Tiabetok 05/03/2011
Olhos de fogo
Helena Gomes e Kathia Brienza
Escrita Fina – 2010
Olhos de fogo trás uma feliz mistura de história com ficção, onde temos a batalha de grandes mulheres pernambucanas contra os holandeses no século XVII, que fora esquecida. No entanto, as escritoras acrescentaram mistério, mortes e investigações.
"O ponto de partida para este livro veio da nossa editora, Laurinha, que nos sugeriu escrever sobre a Batalha das Heroínas de Tejucupapo, um evento de extrema importância para a história de Pernambuco e do país, mas que infelizmente é desconhecido pela maioria dos brasileiros.” As autoras
Pin é nosso protagonista, um adolescente sonâmbulo e que tem muitos pesadelos, e estes são premonições de eventos que cedo ou tarde vem a acontecer. Ele e seu pai, um estudioso, vão para a vila de Tejucupapo, onde ele conhece a jovem Jussara, uma indiazinha muito corajosa.
Passam a acontecer mortes neste vilarejo, e a culpa é posta em Anhangá, uma força mística – digamos assim – protetora da floresta e dos animais. No entanto, a jovem Jussara e Pim acreditam que haja um culpado real para os crimes, e não descansam até encontrar o verdadeiro culpado.
O que me chamou muita atenção, foi a quantidade de fatos históricos presentes no livro. As autoras fizeram um excelente trabalho de pesquisa e adaptação para que o texto não perdesse sem foco – o suspense- e ao mesmo tempo informasse o leitor sobre questões históricas de grande importância.
“Desde a chegada dos primeiros europeus, um século antes, a região nunca mais foi a mesma. Aliados dos tabajaras, os portugueses logo passariam a disputar com os franceses terras e mercadorias, em especial pau-brasil e escravos índios. Já os franceses contavam com o apoio dos caetés. Os potiguares também se envolveram em muitos conflitos, lutando para se defender da colonização européia cada vez mais iminente. “Hoje, nada resta aos índios a não ser morte e escravidão”, pensou Jussara, amarga. “Nunca mais seremos livres como nossos antepassados”.”
Outro ponto realmente importante – para mim – é a personalidade do nosso herói. Um rapazinho holandês que parece o tempo inteiro ser contra as conquistas feitas pela sua nação. O que o faz ser um incompreendido. Tem uma doçura infantil, uma persistência de detetive e a força de uma mosca – nem tudo é perfeito- . Confesso que gostei muito dele.
- Meu medo é que civilizações como a minha, um dia, acabem dominando o mundo – completou ele. – Então não haverá respeito por mais nada, nem pela vida humana nem pela natureza. Só existirá a ganância e a vontade de lucrar acima de tudo, não importa a que preço.
- Você é mesmo holandês?
- Claro que sou!
- Pois você pensa como índio.
O livro é incrivelmente perfeito em tudo. Desde a folha de rosto e todo projeto gráfico ao conteúdo do mesmo. É um livro que agrada visualmente e que não deixa a desejar quanto a qualidade literária. Trás uma linguagem simples e de fácil entendimento. Se em minhas resenhas eu colocasse notas, com toda certeza a nota deste seria 10.
O que posso adiantar: O melhor livro que li (depois de o perfume) recentemente.