão de tortura.

O que mais impressiona na obra, por sua vez, é a construção da história e dos personagens. É um romance em movimento, por meio do qual Lygia vai alternando o foco narrativo entre as três personagens. E é por meio da perspectiva dessas três jovens que Lygia traz o universo feminino sob uma perspectiva moderna, rompendo com questões morais até então impostas por uma sociedade machista. Uma temática muito atual!

O começo da leitura pode até parecer confuso, porque a autora se vale muito da técnica do fluxo de consciência, isto é, tenta inserir o leitor dentro dos pensamentos – desordenados – de cada uma das jovens. São várias vozes se alternando a todo momento. Mas como as três personagens são tão bem construídas, com personalidades marcantes e com um estilo peculiar de se expressar, o leitor vai aos poucos conseguindo identificar quem conduz a narrativa em cada momento.

Para evitar a confusão entre as narradoras, dou uma dica que me ajudou MUITO na compreensão da história: consulte a orelha dessa edição ao longo da leitura, pois nela há uma breve descrição de cada uma das personagens.

Enfim, foi muito interessante acompanhar a vida das três jovens e entrar na intimidade de cada uma a partir de seus próprios pensamentos. Mas lembre-se de que as três apresentam uma visão parcial dos fatos e, por isso, não são totalmente confiáveis. Recomendo muito a obra! Entrou para uma das melhores leituras de 2018!

site: https://www.instagram.com/book.ster/
Aline Sulzbach 24/04/2022minha estante
Surpreendente que a obra escapou a censura. Temas como sexualidade, masturbação, drogas, liberdade de expressão, aborto, homossexualidade. Aliás, a parte que Liao diz que cada um cuide da sua sexualidade e que os pais não devem se preocupar com a sexualidade dos filhos é surpreendente. Lygia escreveu essa obra em 1973 e parece cada dia mais atual




Carolina.Viegas 08/06/2021

Nem sei o que dizer
A genial Lygia Fagundes Telles nos leva à São Paulo da década de 1970 de uma maneira incrível! Um livro p ler com calma e se surpreender com o brilhantismo da autora!
Vitoria.Santos 08/06/2021minha estante
Oii, tudo bem?? Tem como


Vitoria.Santos 08/06/2021minha estante
Vc me ajudar a ler? Pq eu sou nova e nao consigo abrir pra ler


Carolina.Viegas 08/06/2021minha estante
O skoob não tem os livros disponíveis p ler... aqui é só para avaliar e trocar experiências sobre os livros ?


Vitoria.Santos 08/06/2021minha estante
Ata ok brigada




joaoggur 17/05/2024

Não, não, ninguém bate bem da cabeça.
Em resenhas e/ou comentários ligeiramente mais aprofundados, pouco se fala da habilidade de um escritor na criação de VOZ; obviamente não me refiro ao timbre, mas a pessoalidade (e originalidade!) que os discursos de um personagem podem ter; e é exatamente este o ponto magnifico deste livro.

A história é banal, sem dúvida, bastando meia orelha para explica-la (Lorena [a estudante de Direito, virgem e apaixonada por um homem casado], Lia [militante raiz] e Ana Clara [oscilando entre o amante e o noivo, sendo mais uma no alpinismo social], amigas, moradoras de um pensionato de freiras, tendo que lidar com um Brasil no auge dos anos de chumbo). Pois não precisa de história. O que sustenta a trama é o intenso fluxo de consciência das três protagonistas, que numa intermitência de difícil distinguir, dividem o palco destas páginas. Aliás, como muito bem explicitado no posfácio, considero que a narração deste livro está no ponto equidistante entre a primeira e a terceira pessoa; é como se Lygia tivesse criado um novo tipo de contar uma história.

E me impressiona como essa obra saíra em 1973, nove anos apos o golpe, cinco anos apos o AI-5. Assuntos extremamente progressistas são citados (abortos, abusos de drogas?), além de ter uma das protagonistas como guerrilheira: acho que os censores não leram até o final, rs.

