A Transcendência do Ego

A Transcendência do Ego Jean-Paul Sartre




Resenhas - A Transcendência do Ego


9 encontrados | exibindo 1 a 9


13marcioricardo 21/08/2022

Não é pra leigos.
Cometi o erro de ler este livro sem ter arcabouço filosófico pra tal. Já desconfiava que isso pudesse acontecer, mas caí na presunção de que o livro seria mais fácil ou de que fosse capaz de o absorver com maior ou menor dificuldade. Dá pra entender muita coisa, mas pra compreensão mais próxima à totalidade faz-se necessário adquirir alicerces sólidos em filosofia. Neste caso, convém saber sobre principalmente sobre Descartes, Kant, Husserl e La Rochefoucauld.
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Fernanda.Kaschuk 01/08/2018

A existência precede a consciência.
No texto A Transcendência do Ego, Sartre nos mergulha em uma brilhante introdução ao seu pensamento existencialista, que precederia sua obra prima filosófica: O Ser e O Nada. Ora ensaio filosófico ora ensaio psicanalítico, mas sempre confiante da importância da filosofia enquanto ferramenta de compreensão e resistência do homem contemporâneo frente ao mundo que vive, Sartre defende a ambiguidade do pensamento humano e a condenação à liberdade, que viria a ser melhor conhecida posteriormente. Para ele, consciência e ego não coexistem necessariamente no mesmo tempo e espaço, pois para ele o ego habita no mundo, não no consciente. Dito isso, entende-se que o ego, apesar de fazer parte de quem somos, acontece rigorosamente no ato: nos escapa e escorre pelos dedos. É a existência pura, o contato externo que nos preenche internamente, e por isso mesmo não se resume a consciência e reflexão, mas a uma unidade de estados infinita e universal, que por sua vez apesar de não refletir, dialoga com a consciência no sentido de produzir concretamente expressões da consciência. Logo, o ego é peça fundamental da existência, e através dele formamos nossa consciência.
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Kildary 20/12/2018

Ego é exterior à consciência e contemporâneo do mundo.
Comumente acredita-se na existência de um EU pela unidade e individualidade da consciência: porque todos os meus pensamentos se relacionam com esse “abrigo” permanente e “porque eu posso dizer ‘minha consciência’ e que Pedro e Paulo podem igualmente falar em suas consciências que essas consciências se distinguem entre elas”. Mas não é em toda consciência que um EU se faz presente, somente na reflexiva: Quando corro atrás de um bonde, quando olho o relógio, quando me absorvo na contemplação de um retrato, não há Eu. (...) eu sou afinal atirado no mundo dos objetos, são eles que constituem a unidade de minhas consciências que se apresentam com valores, qualidades atrativas ou repulsivas, mas 'mim', eu desapareci, eu nadifiquei. Não há lugar para 'mim' neste nível, e isto não provém do acaso, de uma falha momentânea de atenção, mas da própria estrutura da consciência.” Só há EU na consciência reflexiva, não há na irrefletida.
A constituição do ego é um imbricado jogo de consciências sobrepostas que transcendem-se: O eu é o ego como unidade transcendentes de ações, as ações por sua vez são unidades transcendentes das consciências refletidas. O que há na base são consciências em mera instantaneidades com o objeto (repulsão, atração, etc.) que transcendem em ações (odiar, amar, etc.) constituindo um EGO. Apesar desse ego ter sido criado, tem-se a impressão de ele ser o criador, o administrador da consciência, sobre isso Sartre resume: “o que é realmente primeiro são as consciências, por meio das quais se constituem os estados, depois, mediante os estados, o Ego. Mas como a ordem é invertida por uma consciência que se aprisiona no Mundo para escapar de si, as consciências são dadas como emanando dos estados e os estados como produzidos pelo Ego. Segue-se que a consciência projeta sua própria espontaneidade no objeto Ego para lhe conferir o poder criador que lhe é absolutamente necessário.”
Se em Freud há um Eu interior num inconsciente -o amor de si- que de forma dissimulada está impregnado em todos os sentimentos e atos, em Sartre ele é criatura transcendente. Nesse pequeno livro, cheio de jogos lógicos e de terminologias confusas, a noção de diluição do sujeito é definitiva. O século XX, e todos o existencialismo, de diferente maneiras e em diferentes áreas partem dessa constatação.
Amanda 20/12/2018minha estante
um combo desse livro e da resenha e a insônia é erradicada no mundo


Kildary 20/12/2018minha estante
Agradeço o feedback. Volte sempre! Feliz 2019!




Romeu Felix 11/03/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"A Transcendência do Ego" é um livro do filósofo francês Jean-Paul Sartre, publicado originalmente em 1936, e que teve sua edição em português pela editora Edições Colibri em 1994, com 132 páginas. O livro é um ensaio filosófico que apresenta uma reflexão sobre a natureza da consciência e o problema da subjetividade.

A obra se divide em três partes. Na primeira parte, Sartre faz uma crítica à tradição filosófica que considera a consciência como uma substância ou uma entidade autônoma. O autor argumenta que a consciência não pode ser compreendida como uma coisa em si mesma, mas como um processo dinâmico de relação com o mundo.

Na segunda parte, Sartre apresenta sua teoria da "transcendência do ego", que consiste em mostrar como a subjetividade não é uma propriedade intrínseca da consciência, mas sim um resultado do processo de autoconsciência. Sartre argumenta que a consciência não é apenas consciente de objetos, mas também é consciente de si mesma, o que leva à formação de um eu ou ego que se vê como uma entidade distinta do mundo.

