Bruna Fernández 14/07/2011Resenha para o www.LivrosEmSerie.com.brDesde o lançamento desse livro eu fiquei extremamente curiosa para lê-lo, logo após correr os olhos pela simples sinopse dele. O que me chamou atenção - e ajudou a criar uma certa expectativa - foi que apesar de se tratar um livro de ficção, temos a sensação de que grandes mistérios da raça humana serão adereçados no livro, fora o grande e polêmico mistério envolvendo a data do fatídico "final do mundo".
O livro começa de maneira inusitada com uma transcrição do diário de Julius Gabriel. Nessa entrada que é apresentada ao leitor, Julius fala sobre o futuro da espécia humana, falando sobre as escavações com suas famílias e das descobertas que fizeram juntos. Ao longo de toda a obra nos deparamos com fragmentos do diário e é bem interessante ler os pensamentos mais pessoais da personagem e muitas vezes ter alguns segredos e/ou mistérios revelados pela escrita dele. As entradas do diário acrescentam muito à narrativa e evoluem juntamente com a história, explicando alguns pontos que podem ser desconhecidos pelo leitor e também com algumas imagens e ilustrações. Ponto pro autor!
O Domínio é divido em partes, ora temos as entradas do diário de Julius, ora acompanhamos seu filho, Mick, em sua estadia em uma espécie de sanatório em Miami e sua nova residente, Dominique Vasquez. Em outros momentos acompanhamos o cenário político dos EUA diretamente da Casa Branca. Essas mudanças de ambientes podem ser um tanto quanto confusas no início, mas a história acaba se entrelaçando.
Mick é um personagem extremamente carismático. É impossível ler seus "bate-papos" com Dominique e não ficar dividida como a própria Dominique fica no livro, sem saber no que acreditar. Pois as explicações apocalípticas de Mick parecem surreais ao extremo, entretanto Mick fala com tanta certeza, tanta clareza e conhece tão bem o assunto e sabe as perguntas - e algumas respostas - certas a serem feitas nos momentos em que elas mais surtem efeito. Fica realmente difícil não acreditar no que ele afirma, ainda mais depois de ler o diário do pai dele e perceber as conspirações que ocorrem à sua volta.
Já Dominique não é uma personagem que se destaca tanto. É inteligente, feminina e sagaz - como outras tantas mocinhas. A impressão que me passou foi a de que somente está ali para servir de apoio para a personagem de Mick e ajudá-lo em sua jornada. Nenhuma outra característica me marcou a ponto da personagem se destacar mais no enredo, apesar de todo a carga de drama pessoal que ela carrega e do enorme gancho que fica no final da história - no qual ela está intensamente envolvida.
O enredo da história é instigante, mas não me convenceu totalmente. Existem muitas partes em que especificações mais técnicas são dadas e somente uma pessoa com grande conhecimento em Física, Astronomia, Química e Matemática conseguem entender, material digno de conversa entre cientistas da Nasa. Isso não compromete a leitura, mas acaba desacelerando um pouco o ritmo do enredo. Em algumas partes achei a história muito forçada e surreal, mesmo pra um livro de ficção. Apesar da abordagem do livro ser sobre os maias e a "previsão" do final do mundo em 2012, na verdade, caímos sobre a boa, porém batida, temática do Bem contra o Mal, da Luz contra as Trevas - sempre permeadas de elementos religiosos. Terminei a leitura com a sensação de que alguma coisa estava faltando.
As partes mais interessante do livro todo para mim foram as indagações de como povos antigos conseguiram construir monumentos tão colossais e alinhados entre si e com as constelações, mapas de como era nosso planeta em outras eras, tudo o que remete ao passado do planeta Terra. Outro ponto realmente interessante e muito bem abordado pelo autor é a corrida nuclear entre os países e como isso pode levar nosso mundo à sua própria ruína. Intrigas - na maioria das vezes bobas - entre países podem levar milhares de pessoas para a morte por um simples ataque equivocado. Pra quem gosta da cultura maia, o livro é um prato cheio de referências, explicações e lendas desse povo.
Por ter criado uma expectativa em torno do livro, acabei me decepcionando um pouco. Creio que a melhor dica a dar aos interessados pelo livro é: encarem o livro como uma fonte repleta de informações sobre as previsões maias sobre o 4 Ahau 3 Kankin, o dia previsto para o final do Grande Ciclio que terminará com a destruição da humanidade. Não criem grandes expectativas e lembrem-se que acima de tudo, esse é um livro de ficção.
Apesar do gancho deixado ao final do livro para a sua continuação, entitulada Resurrection, que já saiu lá fora, não consigo imaginar uma história melhor ou mais verossímil do que essa. Espero que o autor nos surpreenda na continuação.