Amanda Azevedo 17/02/2012
Mapas do Acaso - Humberto Gessinger
Nesse segundo livro a narrativa é um pouco diferente. O Humberto não está tão focado em contar a trajetória, por assim dizer, da banda. Ele escreve sobre coisas aleatórias, fala sobre sua vida, sobre alguns fatos ocorridos.
A leitura flui naturalmente. Através de detalhes que ele observa e reflete sobre, ele faz com que nós também paremos para pensar naquilo. Coisas e fatos que facilmente passariam despercebidos aos nossos olhos. Acho que é aquilo que dizem, é a alma de poeta.
A capacidade de fazer do feio, belo. De transformar fatos do nosso cotidiano em poesia, em música, em emoção. De descrever em algumas linhas, sentimentos de milhares de pessoas. Da sua falta de objetividade, que só faz com que a atenção e o cuidado ao ouvir suas músicas se tornem algo, incrivelmente minucioso.
Quando ouvimos uma música, as vezes, pensamos: "o que será que quem compôs estava pensando, sentindo?" E muitas vezes nos identificamos com aquilo, ouvimos a nossa história ali, escrita e transformada em música por um desconhecido. Eu cresci ouvindo os EngHaw, várias músicas deles me marcaram e foi deliciosamente prazeroso saber sobre o que se passava na cabeça do Humberto ao compor tais canções.
Você pode até não ser grande apreciador da banda, mas acho um pouco difícil que nunca tenha escutado nenhuma música dos EngHaw. Não conheça os conheça apenas superficialmente, dê uma chance e ouça. Algumas pessoas não gostam, isso é fato. Mas muita gente gosta, então, acho que vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões a respeito.
Se você conhece o trabalho deles e está certo de que não gosta, é sem sentido a leitura, então, eu não recomendo. Se você não conhece o trabalho deles, faça o que eu disse no parágrafo anterior, ouça, e caso te agrade, parta para o próximo passo, os livros. Se você conhece o trabalho deles e curte a banda esses livros passam a ser uma leitura obrigatória. Foi incrível poder descobrir detalhes sobre essa banda que vem fazendo história desde a década de 80.
Isso foi um pouco dos Engenheiros do Hawaii pra vocês. A banda feita para durar apenas uma noite, mas que ficou e ficará presente na vida de muitos, através de suas músicas que marcaram e continuarão marcando gerações.
O livro pode ser visto como a história da banda ou como a história do próprio Humberto? Não sei, talvez sejam a mesma coisa. Afinal, ele é o único que continua na banda desde a formação inicial. Ele começou com a banda em sua adolescência e permanece até hoje, no Duo do Pouca Vogal, então, acho impossível falar de Humberto Gessinger e não falar de Engenheiros do Hawaii e vice-versa.
Porque o subtítulo '45 variações sobre um mesmo tema'? Porque no finalzinho do livro tem a letra de 45 músicas, algumas com alguns comentários a respeito de sua criação ou sobre algum outro fato que ele decidiu citar ali.
Amanda — Lendo & Comentando
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