Na terceira parte, Sartre apresenta uma crítica às teorias psicológicas e psicanalíticas que consideram o ego como uma entidade autônoma e estável. O autor argumenta que o ego é uma construção dinâmica e contingente que surge do processo de interação entre a consciência e o mundo, e que sua estabilidade é ilusória.

"A Transcendência do Ego" é uma obra fundamental para entender a filosofia de Sartre e o existencialismo. O livro apresenta uma reflexão original e crítica sobre a natureza da consciência e a subjetividade, destacando a importância da liberdade e da responsabilidade na construção do sentido da vida. A obra é indicada para estudantes e pesquisadores de filosofia, psicologia e áreas afins.
Por: Romeu Felix Menin Junior.
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MauricioTiso 30/04/2019

A mutabilidade do Ego
É um livro complexo e de difícil leitura. Demanda uma profunda atenção, um verdadeiro estudo sobre o conhecimento aqui exposto.

De uma maneira muito resumida, o autor traz uma proposta de que o Ego é mutável pela provocação de potencialidades já existentes, que é um todo destas potencialidades mas se apresenta em seu estado mais recente, e que captura e agrega (Apreende) tudo ou seu redor, sendo sucestivel à espontaneidades.

Essas características tem uma profunda interação com o Mundo, pois esses objetos de reflexão provocam e alteram esses potencialidades e, consequentemente, o Ego em sí que as apreendem.

Dada sua natureza íntima e indistinta, seria impossível refletir se esses estados realmente lhe pertencem ou foram impostos.

Recomendo à todos que queiram aprofundar o conhecimento sobre sentimentos e ações.
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Iza 08/04/2022

BOM DEMAIS! EU É UM OUTRO!
O ego é um objeto transcendente da consciência (é unidade dos estados e ações, unidade de unidades transcendentese e ele mesmo transcendente), que sempre aparece apenas quando não olhamos para ele, é o outro.

Ele cria "qualidades" a objetos que são transcendentais (sentimentos além da minha compreensão que prefiro nomear de ódio ou amor) essas qualidades são apenas potencialidades (sou ciumento? não. estou ciumento, mas dizer que sou ciumento não está errado, tal ciúme existe em potencia, portanto, sou um ciumento em potencial). São desse tipo naturalmente os defeitos, as virtudes, os gostos, os talentos, instintos etc. (são os estados e as ações)

OBS: O intermediário entre os 3 é a qualidade; a ação é o estado presente da qualidade; cada estado e ação é incapaz de ser separada do Ego; o Ego é indistinto,  que na filosofia é a interioridade vista de fora ou projeção degradada da interioridade, uma vez que o ego é um ser do mundo.

LIVRO: O Ego, como veremos, é diretamente a unidade transcendentedos estados e das ações. No entanto, pode haver um intermediárioentre esses e aquelas: é a qualidade. Quando nós experimentamosdiversas vezes ódio em relação a diferentes pessoas, ressentimentos tenazes ou longa cólera, nós unificamos essasdiversas manifestações intencionando uma disposição psíquica deproduzi-las. Esta disposição psíquica (eu sou muito rancoroso, soucapaz de odiar violentamente, sou colérico) é, naturalmente, algomais, e uma coisa diferente, do que um simples meio. É um objeto transcendente.

LIVRO: A qualidade é dada como uma potencialidade, uma virtude que, sobre
a influência de fatores diversos, pode passar à atualidade. Suaatualidade é precisamente o estado (ou a ação).

Todo sujeito tem um predicado, o sujeito sendo sua totalidade concreta e o predicado uma qualidade separada da totalidade que SÓ adquire todo seu sentido se ligado à totalidade.

O EGO NADA É FORA DA TOTALIDADE CONCRETA DOS ESTADOS E DAS AÇÕES QUE ELE SUPORTA.

Para Sartre, tudo é transcendente, tudo está para além da nossa compreensão, nunca poderei dizer que conheço totalmente uma maçã, ainda haverá infinitas representações que não terei acesso, imagine conhecer a mim mesmo! Você não pode descobrir o Eu porque o Eu é infinitamente complexo.

+ Considerações

O Sartre faz muitas referências a O Ser e o Nada nesse livro, é incrível o despertar ainda maior de interesse que eu tive pelo assunto assim que comecei o capítulo 2 (onde ele realmente começa a produzir seu pensamento) (no 1 ele só apresenta alguns conceitos e autores como Husserl, Hegel, Heidegger, Decartes) MAAS é fantástico do o início ao fim, é um bom preparo pra oque vem depois.

Um conceito que eu já conhecia de antes inclusive que me fez um BOOM na mente foi o conceito de má fé, explicação: indivíduo que evita a responsabilidade de suas escolhas, viver a vida com base em qualquer outro sentido que não tenha sido criado por ele mesmo. Segundo Sartre, o homem está condenado a ser livre, a ser responsável por suas próprias escolhas, por viver sua realidade construida por ele mesmo; nas palavras do próprio Sartre: carrega nos ombros o peso do mundo inteiro, é responsável pelo mundo e por si mesmo enquando modo de ser.

Obviamente deixei passar muita coisa que poderiam ser importantes e corrija-me se absorvi algo errado, já fico muito feliz por ter entendido o que ele quis dizer por no mínimo 70% do livro.
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Geovanny 11/04/2023

Sartre é genial
O estudo de Sartre sobre a consciência é genial, os elementos que o mesmo usa desbancando alguns velhos conceitos da psicologia.
definitivamente, não é um livro para conhecer Sartre, requer um conhecimento, aulas, vídeos e podcast só para entender minimamente o que é proposto
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Mike 23/04/2023

A transcendência do Ego
Uma leitura densa, entender que o ego transcende o Eu e está contido no mundo é uma das primeiras filosofias de sartre.
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