z..... 12/07/2016
Gostar da vida selvagem predispõe empatia com o livro, afinal, a história se desenrola no olhar do lobo. Mas não um qualquer, trata-se de Caninos Brancos, um animal turbinado por percepções e disposições caricatas à humanidade. Essa é uma graça em especial que vejo nesse tipo de literatura, pois os autores transferem algo humanizado às personagens, criando heróis, vilões e ressaltando valores no que poderia ser apenas puro instinto. Creio que é assim e sem essa caracterização, que em geral é interessantemente inverossímil, as histórias não teriam a curtição que as tornaram famosas.
E não é isso? Certamente, como vemos em sua linha de ação:
A história da loba mãe, uma periguete e também viúva-negra, muito consciente de suas armas de sedução e objetivos, tendo até nome de guerreira da causa - Kiche (KKKKK! Bobagens minhas!). A fêmea, de seus admiradores, não sendo besta e como é verdadeiramente natural (à vida selvagem e "periguetagem"), escolhe o de classe mais dominante na alcateia, o Zarolho.
Depois temos a história do lobinho descobrindo o mundo com desejos cativantes de aventuras (uma criança hiperativa) e a trama flui para sua adolescência como mascote do indígena Castor Cinzento, onde aprende a lidar com as diferenças, convivência social e o bullying do Lip-Lip. Vemos aprendizagem e fortalecimento em seu caráter.
A fase da juventude é barra pesada, onde se torna um lutador e, quase literalmente, tem de matar um leão por dia para sobreviver. É um jovem assolado por experiências que lhe calejam como pessoa (opa, digo, lobo).
Finalizando, na vida adulta tem que rever alguns de seus conceitos e aprender a se adaptar em um ambiente diferente de tudo que já viveu. Alcança enfim realizações que buscamos: ter segurança, tornar-se "um pai de família" e conquistar um ideal satisfatório, que no caso dele é ter se tornado um herói.
KKKKK! Será que essa arrumação que escrevi pode ser considerada spoiler... Pode-se dizer que sim, pois foi o que vi, e pode-se dizer que não, afinal não escrevi nada além de bobagens.
Gostei da obra e essa foi uma releitura. De negativo só não gostei da fase final que, para meu gosto, traz uma desconstrução na personagem. Prefiro o indomável e famigerado lobo das montanhas ao cachorro de família em que se transformou, que nunca estará no instinto dos lobos. Chatice minha né! Fiquemos então com o fantástico olhar de Jack London.