João 10/11/2020
Escrito por Ray Bradbury e lançado em 1953, Fahrenheit 451 é mais atual do que você imagina! O livro de distopia, que se tornou um clássico do seguimento, apresenta Guy Montag como personagem principal. Ele é um bombeiro, casado com Mildred. Diferente do que estamos acostumados, na sociedade distópica de Fahrenheit 451, as casas são a prova de fogo e os bombeiros não apagam mais os incêndios, eles agora os provocam, mas não qualquer tipo de incêndio.
Ray Bradbury nos apresenta uma sociedade preocupada com o consumo, que anseia em ter cada vez mais. Preocupada apenas com aquilo que se passa na tv, a indústria cultural de Adorno e Horkheimer, pode ser vista aqui. A sociedade é passiva e se deixa manipular facilmente pelos programas de tv, que tem um único fim, introduzir nas massas desejos e necessidades atendidas pelo capitalismo. É nessa sociedade, distópica, mas tão real, que os livros são proibidos, e qualquer indivíduo que seja pego com um livro sofrerá as consequências e os bombeiros serão chamados para reduzirem todo e qualquer exemplar a cinzas.
Até que depois de uma denúncia anônima, Guy e sua equipe vão parar na casa de uma senhora com uma biblioteca abarrotada de livros e durante o incêndio, algo acontece. Levado pelos acontecimentos da noite anterior e os questionamentos da sua jovem vizinha, Clarisse, ele começa a se questionar se atear fogo aos livros é realmente a coisa certa a se fazer.
A leitura é simples e de fácil compreensão, mas ela nos inquieta, nos faz refletir e analisar nossa sociedade atual. Temos vivido tempos obscuros, onde a educação tem sido segundo plano, filosofia, sociologia e artes não tem mais o mesmo peso e a mesma importância de antes nas escolas. Agora brigamos contra novas formas de taxação dos livros, que dificultará ainda mais o acesso aos mesmos. Para o governo mais vale uma sociedade que abaixe a cabeça e diga sim aos seus mandos e desmandos, do que uma sociedade questionadora, que debata, que discuta. É uma eterna luta pela disseminação do conhecimento.
Eu, enquanto jornalista, me vi de novo na sala de aula tendo ainda mais questionamentos sobre a sociedade de consumo, indústria cultural, e as teorias da Escola de Frankfurt. Se eu comecei a leitura com sede, terminei com um gás novo. Quase 70 anos depois e temos temas tão atuais! Esse livro é f*da demais.