Os Malavoglia

Os Malavoglia Giovanni Verga
Giovanni Verga




Resenhas - Os Malavoglia


11 encontrados | exibindo 1 a 11


Felipe 08/05/2013

Os Vencidos
Os Malavoglia é um romance poderosíssimo de Giovanne Verga. Ao retratar a tragédia de uma família de pescadores Verga conseguiu construir uma tragédia que mais parece o colapso universal dos seres humanos. É impossível não se sentir um Malavoglia diante desse mundo exasperante, sufocante e ironicamente cômico retratado por Verga: tamanha é sua carga lírica e expressiva que por vezes confundimos o romance com a própria vida.

Se o romance, como queria Lukács, é “a epopeia do mundo abandonado por Deus”, Os Malavoglia não é, pelo menos, um romance abandonado pelo narrador. Jamais vi um narrador tão umbilicalmente ligado à narrativa. Um criador que se compadece de suas criaturas, que imprime uma dimensão humana e ética jamais ousada na Literatura. A fusão entre narrador e personagens é completa e o êxito estético da linguagem ganha proporções fantásticas. Os Malavoglia permanecerá, pois é estética e eticamente uma obra-prima.
comentários(0)comente



Renato 16/01/2021

Conheça a Sicília (Itália) do século XIX.
Gostei muito deste livro, o romance se passa em uma aldeia próximo a cidade de Catânia na Sicília no século XIX, você conhecerá uma aldeia de pescadores com seus dramas, costumes, fofocas, seus provérbios e ditados. Vale muito a pena lê-lo, é fácil, como são muitos os personagens, é necessário um rascunho para ajudar a conhecê-los melhor.
Da Vinci 30/12/2023minha estante
Concordo plenamente eu também utilizei um rascunho kkk achei que eu fosse o único




Karen 08/09/2014

Ótimo
A história se passa numa vila de pescadores, onde a família dos Malavoglia mora, eles fazem um empréstimo pra fazer um negócio da China onde ganhariam bastante dinheiro, mas tudo dá errado e por causa da dívida eles começam a se matar de trabalhar para que possam pagá-la, mas quando finalmente eles estão quase se recuperando, algo dá errado e eles vão perdendo seus bens, trabalhando cada vez mais e perdendo os seus membros da família um a um. Triste mas real, pq as vezes a gente tenta fazer algo pra melhorar de vida, sair daquela rotina, acaba dando um revéns e acabamos ficando ainda pior.
comentários(0)comente



@garotadeleituras 19/05/2016

A inércia social e a vida dos esquecidos
"Você é o povo. Enquanto tiver paciência de burro, há de levar pauladas." (pág. 184)

Verga nos apresenta um clássico inovador, seja na época da sua estreia em 1881, na Itália, onde o autor deixa para trás o romantismo e abraça o naturalismo, assim como, mesmo depois de séculos choca pela realidade impregnada de uma gente vítima das condições sociais, os vencidos pelo sistema. Os malavoglia na verdade, era o primeiro de uma coletânea/série que tinha o objetivo de retratar o cotidiano e suas sutis particularidades, usando como tomo, a realidade de gente comum (gente como gente) que luta todos os dias para sobreviver, mas que o autor acabou abandonado antes de concluir o projeto.
O foco dessa gente miserável e sua condenação pela imobilidade social são os pilares de construção da obra. Toda a estória gira em torno da família Malavoglia e o patrão ‘Ntoni, pescadores e habitantes de uma pequena aldeia. A nora, chamada de Longa, casada com o Bastianazzo,lavava roupa para fora, o patrão ‘Ntoni e os netos (‘Ntoni, o mais velho, Luca, Mena, Alessi e Lia) trabalhavam por dia ajudando como podia para a sobrevivência.
Inicialmente, na luta por manter a tênue esperança para sair da inércia do qual se encontram, acabam por aceitar o negócio dos tremoços, com a ajuda do capital emprestado do Tio Crussifisso. Entretanto a barca Providência sofre um naufrágio, não só a carga é perdida, assim como o Bastianazzo morre. Lembrei-me daquele provérbio, que diz: "Para pobre, toda desgraça é pouca."

