Felipe 12/12/2012
Interessante mas não excepiconal
Tony Bourdain é conhecido pelos telespectadores do Discovery Channel por seu programa ‘Sem reservas’ onde viaja mostrando locais e comidas de uma maneira sarcástica e divertida. Antes de ser astro de televisão, no entanto, Bourdain deu duro no ramo de restaurantes até se estabelecer na renomada Brasserie Les Halles em Nova York. O livro conta a sua trajetória desde quando viajou com a família para a França quando era criança a bordo do Queen Mary até chegar a chef de um dos mais respeitados restaurantes de Nova York. Para quem nunca ouviu falar do livro, ele talvez seja um bela descoberta, mas para quem a fama do livro chegou antes, talvez fique um pouco decepcionado.
A prosa de Bourdain não é tão irônica e sarcástica quando seu programa de televisão, esta é a primeira decepção. O livro não é uma desmistificação do glamour dos restaurantes como a fama do livro sugere. Para quem não domina o francês muitas vezes não consegue entender sobre que tipo de comida o autor está falando. O livro foi escrito pensando no público de Nova York, e isto é bem latente na obra, pois descreve uma realidade bem local (apesar de algumas passagens por Tóquio e litoral americano). Além disto, fala do mundo dos restaurantes caros, onde uma refeição para dois não sai por menos de R$ 200,00, locais que muitos de nós não costumamos frequentar por razões óbvias, não é o livro sobre restaurantes, mas sobre um tipo específico de restaurantes. Por vezes parece se tornar um livro de receitas, outras uma sessão de análise, e outras uma descrição anatômica de um trabalhador braçal. Enfim, são muitos os pontos que decepcionam o leitor a qual a fama do livro chegou antes dele.
Porém, existem pontos que são deliciosos. Como a descrição de quem de fato trabalha nas cozinhas dos grandes restaurantes que são em grande parte os emigrantes latinos. Conta como este tipo de estabelecimento, apesar de seus altos preços, tenta enganar os clientes. A descrição de como é difícil administrar uma cozinha deste tipo, que envolve muitas coisas além de gerências de pessoas que devem trabalhar em equipe. Mas o grande destaque fica por conta de como este tipo de trabalho atrai os ‘marginalizados’, que como conta o autor, são em grande parte viciados em algum tipo de droga, como ele próprio confessa em relação a maconha e cocaína.
O livro é bom, mas parece que sua fama o tornou uma referência cult que de fato ele não merecia. Merecia ser lido, mas a sua idolatria não parece se justificar a um leitor brasileiro.