Lygia, além de exímia contista, era uma tremenda romancista; em um texto difícil (demorei bastante para le-lo, propositalmente; quis ser sugado pelo contexto?), conseguiu fazer um mordaz retrato de uma São Paulo do início da década de setenta.

E destaque para o trágico final. Leiam!
Alê | @alexandrejjr 17/05/2024minha estante
João, e realmente os censores não leram! A história é conhecida: ela chegou em casa feliz da vida com uma champanhe pra comemorar com o marido, o também incrível Paulo Emílio Sales Gomes, que a censura tinha aprovado o novo romance. E na hora os dois souberam: "eles não leram até o final!" ??


joaoggur 18/05/2024minha estante
@alexandrejjr, HAHAHAHAHAHA!, tá explicado! Agora faz todo o sentido; o monotonismo das primeiras páginas não era atoa ? só para eles não lerem até o final? ?




Nath 23/08/2020

A PIRÂMIDE E A DITADURA MILITAR BRASILEIRA SOB A ÓTICA FEMININA
"Ana Clara, não envesga! – disse Irmã Clotilde na hora de bater a foto.
– Enfia a blusa na calça, Lia, depressa. E não faça careta, Lorena, você está fazendo careta! A pirâmide." AS MENINAS

Esse foi o meu último romance da minha AMADA, Lygia Fagundes Telles! E a partir de agora só me resta ler os outros livros de contos da autora, já que ela só publicou quatro romances completos: o Ciranda de Pedra, Verão no Aquário, As Horas Nuas e o destruidor As Meninas.. E agora eu já posso dizer que finalmente eu li todos os romances da incrível Lygia Fagundes Telles!

Mas o As Meninas é especial. Não por ser o meu favorito (que continua sendo o maravilhoso Ciranda de Pedra!), mas por ser um dos livros mais corajosos da nossa literatura brasileira. Um livro tão corajoso, aliás, que recentemente entrou no desafio dos 100 livros essenciais da literatura brasileira da Revista Bravo. E, sem dúvida, entrou também no meu top 10 livros da VIDA! Mesmo sem ser o meu favorito da autora... Confuso? Explico!

Quando eu soube da existência desse livro, que se tratava de uma história de três amigas durante o período da Ditadura Militar no Brasil... Pronto! Eu não precisava de mais nada para sair correndo atrás do livro! E ainda bem que eu tive a chance de lê-lo agora nesse momento atual tão conturbado do nosso país, porque este é o tipo de livro //Testemunha//.

A própria Lygia disse certa vez em uma entrevista que "a função do escritor é ser testemunha do seu tempo e da sua sociedade". E muito provavelmente este foi o mote perfeito para escrever o As Meninas, em 1973. Uma década particularmente conturbada da nossa História brasileira, com profundas consequências na vida política e social do país, e que deu a autora o tema certo para fazer o tipo certeiro de moldura da época. E MDS, sem dúvida este livro merece constar entre os mais OUSADOS DA LITERATURA BRASILEIRA.

Pela primeira vez na história da nossa literatura, um depoimento REAL de tortura de um preso político foi inserido nas páginas de um romance, enquanto o regime ainda estava em pleno vigor no país, no período de lançamento do próprio livro.

A narrativa aqui mergulhou na vida pessoal dessas três Meninas que vivem em um pensionato Católico na capital Paulista. E é isso! Se formos analisar de uma forma "simplificada", essa é uma história sobre a amizade durante um período bastante tenebroso da nossa história brasileira.

E cada uma dessas três Meninas, que a gente logo fica sabendo no início da história que trata de uma PIRÂMIDE, vai representar diferentes grupos de pessoas daquela época. Essas três amigas se definem através da figura de arquétipos típicos de uma época: a Ana Clara, a mais bonita, com rosto de modelo fotográfica, estudante de psicologia da USP, é também a mais problemática por ser dependente de drogas e viver cercada de traficantes em festas da elite paulistana; a Lia, também conhecida por "Lião" ou "A Guerrilheira", uma nordestina vinda da Bahia para São Paulo afim de cursar Ciências Sociais na USP, diretamente envolvida na luta armada contra a ditadura junto com o namorado, um famoso preso político que conseguiu escapar do país para a Argélia (detalhe importante é que esse preso político, um diplomata famoso, realmente existiu e a Lygia o inseriu na narrativa como forma de protesto); e finalmente a Lorena, a mais intelectualizada, estudante de Direito da USP, mas com uma personalidade mais sensível de artista, é a filha única de uma família tradicional de proprietários de terras da região.