Por falar em provérbios, a narrativa inteira é pontuada por suas aparições nos diálogos. Sejam para expressar uma afirmativa, uma desgraça, uma comemoração, conformação ou esperança. Onde há uma fala, provavelmente anuncia a citação de algum provérbio popular para expressar a sabedoria e ancorar esses miseráveis, que nada possuem, exceto a vontade de vencer mais um dia enquanto houver um pouco de vida.

-“Bom tempo e mau tempo nunca duram todo o tempo!”

Após a tragédia dos tremoços, os malavoglia acabam perdendo tudo, inclusive a casa da nespepeira, símbolo das raízes, como também do orgulho e ancoradouro, depois de um dia sofrido na labuta. Durante toda estória, esses personagens passam a lutar contra a degradação e os problemas diários, que por sinal, vão se agravando de tal forma, que acaba finalmente minando as esperanças de que é possível sobreviver e se estabelecer novamente.

"- Está vendo como o avô lutou a vida inteira? E agora que é velho ainda luta como se fosse o primeiro dia, para sair da lama? É este o nosso destino."

Sobre os personagens, nada como delinea-los de forma tão precisa, sendo possível lhe imprimir um caráter humano e comum; se olharmos bem, conseguimos vê-los transpor para a realidade, como o neto ‘Ntoni, que aqui e acolá se revolta, insatisfeito com a realidade, mas que não consegue se sobressair e acaba se camuflando numa vítima do sistema, ou ainda o tio Crussifisso, o sovina, opressor, que espera sempre tirar proveito da situação. A vizinhança nas portas e janelas que narram os acontecimentos da vida daquela forma peculiar dos interiores...

Giovanni Verga explica sua obra com a seguinte citação:

O caminho fatal, ininterrupto, sempre cansativo e febril que trilha a humanidade para alcançar a conquista do progresso é grandioso em seu resultado, visto no conjunto, de longe. Na gloriosa luz que o acompanha, diluem-se as irrequietudes, as ganâncias, o egoísmo, todas as paixões, todos os vícios se transformam em virtudes, todas as fraquezas que ajudam o trabalho desmedido, todas as contradições, de cujo atrito brota a luz da verdade. O resultado humanitário cobre tudo o que há de mesquinho nos interesses particulares que o produzem, justifica-os como meios necessários para estimular a atividade do individuo que, sem saber, coopera para o bem de todos.
É um clássico diferente dos quais já li. Se você espera dramas familiares entre pai e filho, romance convencionais com a moça e o mocinho declarando sentimentos, ou ainda, espera uma guinada do destino onde tudo termina bem, esqueça! Temos aqui, pai e filho lutando por sobrevier a fatalidade, uma mocinha controlada pela vontade da mãe, usando como critério de escolha, a condição social, uma narrativa onde o ritmo parado é mantido do primeiro ao último parágrafo entre outras nuances.

Para apreciar os malavoglia e suas desventuras, é necessária uma pitada de persistência, captar o viés crítico social do texto, idéia primordial do quadro pintado por Verga. Outra coisa, não temos aqui, um clássico, que apesar de ser relativamente curto, fluído e de leitura rápida. É como as coisas boas da vida, precisa de tempo e atenção para ser apreciado adequadamente. É uma leitura densa, de certa forma complexa, mas que se realizada com a devida atenção e dedicação, nos deixará grandes impressões. #Recomendo.
comentários(0)comente



Lala 30/01/2013

Nhé. Naturalismo por naturalismo, eu fico com O Cortiço, que tem personagens mais interessantes, melhor construídos e mais profundos. Chato, enfadonho, não dá pra criar empatia com ninguém. Só tá ganhando 2 estrelinhas porque eu li que a grande revolução desse livro está na maneira inovadora como ele usa o idioma italiano, coisa que eu não vou julgar, já que li uma tradução. Nhé.
comentários(0)comente



GilbertoOrtegaJr 13/12/2014

Os Malavoglia – Giovanni Verga
Em um pequeno vilarejo na Sicília, próximo ao mar, vive uma família chamada os Malavoglia, sobrenome que quer dizer preguiçoso, mas de preguiça esta família nada tem. O livro Os Malavoglia escrito por Giovanni Verga mostra o quanto esta família está em constante luta, tentando fazer frente as desgraças que acontecem a eles, sem nunca se deixar abater.

