fyveer 08/04/2020
Só porque é monotono não significa que seja chato.
Outlander: Os Tambores de Outono (Parte I), Diana Gabaldon
Tradução: Carolina Caires Coelho
Progresso: 03/04 - 07/04
E se alguém tivesse perguntado, eu diria que Jamie Fraser era um homem misericordioso. Já tinha sido. Mas os anos entre o antes e o agora tinham sido difíceis, e compaixão era uma emoção delicada, facilmente desgastada pelas circunstâncias.
O quarto volume da série Outlander é mais uma prova de que a mente criativa de Diana Gabaldon se mantém em constante expansão e leva os leitores a conhecer mais do casal protagonista - para falar a verdade, creio que Jamie e Claire fazem parte daquele grupo seleto de personagens literários que achamos conhecer profundamente, mas que a cada capítulo encontramos uma informação nova que os torna muito mais próximos da realidade.
Nesse primeiro tomo de Os Tambores de Outono a autora nos leva para as terras frescas do que um dia se tornará os Estados Unidos da América, mas que no momento é apenas um grande continente de flora e fauna selvagem ocupado por tribos indígenas - nesse ponto vemos mais uma vez Gabaldon explorando momentos históricos em sua narrativa; Ao longo dos capítulos acompanhamos duas perspectivas: a do passado com Claire e a do futuro com Brianna - além disso vemos em um ou dois capítulos a visão de Roger e Jamie.
No passado temos Claire e Jamie construindo sua moradia no Novo Mundo, o local de sua residência próximo as montanhas se chama Cordilheira dos Fraser, onde com os camaradas sobreviventes de Ardsmuir é formado um pequeno povoado de escoceses. Claire se dedica a ser uma dona de casa e curandeira para o povo local, Jamie e os outros homens passam o dia construindo e pastorando, tudo parecia perfeito até a chegada de uma praga que coloca em risco a boa convivência com uma tribo indígena amigável com os Fraser - além disso, temos a chegada repentina do Lorde John Grey com seu enteado, Conde William, que evoca surpresa e ciúmes em Claire.
No futuro temos Brianna e Roger se movimentando em um relacionamento amoroso cercado por incertezas: ambos são jovens e não querem abdicar suas carreiras para viver a custa do outro, sem contar na intensa dúvida sempre constante no primeiro amor. Tudo parecia muito bem até Roger encontrar por acaso uma notícia que poderá colocar o futuro de Brianna em risco: no passado os pais da garota morreram tragicamente em um incêndio e tudo dependerá de Roger contar para Brianna sobre o destino de Claire e Jamie - se contar ele sabe que isso terá como consequência a garota atravessando as pedras de Craig na Dun rumo a uma era bastante perigosa.
Minha opinião sincera é de que a medida que devoro mais um livro da Gabaldon eu tenho a certeza de que nunca terei a coragem de dar uma avaliação ruim. A autora sabe como prender os leitores até mesmo em descrições de um dia rústico e monótono na vida de Claire e também como nos fazer ficar acordados até as 3 horas da manhã lendo para descobrir se aquele personagem conseguiu se salvar da morte. Pensei que uma história sobre uma moça que viaja no tempo duraria no máximo por dois livros - Outlander e A Libélula no Âmbar estão como provas de finais perfeitos e bastante fechados para dúvidas; mas então ela surge com uma narrativa distante da Europa e com pontos bem interessantes sobre a escravização negra e indígena, sem contar nos mitos de diferentes culturas.
Em suma, estou bastante ansiosa para ler o segundo tomo desse quarto volume, mal posso esperar para saber o destino de Brianna e de Claire