Com o passar das páginas percebemos claramente que a trama central girou especialmente em torno da Lorena, por ser a amiga mais rica e a mais sensível, acabou por sempre servir de ajuda econômica e psicológica para as outras duas. Sem dúvida, a Lorena foi a protagonista e abriu e fechou o livro com cenas magníficas de encher os olhos!

Mas no meio de todo esse cenário histórico brasileiro, o que mais me chamou a atenção foi o estilo narrativo. O narrador aqui não é convencional, não tem um "olhar" padrão da primeira ou da terceira pessoa. Temos aqui claramente um estilo narrativo de fluxo de consciência.

Mas não se engane achando que irá encontrar algo como os fluxos da Clarice Lispector ou da Virginia Woolf, por exemplo. A forma como as vozes de cada Menina alternaram-se muitas vezes de repente, sem nenhum aviso. Em alguns momentos um narrador em terceira pessoa também se fez presente e costurou alguns outros elementos na história; tudo junto e misturado no meio da consciências das três personagens. Essas narrações dos fluxos em primeira pessoa e depois em terceira se misturavam aos pensamentos no momento presente da história, sem que ao menos tivesse um "filtro" ou um tipo de refinamento no próprio texto... Pensamentos desconexos, quase aleatórios, que se interligaram. Como se realmente pudéssemos ler as mentes das três personagens em tempo real! E a gramática da narrativa, a pontuação das frases também acompanhou o fluxo.. Mas essa dinâmica insana das narrações ajudou a construir a personalidade de cada uma. E eu identifiquei claramente quem era quem só pela forma como cada personagem falava ou se expressava. Mais um ponto para a nossa Lygia!

Ela simplesmente conseguiu criar um fluxo de consciência único só dela. E o desfecho.... Ahhhh!!!! O desfecho da história foi simplesmente DESTRUIDOR e me deixou em posição fetal agarrada com o livro, refletindo sobre tudo...

E como sempre acontece nas minhas leituras da Lygia, eu me identifiquei demais com alguns aspectos da personalidade mais sensível e melancólica da Lorena. E não poderia finalizar essa resenha sem mencionar o quanto essas três Meninas me fizeram lembrar de mim mesma, quando eu mesma tinha os meus 19/20 anos: estudante de Jornalismo, estagiaria no jornal local da minha cidade. Uma Menina que sonhava em trabalhar com arte, e vivia com os livros da Clarice Lispector dentro da bolsa da Faculdade. Filha única, cheia de amigos, e que acreditava que o casamento convencional era uma instituição falida e por isso optou por sair de casa para ser independente sozinha no próprio apartamento (e o mais importante, SEM filhos! Porque eu não sou obrigada rs) No final dessa leitura, foi inevitável não refletir sobre o que aquela Menina pensaria da mulher de 30 e poucos que eu me tornei: trabalhando com fotografia, estudante de Mestrado, os meus livros da Clarice ainda dentro da minha bolsa, rs, e os meus amigos queridos da época da faculdade de Jornalismo ainda comigo, dona da minha vida, do meu próprio apartamento. Ler essa história, me fez pensar que aquela Menina do passado, ficaria feliz com o meu eu "futuro presente", e isso me encheu de alegria! ^^.

Somos todos feitos de escolhas. E a luta pelas nossas escolhas não termina nunca. Continua. Para todos! Já dizia a espetacular Filosofia criada pela Lorena aqui nesse livro:

"O estar era a estagnação do ser (...)Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim. Ora, se sacrifico o ser para apenas estar, acabo me desintegrando (essencial e essência) até a pulverização total.."
Craotchky 23/08/2020minha estante
Caprichou, hein?! Ambientação histórica, personagens, fluxo de consciência único, final destruidor... parece ser um livro muito rico.