A família é composta pelo pratão ‘Ntoni, seu filho Bastiano, sua nora Longa, e seus neto ‘Ntoni, Luca, Mena, Alessi e Lia. Um dia quando o patrão ‘Ntoni sai para pescar no mar com seu filho Bastiano vem uma forte tempestade que faz com que ele perca a carga, seu filho morra e ainda causa grandes avarias no barco que é alugado. É a partir deste fato que começa a se desenrolar um enredo rocambolesco de desgraças na vida desta família, para pagar a carga perdida e o conserto do barco é preciso usar o dinheiro do dote da Mena, mas mesmo assim eles não conseguem pagar todo o valor de uma vez, e o cobrador fica com a casa que era da família.

Após isso Luca vai para a guerra e lá morre, enquanto na vila a sua família só faz para trabalhar para pagar a dívida, porém eles nunca conseguem pagar totalmente, neste meio tempo a Longa morre, o ‘Ntoni neto se torna alcoólatra e por ai vai, parecendo que sempre pode piorar a condição de vida desta família.

O livro é cheio de provérbios, e não tem grandes descrições, pelo contrário tudo o que é narrado ali é em forma de fofoca da vida de todos, assim o narrador dá voz a todas as fofocas da cidade narrando tudo o que ali acontece em forma de falatório da vida alheia, sem para isso usar os recursos normais para se escrever uma fala (dois pontos travessão, ou aspas).

Definitivamente a palavra de ordem do livro é exasperante, passa-se trezentas e quatro páginas e nada melhora na vida desta pobre família, o que faz com que a leitura seja pouco animadora e flua bem lenta, porém é uma história que vale a pena ser lida, pois emociona sem sentimentalismos e pieguice.

site: http://lerateaexaustao.wordpress.com/2014/12/13/os-malavoglia-giovanni-verga/
comentários(0)comente



Luiza.Thereza 07/10/2015

Os Malavoglia
Essa obra é um romance italiano escrito em 1881, e seria o primeiro de uma série de cinco livros que comporiam a série “Os Vencidos”. Verga, no entanto, apenas completou o segundo livro (Mestre Dom Gesualdo) e o primeiro capítulo do terceiro (Duquesa de Leyra) antes de abandonar completamente o projeto. Giovanni Verga é considerado um dos mestres italianos do Naturalismo (influenciado por Blazac, Emile Zola, Flaubert e Guy de Maupassant... Já perceberam que essa galerinha já influenciou grandes autores em grandes obras por aí, certo?)

A narrativa é ambientada em uma província pobre da Itália, os personagens são simples, quase miseráveis (embora eu tenha a impressão de que os personagens do naturalismo brasileiro conseguem ser ainda mais miseráveis, será que se é menos miserável por se viver na Itália?). A linguagem é bem regional e as conversas são, em sua maioria, feitas de porta em porta (tanto é que o tradicional “ponto final, parágrafo, travessão” nem sempre aparece, o diálogo é corrido. Sabe o “cicrano falou que fulano falou que...? Pois é, é assim, só que com o travessão das falas. É meio confuso no começo, mas depois você pega o jeito da coisa.).

