Douglas 14/06/2014
1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer
Embora eu seja um cara que assista vários filmes, eu não me considero um cinéfilo, tampouco me considero um crítico de cinema. Assisto apenas para diversão.
Se você tem essas mesmas características que eu, então eu afirmo que este livro deve ser lido apenas a título de curiosidade.
Por que eu estou dizendo isso?
O livro foi desenvolvido por vários críticos de cinema e é todo ilustrado com fotos ou cartazes dos filmes, tem uma pequena resenha de cada filme, fala um pouco da sinopse ou cita algumas curiosidades, além de mostrar informações técnicas como ano de lançamento, duração, direção, elenco, etc.
É claro que ninguém vai concordar com todos os filmes que estão listados neste livro, afinal de contas, neste livro há opiniões de outras pessoas e elas nunca serão iguais a sua.
Eu, por exemplo, assisti a vários desses filmes, alguns eu concordo plenamente de estarem nesta lista, porém outros eu discordo totalmente de estarem ali.
Alguns dos meus filmes favoritos nem foram citados e isto me decepcionou um pouco.
Eu, particularmente, retiraria alguns títulos e colocaria outros. Mas é claro que este livro não é meu, e o autor dele faz o que bem entende com a lista, estou apenas exercendo meu direito de dar um "pitaco".
MAS, eu fui obrigado a dar uma classificação baixa para o livro.
Por quê?
Porque eu achei este livro bastante chato.
A proposta do livro é interessante, pois ele faz uma catalogação cronológica de vários "clássicos" que muitos de nós nunca tínhamos ouvido falar. A cronologia vai de "Viagem à lua" (1902) até "O Artista" (2011), filme que fecha esta minha versão do livro (que tem o Avatar na capa).
O problema está nas resenhas dos filmes: são muito chatas!
Justiça seja feita, não são todas as resenhas, algumas até que são legais, mas várias (muitas, na verdade) chegaram a me irritar.
Vale lembrar que, ao contrário de muitas pessoas que leram apenas os títulos dos filmes e colocaram o livro como "lido" e correram para assistir os filmes (eu sei que muitos fizeram assim – embora eu não tenha nada contra essas pessoas), eu li página por página. Palavra por palavra dessas 945 páginas (há mais 15 páginas de índices e créditos).
Não pretendo me alongar, só vou citar 4 exemplos de trechos que eu achei chato:
Exemplo 01:
Em outras palavras: seria ele um entretenimento reconfortante e escapista que admite ser problemático para poder desobstruir e reforçar o status quo ou – quase à sua própria revelia – um gesto subversivo no coração do sistema hollywoodiano, um grito de raiva incontida como o massacre da Tootie da sua tribo imaginária de homens de neve?
Exemplo 02:
Observando ainda mais profundamente, é preciso dar crédito às inferências dos críticos cinematográficos da cahiers du cinéma, aos desenvolvimentos na pintura modernista, às correntes existencialista e bergsoniana da filofia europeia e outras revigorantes inovações teóricas / culturais / sociopolíticas desse período intensamente fértil da cultura francesa.
Exemplo 03:
Na viagem através do cômodo, os filmes, processos de cor e iluminação se modificam, levando em conta elementos aparentemente aleatórios, mas na realidade planejados. Enquanto isso, na trilha sonora, uma onda oscilatória progride da frequência mais baixa (50 ciclos por segundo) para a mais alta (12.000 ciclos) com fragmentos irônicos reatirados dos Beatles (Strawberry fields forever) misturados com o minimelodrama. Como muito do cinema underground e experimental, Wavelenght é facilmente tachado de pretensioso ou descartado como narcisismo intelectual, mas ainda é uma obra vital, importante e necessária.
Exemplo 04:
O pássaro das plumas de cristal, de Dario Argento, é uma adaptação não autorizada do romance de Fredric Brown The Screaming Mimi, muito mais fiel à trama original do que adaptação oficial de Gerd Oswald, de 1958, The BIRD with the Crystal Plumage. Dario usou as diretrizes gerais estabelecidas por Mario Bava em The Evil Eye (1963) e Bloond and Black Lace (1964) para produzir uma versão bem italiana do thriller no estudo de Hitchcock. Ao fazê-lo, o diretor criou um subgênero próprio com seu primeiro longa.
Eu acho que esses 4 exemplos ilustram bem o que eu estou querendo dizer, mas há dezenas (talvez centenas) de trechos assim.
Em muitas páginas o sono foi incontrolável. Quando eu chegava às páginas que eram ocupadas inteiramente por uma foto, eu pensava: "Que bom! Não vou precisar ler nenhum texto chato nesta página!".
Não pude deixar de pensar que este seria um livro de 1001 cochiladas para ter antes de morrer.
Além de tudo isso, há muitos spoilers nas resenhas.
Há resenhas que contam o final do filme!
Ainda por cima, o livro usa uma fonte extremamente pequena e uma folha branca, que reflete muita luz, o que torna a leitura ainda mais cansativa.
Repito: eu admiro e respeito a catalogação que o livro fez (por isso dei 2 estrelas) mas sou sincero em dizer que eu achei a leitura deste livro uma chatice sem tamanho.
Avaliando ele como leitura, o livro foi uma grande decepção (embora eu o considere um bom remédio para combater insônia).
Infelizmente..
Falando em falhas gerais, eu encontrei pouquíssimos erros de digitação nesta versão do livro (repetindo, que tem o Avatar na capa), mas esses erros de digitação são normais, tendo em vista a quantidade de texto que há no livro, mas eu gostaria de apontar 2 falhas graves:
1) Quem são os resenhistas PH, CP, ST, JP, SM, IHS e SW e por que o nome e a biografia deles não estão nos créditos dos colaboradores?
2) Por que as resenhas dos filmes FALE COM ELA (2002) página 901, GOMORRA (2008) página 919 e DEIXA ELA ENTRAR (2008) página 919 não estão traduzidas?
Para finalizar, este foi o primeiro livro que eu li da "Série 1001". Eu tenho outros livros da série como "desejados", mas depois de concluir este livro, coloco em "xeque" a possibilidade de ler um segundo livro desta série. Talvez no futuro. Em um futuro muito distante.
Um abraço e meu respeito a todos.