Nath 23/08/2020minha estante
Ahh, o final foi mesmo destruidor.. Eu jamais imaginei! Acho até que o que a Lygia fez nesse final foi meio que uma mistura entre o Fernando Pessoa e o Stephen King.. hahahahaha Para vc ter uma noção do tamanho da COISA :D ahhahah Seria interessante debater com vc esse final, Filipe. Mas eu não vou. Seria spoiler. Leia!. ;)


Craotchky 23/08/2020minha estante
Okay, mas que mistura inimaginável, Pessoa e King!


Nath 24/08/2020minha estante
Pois é! Mas a Lygia sempre teve uma veia forte num suspense psicológico tipo o Poe, saca! Acho q a minha comparação para o desfecho seria mais apropriada entre o Poe e o Pessoa.. rs


Craotchky 24/08/2020minha estante
: )


Lui 24/08/2020minha estante
Amei a resenha!


Nath 24/08/2020minha estante
Obrigada, prims!! :D Quando nos encontrarmos de novo pessoalmente vou emprestar a vc o meu livro com as minhas marcações ;) E ah, gostei que vc colocou na foto do seu perfil a fotografia que eu fiz da Sra com os seus gatitos antes da quarentena.


Júlia 18/10/2020minha estante
Que resenha incrível ??




teix 13/07/2021

Que autora, que obra
Eu sou suspeita pra falar, pois sou apaixonada pela escrita da Lygia. Já tinha lido alguns contos esporadicamente, sendo o meu favorito "As cerejas", mas este foi o primeiro livro dela que li de fato, experiência que só aumentou meu amor por sua escrita. Li muitas pessoas relatando que acharam a narrativa bagunçada por conta da mudança de narrador sem aviso prévio, mas eu discordo disso, creio que isso engrandece ainda mais o livro. A princípio, há sim uma leve estranheza, mas depois de captar as manias de cada uma das meninas é bem tranquilo de acompanhar, isso que me faz acreditar que essa escolha da autora engrandece o livro, porque se é possível identificar quem está narrando por conta de suas características e sem marcação confirmando que é tal personagem, significa que a autora conseguiu construir-los devidamente. A história é relativamente simples, mas o impacto dela é excepcional - ainda mais considerante o período no qual foi publicado: ditadura militar. Ademais, o final é surpreendente, não estava mesmo esperando por aquilo. Sem dúvidas, uma experiência maravilhosa, ansiosa pelas próximas leituras que farei das obras de Lygia.
comentários(0)comente



Ana Paula 08/06/2023

Narrado em fluxos de consciência, com aquele viés de suspense psicológico que tanto amo na escrita de Lygia Fagundes Telles. Tudo o que sabemos do que se passa na história, particular e coletiva, é através da perspectiva das três meninas, cada uma delas com características tão bem delineadas. O livro começa de forma muito inofensiva, o que deve ter ajudado a passar pela censura do AI-5, pois provavelmente não foi lido até o fim, mas trata de assuntos muito sensíveis e atuais. Logo percebemos que há muito mais acontecendo do que possa parecer na superfície.
comentários(0)comente



Adriana 21/05/2021

Não é um Livro de leitura fácil mas vale muito a pena ler. A Lygia consegue nos prender na história. Lorena, Lião e Ana Clara com suas personalidades diferentes nos mostra uma vida onde quase tudo é possível.
comentários(0)comente



Renato Medeiros 25/09/2010

Dedicação e densidade, além da valorização da palavra

Em seu mais popular e premiado romance, publicado em 1973, Lygia Fagundes Telles faz experimentações com a linguagem, inovando em sua escrita e apresentando um texto ligado ao fluxo do pensamento de três jovens distintas. Além disso, critica com sutileza a falta da liberdade provocada pela ditadura brasileira.

