Malle 28/03/2024
Pássaro de asas vermelhas
Primeira leitura de Ray Bradbury. Já conhecia o autor por algumas decepções que ele me trouxe quando vivo, portanto, estava ansiosa em conhecer o trabalho dele.
O livro em si é tremendamente interessante, com uma premissa não tão única. Queima e censura de livros são atos inerentemente políticos, mas a extrapolação do ato para bombeiros, transformados em criadores de incêndios e perpetuadores de um sistema, é definitivamente cativante. Narrado em terceira pessoa e de escrita fluída, por vezes poética e metafórica, acompanhar Guy Montag é uma jornada interessante e cativante.
O posfácio trouxe à luz algumas motivações interessantes do motivo pelo qual Bradbury escreveu o livro. Sem adentrar em muitos detalhes, é algo coerente com sua opinião política: conservadora. Isso de fato reflete ao livro, de formas pouco sutis, mas a mensagem como um todo que podemos abstrair é fato e necessária de ser discutida. Se engana quem pensa que a queima é a mensagem principal ? mas sim os motivos dos quais se levaram a isso, principalmente no que se dá ao que Bradbury dizia ser "censura" e é interessante de ver como sua mente funcionava, quais os gatilhos que o levaram a escrever Fahrenheit 451. É quase um ensaio político, se certa forma, revestido por uma ficção científica leve com desfecho satisfatório.
Uma boa leitura no geral que certamente recomendo! Ótimo para se ler antes ou depois de A Laranja Mecânica, um livro que me foi lembrado durante a leitura.