Um ponto chave nesse livro, é que os personagens não progridem. Eles não começam em “A” e passam por “B” para chegar a “C”. Eles começam em “A”, passam por “B”, “C”, chegam a “D” e continuam na mesma situação: pobres, miseráveis na verdade, isolados socialmente, sem nenhuma perspectiva de reaver os poucos bens perdidos... Enfim, a família Malavoglia começou e terminou sendo vencida pelo infortúnio.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2014/03/os-malavoglia-giovanni-verga.html
comentários(0)comente



Dauri 16/12/2017

A vida, assim.
O que dizer de um livro quando ele te desafia por te mostrar exatamente aquilo que está escancarado diante de todos o tempo todo? O que dizer de um livro que te faz pensar que assim, na dureza, a vida se apresenta para a grande maioria dos humanos. Não por acaso ele é um representante desse movimento literário chamado verismo.

Não é um livro fácil de ler. As falas se misturam. O leitor se sente perdido numa vila de pescadores do sul da Itália em meio a todas aquelas pessoas que falam sem parar. Aos poucos o leitor vai se situando e se assombrando com a sequência dos acontecimentos. Não há prazer na leitura, muito menos entretenimento. Há que se descobrir outro sentido para se seguir com a leitura.
comentários(0)comente



JoAo 22/01/2022

Ambientado em um pequeno povoado na Sicília, o enredo de "Os Malavoglia" gira em torno dos percalços e infortúnios que assolam a família que dá título ao livro. Giovanni Verga é um autor adepto do chamado Verismo (um estilo próximo/similar ao nosso Naturalismo) empregando uma veracidade quase visceral na modelagem das personagens e dos cenários, o que se percebe tanto na reprodução dos falares e costumes locais, bem como na descrição das paisagens e das dinâmicas sociais que afetam o pequeno povoado em que se passa o romance. O narrador é um capítulo à parte: envolve-se com o destino das personagens e nos proporciona um mergulho na realidade tratada ao mesmo tempo em que busca sair de cena, de modo a trazer o foco devido para cada uma das individualidades que fazem mover a engrenagem da história. E por falar em engrenagem, em "Os Malavoglia" não há dinâmica que possa antecipar qualquer noção de mobilidade social ou de progresso. As personagens e os seus destinos estão como que presos, estagnados a uma espécie de destino manifesto que consiste exatamente em não sair do lugar. A luta por qualquer tipo de ascenção, evolução ou conforto mínino é vã, não leva a lugar algum, sendo fadado aos indivíduos a condenação da permanência/estagnação em um limbo que coube ao destino traçar. A meu ver o romance em questão é tributário do estilo de Emile Zola, mas também guarda alguma semelhança com Victor Hugo (em "Os trabalhadores do Mar"), bem como com o posterior romance italiano "O deserto dos Tártaros", de Dino Buzatti - especialmente em se tratando da estagnação kafkiana que permeia a narrativa de Buzatti, amarrando qualquer possibilidade de libertação das personagens, atando-as a um destino descendentemente circular.
comentários(0)comente



Marcos 26/01/2014

Os Vincenzo, Trapani, Furfaro, Lourenço, Trevisan, Savian, Miano, Lupeltti...
Para alguém de ascendentes sicilianos como eu, essa obra é muito mais que um clássico. Dá idéia da vida miserável que se levava lá e que estimulou o enorme fluxo de nossos ancestrais para cá a tentar uma nova sorte, mas ainda se sente, depois de 2 ou 3 gerações, a mesma inércia social.
Para mim que se pode dizer que Verga é o Machado de Assis realista italiano.
comentários(0)comente



Rafael.Rovath 18/10/2023

Trecho de "Os Malavoglia"
"O avô os esperava de olhos pregados à porta, embora já quase não enxergasse, e os tocava para assegurar-se de que eram eles, e daí não dizia mais nada, enquanto dava para ver em sua cara que tinha muita coisa a dizer. Quando lhe contaram, então, que haviam recuperado a casa e queriam levá-lo de volta a Trezza, respondeu que sim com os olhos, que brilharam de novo, e quase armava um sorriso na boca, o sorriso de quem não sorri mais, ou que sorri pela última vez, e que fica cravado no coração da gente como uma faca.
Assim aconteceu aos Malavoglia, quando voltaram na segunda-feira, com a carroça para apanhar o avô, e não o encontraram mais."
comentários(0)comente



11 encontrados | exibindo 1 a 11