A autora explora o particular, o íntimo de três universitárias que moram em uma pensão de freiras. As três procuram meios para se libertar numa época em que o país sofria o ponto máximo da repressão militar e da censura. Mesmo com toda essa imposição, cada uma, a seu modo, faz planos para o futuro e tanta garanti-lo. Lia está sempre discursando sobre seus ideais socialistas, até nas horas de descontração. Ana Clara é dependente de drogas e planeja se casar com um velho rico. Lorena é estudante de Direito e, aparentemente, a mais fútil das três, sempre preocupada com a limpeza e a estética de tudo e todos.

A narração é alternada entre Lia, Lorena, Ana Clara e uma quarta voz. Cada narrador conta a história abordando o seu ponto de vista, o que dá uma maior articulação aos acontecimentos. As conexões estabelecidas entre o interior, consciente e inconsciente, das personagens e o leitor são intensas, fazendo com que ele acompanhe o pensamento das protagonistas no exato momento em que ocorrem, dando mais realidade à teia de situações que é construída, aceitando as constantes quebras e mudanças repentinas de idéias, além da fuga da exatidão, do concreto.

Lygia mostra-se, mais uma vez, uma escritora de meio, onde o passado praticamente não é revelado e a perspectiva do futuro é incerta. Durante o desenrolar da trama, apenas alguns fatos são lembrados, geralmente as recordações mais importantes, algumas que até causaram traumas que podem explicar determinadas atitudes tomadas no presente. Assim, a autora atiça a criatividade do leitor, fazendo com que ele dê o desfecho da história.

Exímia contista, Lygia Fagundes Telles parece dividir os doze capítulos de As Meninas em contos interligados. E mesmo escrevendo de forma singular, não perdeu a sua personalidade característica para criar personagens, cenas e assuntos polêmicos, envolvendo o leitor em mistérios e surpresas, dando-lhes a oportunidade de reflexão sobre o que foi lido.
Ananda Sampaio 14/09/2015minha estante
Olá Renato! Gostei da sua perspectiva. Depois de ler um dos livros de conto da Lygia estou lendo "As meninas" e me espanto com a capacidade da escrita dela.




Cringe Literário 25/09/2021

Meninas que falam sobre tudo
Um romance escrito por uma mulher, retratando 3 mulheres jovens que são amigas que residem em um pensionato de freiras, até aí nada de tão incrível, mas não se engane não é só isso, essas amigas trocam diálogos e memórias sobre política, sociedade, masturbação feminina, aborto, drogas, relacionamentos abusivos, morte, estupro e sim, já estava esquecendo em romance com mulheres também se fala sobre homens...
Uma leitura difícil, uma escrita que exige maturidade para ser feita, ou seja você terá de fazê-la com muita atenção, está tudo emaranhado, nas entrelinhas, no subjetivo...
As narração pula de 1ª para 3ª pessoa sem te avisar o mesmo acontece com a troca de fala das personagens, que personagens... Uma burguesinha rica jovem e virgem com um caso com um homem casado com 5 filhos, a outra é uma jovem comunista lutando contra ditadura militar no Brasil, com seu namorado preso sendo torturado e planejando ambos fugirem do país e por último a mais densa, a mais problemática a mais marcante e a que talvez fará você chorar, uma modelo, linda, viciada em drogas e álcool mergulhada em delírios narcóticos a maior parte do tempo, uma infância traumática e com episódios de vulnerabilidade que a expõe as piores experiências que alguém pode ter.
Temos ainda nesse universo de Lygia as personagens secundárias uma mulher que perdeu seu filho, seu marido e aos 50 anos se casa com um homem mais jovem, é completamente infeliz, insegura, instável e não consegue aceitar o processo natural de envelhecer e ao somar desses fatos mergulha em profunda depressão, ainda temos as freiras, seu cotidiano e camadas além do estereótipo religioso.
comentários(0)comente



Felipe.Mello 01/03/2024

?Não temos tempo de temer a morte!!
Com o intuito de ler mais livros de autoras, pincei Lygia Fagundes Telles. Eu já queria ler Lygia há anos, pois trata-se de uma das maiores, senão a maior, autora brasileira. Não tive o contato com a obra dela na escola, mas sim na vida adulta. Primeiro, por meio de indicações de pessoas muito queridas que sempre a elogiavam. Com isso, fiquei com uma coceirinha na cabeça. Até que finalmente, em pleno ano de 2024, com 32 anos, escolhi começar por ?As Meninas?! Sim!!! Decidi me iniciar em Lygia justamente devorando sua obra mais densa, profunda e pesada?. e não me arrependi.

