Helder 20/09/2012Altamente recomendávelUm livro que trata de fé e amor, mas sem ser piegas.
Confesso que comecei a leitura cheio de preconceitos. Apesar de ter curtido a Guardiã de Minha Irmã, este livro me parecia muito um livro para mulheres, a começar pela capa. E nas primeiras paginas parecia indicar um estilo Nora Roberts. Mariah, uma mulher extremamente insegura chega em casa e encontra seu lindo marido com outra mulher na cama e seu mundo desaba. Ou seja, tinha tudo para ser uma chatice, discutindo relações e brigando pela guarda da filha. Mas acho que na pagina 20, já estava tudo diferente, e percebi que estava totalmente enganado.
O livro é muito bom, e Jodi Picoult sabe como escrever cenas e diálogos que nos pegam, e deixam grudados ao livro.
Após o divórcio dos pais, a pequena Faith de 7 anos passa a ter uma amiga invisível a qual chama de Guardiã. Mariah, a mãe insegura, não se sente a vontade com esta nova amiga e leva a filha a uma psicóloga, que acaba percebendo que Faith afirma que sua amiga na verdade é Deus.
E para completar, a pequena Faith parece conseguir realizar milagres, desde a ressurreição de pessoas até a cura da Aids e de repente começa a apresentar as chagas de Cristo. E ai começa uma trama sem paradas onde a autora aproveita para discutir diversos pontos de vistas.
E são muitos assuntos polêmicos reunidos. Faith é judia, então como pode ter visões? Ela também afirma que Deus é uma mulher. Como a igreja católica pode aceitar tamanha heresia? E por ser judia, é como se estivesse fora da jurisdição da Igreja Católica. E ao lado destas duvidas religiosas, a autora discute a invasão dos meios de comunicação transformando a vida de pessoas em verdadeiros circos. E um programa de televisão que prega o ateísmo e cujo principal objetivo é validar que qualquer milagre ou visão é sempre uma fraude.
Parece um livro exagerado e sensacionalista? Garanto que não é nada disso. A estória é muito bem conduzida pela autora que consegue ir mostrando o lado humano de todos os seus personagens, sempre guiados por diferentes objetivos.
De uma hora para outra, a casa de Mariah é cercada por pessoas que acreditam que Faith é o novo Messias. Aparecem por ali fiéis católicos, evangélicos, pessoas com doenças, rabinos, padres, um grupo dissidente da igreja que prega o Deus Materno e o pior de todos os males: A Imprensa sensacionalista.
Com os acontecimentos, Mariah vai se tornando mais segura e conhece Ian Thompson, que se considera um caçador de fraudes bíblicas. E deste encontro ambos terão suas certeza afetadas.
Ian sempre descobriu todas as fraudes, portanto tem conseguido provar que Deus não existe. Mas será que Faith é uma fraude?
E no meio de todo este tsunami, Colin, o pai de Faith, decide requerer a guarda da filha. E o que vinha sendo um romance religioso parte para um livro de tribunal com todos os golpes baixos de advogados que o tema permite. E haja torcida.
Faith realmente tem visões ou está sendo induzida por sua mãe? São tantas dúvidas que a autora vai colocando que vamos virando as páginas sem perceber.
As últimas 100 paginas são incríveis. Tive que termina-las numa noite, pois precisava saber como aquilo ia acabar. E desta vez Jodi Picoult não estragou sua estória com um final piegas , conseguindo fechar o livro com chave de ouro num final muito bonito e fechado.
Impossível não sentir a tensão da curadora quando pensa: Haverá necessidade de discutir a guarda da criança se ela estiver morta?
Você acredita em Deus? Você acredita em amor? Você acredita num livro bem escrito e numa ótima estória? Então acredite em mim: Questão de Fé é uma leitura obrigatória.