Felipe - @livrografando 14/11/2017
O quinteto da matemática
Não foi a primeira vez que tive contato com este livro. No início de 2013, eu já havia tentado ler, mas devido a uma leitura (na época, chata e incompreensível) abandonei-a. Porém, anos depois, não sei por qual motivo, veio-me uma vontade de devorar esse livro, e eis que ele aparece no mesmo lugar em que o encontrei há quatro anos atrás. Agora, em 2017, quando leio, já na faculdade e conhecendo um pouco de história e filosofia, percebo que não é um livro escrito para qualquer leitor, dada a complexidade do entendimento.
Ambientada em Paris, tendo como espaço principal a Livraria das Mil e Uma Folhas e os altos, protagonizada por Pierre Ruche, um idoso de 84 anos, que se encontra paralítico por causa de um acidente e a família Liard (Perrette, a governanta e seus três filhos, os gêmeos Jonathan-e-Léa, ambos adolescentes de 16 anos e o surdo Max, de onze). O tempo da trama dura um ano (ou quase), pois vai de agosto de 1992 a julho de 1993. Nesse espaço de tempo, Denis Guedj, o autor do livro, cria uma missão para o quinteto, os quais irão desafiar até suas próprias crenças e capacidades.
A história inicia-se numa luta de Max, o mais novo dos filhos de Perrete, contra dois homens que tentam apanhar a força um papagaio, em Cliangourt, no Mercado das Pulgas. Nesse embate, o menino acaba saindo ferido e o papagaio fere um dos homens, sendo este levado para a residência do Sr. Ruche. Por causa da ave rara, Max ficará na mira desses dois homens. Concomitantemente, Pierre Ruche recebe uma carta de seu velho amigo, Elgar Grosrouvre, anunciando que está pelos meandros da floresta amazônica e sendo ameaçado. Grosrouvre anuncia que mandou a sua biblioteca inteira, em grandes caixotes, referente aos grandes matemáticos para Paris, com destino a residência do idoso. Dois meses após receber esta carta, Ruche recebe uma outra correspondência noticiando que Grosrouvre morrera em um incêndio por causas misteriosas. É exatamente neste momento que os personagens precisarão mergulhar na história da matemática, bem como na vida dos autores e de suas obras que eles vão começar a conjeturar e tentar aproximar-se do que poderia haver acontecido com Grosrouvre na floresta e por qual motivo ele enviaria a sua biblioteca a um lugar longínquo como Paris. Por causa dessa investigação, os personagens passarão horas e horas em seções, passeando pela história da matemática, em especial, os listados na carta que Grosrouvre escrevera.
Denis Guedj oferece um passeio pela história da matemática, que, embora deixe por alguns momentos cansativa por causa dos cálculos, sem dar ao leitor alguma base de como isso pode se relacionar à narrativa, que perpassa a filosofia e a mentalidade das épocas. Como falei no início, não é uma leitura para qualquer leitor, mas ajuda a pensar sobre a questão da verdade e a visão de mundo dos personagens, o que cada um representa, que é apresentado no início da narrativa, é fundamental para entender as posições de cada um. É um livro que nos ajuda a refletir sobre o que é passado para nós como verdade e como podemos questioná-la, bem como uma forma de viver e de pensar.