A autora tem uma escrita sensível e muito desafiadora no início. A chamada ?prosa-poética?. Também possui uma característica denominada ?fluxo de pensamento? ou ?polifonia?. Isso significa que muitas vozes se ?intrometem? na narrativa. Digo, às vozes, os pensamentos das personagens principais e também de um(a) narrador(a) que não participa diretamente dos acontecimentos (talvez possa ser a própria Lygia?).

Esse estilo de escrita da autora pode ser um pouco difícil no início, mas após algumas páginas, nos acostumamos e começamos a entender a genialidade e a sensibilidade dela. É impossível não se importar ou não se envolver com Lorena, Ana Clara e Lia (as protagonistas, as meninas).

Essa pode ser considerada uma obra subversiva e atemporal! Lygia descreve um relato de tortura fortíssimo em pleno período da ditadura militar! Durante os ano 70, os temíveis anos de chumbo do AI-5. Além disso, a autora traz para reflexão temas sensíveis que até hoje nos é caro discutir ou debater. Lembrando que grande parte nossa sociedade, apesar de certa evolução, continua muito conservadora e moralista. Em ?As Meninas? nos deparamos com temos como: ideologias políticas, desigualdade social, aborto, sexualidade, rascismo, homofobia e traumas? muitos traumas!

Em cada momento do livro, nos apaixonamos ou odiamos alguma personagem, mas no fim acolhemos todas. A autora descreve e aprofunda sobre as dores (muitas e muitas dores) do que é ser mulher no pior contexto e período da História do nosso frágil país após a ?independência?. Mas também escancara a força dessas jovens mulheres para seguir com suas próprias vidas depois de tantos traumas. Lygia caçoa da hipocrisia que a nossa sociedade carrega. Debocha dos que apontam os dedos e julgam certas atitudes de figuras e esteriótipos que devem ?andar na linha? (segundo essas pessoas), mas que no fundo essas mesmas pessoas que julgam, cometem ?imoralidades? no sigilo, quando ninguém está vendo.

Lygia e as meninas me conquistaram! Essa se tornou umas das minhas obras favoritas. Me marcou e vai continuar me marcando!


E vamos para mais obras desse Acontecimento que é Lygia Fagundes Telles!
comentários(0)comente



Layla.Ribeiro 16/07/2021

Desafio literário 2021- Livro que foi adaptado para tv/filme
Antes de começar a resenha, quero registrar que esse foi o livro mais aguardado por mim para ler esse ano. Não é um livro com ações, ele é parado mesmo, pois com sua narrativa de fluxo de consciência, ele vai passando de pensamento a pensamentos, e como são os pensamentos, ele não é linear e organizado, se o leitor não tiver atento, pode se perder, as vezes, tirando a Lorena que foi a mais chata de acompanhar, as outras personagens são fantástica, imagine você está dentro da mente de uma pessoa drogada, chapada? Achei a escrita da Lygia fantástica, envolvente, o livro nos mostra que apesar das aparências e personalidades de cada personagem, não sabemos a dor e as cicatrizes que cada um carrega, só podemos saber quando conhecemos seu interior, as personagens da Lygia são verdadeiramente humanas, cheia de falhas e acertos, não existe boa e nem má, outra coisa que me chamou atenção é o tão ousado que esse livro é, publicado em 1973, no auge da ditadura e trazendo temas como sexualidade, estupro, aborto e denuncias a ditadura, com um relato forte de tortura, não sei como ele não foi censurado na época. Esse livro ganhou o prêmio jabuti e foi indicado ao prêmio Nobel, além de ser o favorito da própria escritora. A Lygia é uma excelente escritora, a conheçam, não esperem que ela morra para as obras serem hypadas (hoje ela está lucida com seus 98 anos de idade) , assisti algumas entrevistas dela e ela ganhou meu coração, com certeza vou ler mais obras dela. E para concluir, esse livro não quebrou minhas expectativas como eu estava com medo que acontecesse, eu gostei muito.
..................................................................................................
Livro x filme
Eu me perguntei como seria uma adaptação de um livro com narrativa de fluxo de consciência, o filme teve que colocar vários elementos para poder explicar boa parte da história que só é mostrado nos livros pelos pensamentos das personagens. Se for nessa intenção compreensivo, mas alterou muita coisa, com cenas tão absurdas comparada com o livro que foi uma tortura assistir. Pontos positivos do filme: a interpretação das atrizes principais e que a Lorena é mais agradável e menos chata no filme.
Andre.Vieira 15/04/2023minha estante
Olá, vi no canal da Adriana da Costa, que a Lygia Fagundes falou, "O livro passou pela censura, porque o sensor achou chato e não passou da página 70."


Layla.Ribeiro 16/04/2023minha estante
Para ter achado chato já imaginamos o tipo de sensores que liam os livros , que sorte a dela kk




Marcia 28/04/2024

Minhas impressões sobre o livro
O livro "As meninas" relata a história de três meninas, Ana Clara, Lia e Lorena, que vivem em um pensionato de freiras em São Paulo, na época da ditadura militar. Lorena pertence a uma família rica , ela é culta e tem um relacionamento meio que platônico com um homem casado, porem é virgem mas o tem como seu príncipe, como aquele que a tornará mulher. Ana Clara,é noiva e tem um amante traficante. Ela é muito bonita, tem certos traumas de infância e é viciada em drogas. Lia é meio que rebelde, faz parte de um grupo revolucionário e luta contra a forte opressão da ditadura. Tem um namorado que é preso e com ela vemos muito do cenário das ruas, dos jovens, das reuniões escondidas, das universidades e prisões dessa época. As três,por morarem nesse pensionato se tornam amigas, apesar de bem diferentes uma das outra, no pensionato elas se protegem dos seus medos, frustrações e descobertas.
A narrativa é em primeira pessoa e a cada capitulo vemos claro as característica de cada uma. É um livro lindo ,envolvente e nos torna parte da historia. Quando Lorena esta " em cena" ela da ênfase à música clássica, citações em francês, latim , arte e alguns lugares do mundo por onde o irmão viaja. Ana Clara já é mais simples, porem mais complicada e podemos perceber a realidade de muitos que vivem com drogas e trazem traumas de infância, sofrimentos fortes desde pequenos. Aprendemos muito com essas três meninas. A mim fez buscar informações politicas e também culturais para entender o que Lorena gostava de ouvir e poder compreende-la melhor. Busquei narrativas de ex-drogados e pesquisei informações de tratamentos a viciados para avaliar o cenário de Ana Clara e entender a vida de muitos jovens até hoje.
Recomendo a leitura dessa belíssima obra e faço a observação que o livro foi em 1973,período que não se podia falar, manifestar opiniões, fatos e a autora relata a te sessão de tortura.
comentários(0)comente



Paula 17/03/2024

"Deus, o terrível é isso, é que as coisas acabam. Todas as coisas acabam."

Essa não foi uma leitura fácil, o livro é escrito em fluxo de consciência de três personagens completamente diferentes, alternando entre elas, mas depois que você engata na história, consegue saber quem está narrando naquele momento.
É impressionante um livro publicado em plena ditadura, envolver críticas a política, tortura e falar tão abertamente sobre sexualidade.
O final do livro me pegou totalmente desprevenida, fiquei em choque com o que ocorreu e o desfecho abrupto.
comentários(0)comente



Francisco240 10/05/2022

Ficção se faz com gente
Uma narrativa muito poderosa e ao mesmo tempo impactante, o qual Lígia Fagundes Telles vai discorrer sobre muitos assuntos cascudos como Homossexualismo, libertinagem Liberdade política; e e a narrativa se passa durante o ano de 1969, a ditadura militar no Brasil.
O livro é repleto de fluxo de consciência que tem a troca involuntária de narradores, os quais são quatro tornando o livro um romance polifônico muito interessante.
comentários(0)comente



536 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |