Eu vos abraço, Milhões

Eu vos abraço, Milhões Moacyr Scliar




Resenhas - Eu Vos Abraço, Milhões


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Pedrinho 22/01/2014


Ao ler "Eu vos abraço, Milhões" desfrutei de um momento de verdade e arrebatamento, que só os grandes livros são capazes de nos proporcionar. Uma narrativa que flui com facilidade. Ficamos envolvidos pela estória e pelos personagens de tal maneira que não sossegamos enquanto não vencemos a última página.

É classificado como um romance, mas poderia ser um ensaio político – está intrínseca uma reflexão ideológica – pois conta a trajetória de Valdo, nascido no interior de Santo Ângelo no início do século XX que sai de sua terra para ser um militante revolucionário no Rio de Janeiro no final da década de 30. No Rio de Janeiro suas esperanças socialistas não são as mesmas que cultivara em sua terra natal. A vida de trabalhador braçal vai tornando Valdo um operário na vida real. E a revolução fica cada dia mais distante.

É mais uma grande prova de que a Literatura Brasileira produz ótimos livros!
Renata CCS 29/01/2014minha estante
Tive ótimas indicações deste livro aqui no Skoob. A sua resenha só veio confirmar minhas impressões.


Arsenio Meira 30/04/2014minha estante
Pedro, eu que sempre deixe este livro para depois, não vou mais a adiar, pois sua resenha despertou minha curiosidade. Abraços




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Ich heiÃe Valéria 12/02/2013minha estante
adorei sua resenha sobre o livro... Acabei de lê-lo e pensei exatamente o que você comentou. Parabéns pelo post. E o livro é muito bom mesmo. =DD




Miranda 05/12/2012

Que fazer?!
Valdo, o protagonista, repete o título dessa resenha como que um mantra durante o livro.Na verdade, "Que fazer?!" é o nome de uma obra de Lênin, revolucionário que, junto com Marx é admirado por Valdo.
A história é muito bem elaborada, cheia de detalhes da realidade do Brasil durante a década de 1920. É bacana pra quem gosta daquelas histórias contadas pelo avô, porque é justamente isso que o livro é: uma obra de caráter autobiogáfico contada por um vô ao seu neto,que mora nos EUA. Li por causa do vest e reli, muito bom mesmo;)
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Luis 17/07/2013

O Último Abraço
Valdo é um adolescente gaúcho que, assim como tantos outros das primeiras décadas do século passado, foi seduzido pelo canto da sereia do comunismo. Inspirado por um amigo mais velho, Geninho, filho de sua professora, segue os ideais de Karl Marx com afinco ainda que sem entender muito a argumentação teórica do autor.
Após a morte de Geninho, resolve vir para o Rio de Janeiro, cumprir a promessa feita ao leito do moribundo de se tornar um “verdadeiro” comunista entrando para o partido pelas mãos de sua maior figura, Astrojildo Pereira. No entanto, ao chegar na capital, quase sem dinheiro e com poucos contatos, acaba abrigado na casa de um velho ferreiro, também comunista, e trabalhando na obra do Cristo Redentor, suprema ironia para quem acreditava na religião como ópio do povo.
Esse é o resumo de “Eu vos abraço, milhões”, obra seminal de Moacyr Scliar, autor que, muito provavelmente, teria assento certo em um top ten da literatura brasileira de todos os tempos.
Talvez esse livro, última publicação em vida da vasta produção do autor, seja uma espécie de testamento literário, já que segue o mote dos chamados “romances de formação” cujo maior exemplo é, sem dúvida, “ O encontro Marcado”, de Fernando Sabino.
Scliar alia uma vocação quase sobrenatural para contar histórias com a sabedoria transbordante de um verdadeiro sábio, lapidada por uma inteligência genuína que se alimentava de fontes diversas, indo muito além das questões da medicina, ciência que adotou.
A trajetória de Valdo é um pretexto para expor e discutir o (confuso) panorama político brasileiro da virada dos 20 para os 30, mas nada de teses esparramadas pelas bocas dos personagens. A exposição é suave, feita nos momentos certos, sem em nenhum momento perturbar a trama, que, de tão redonda, seria facilmente adaptável para um bom filme ou minissérie.
Por fim, cabe destacar a habilidade do escritor gaúcho de criar personagens periféricos marcantes, responsáveis por momentos áureos do romance. Aqui seleciono dois : O gaúcho Bento, que, exilado no Rio de Janeiro, tomando chimarrão e vestido a caráter (bombachas e roupas típicas) vocifera absurdos fascistas que, se hoje soam engraçados, na época tinham ressonância. O outro é o livreiro amargurado que, em momento de explosão, grita colérico para o freguês que o dinheiro gasto em livros deveria ser investido em bebidas, jogo e mulheres.
Aliás, os livros são quase personagens à parte na história. Durante toda a sua acidentada trajetória, Valdo mantém consigo os dois livros do amigo falecido que o iniciaram no comunismo : O manifesto e o “Que Fazer” ( Chto Deleat ?), publicação de Lenin, de 1902, em que o autor dava a “receita” para que revolução se fizesse na prática. Sempre que estava em apuros , o simbolismo da pergunta de Lenin ( Que fazer ?) balizava as escolhas do jovem Valdo.
A pena de Moacyr Scliar secaria para sempre apenas cinco meses depois de publicado esse romance. Foi o ponto final de uma carreira ímpar, que originou mais de 70 títulos entre vários gêneros literários. Hoje, me junto aos milhões que abraçam a sua obra.
Ju 13/10/2013minha estante
Adorei sua resenha!


Luis 02/01/2014minha estante
Obrigado Julya.




Sabrina 27/06/2020

Entre idealismo e realidade
"Eu vos abraço, milhões" traz o amadurecimento do jovem Valdo que, ao longo do livro, aprende sobre sonhos, amor, ideologias, ambições e muito sobre desilusões.

O gaúcho Valdo, vai até o Rio de Janeiro para seguir seus ideais e tentar ingressar no almejado Partido Comunista, recém formado no Brasil. Ao longa da história, ele percebe que o caminho não é tão simples quanto parecia.

Um livro com fácil e continua leitura, conta, além da vida de Valdo, sobre história do comunismo no Brasil e um pouco de política brasileira da época. As histórias se misturam e chega um ponto onde o leitor não sabe o que é ficção e o que é realidade. Mas independente do que seja, "Eu vos abraço, milhões" é um livro que carrega muito conteúdo e nos gera reflexões para vida toda.
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Guilherme 21/11/2012

História chata por ser fictícia, muito entediante.
Amanda 03/07/2013minha estante
Então você só gosta quando é uma história real? Bem, pode ser fictícia, mas todos os fatos e acontecimentos do livro são reais.


Guilherme 31/08/2013minha estante
Olá, então, justamente por a história ser fictícia, espera-se que o autor irá saber conduzir a trama por um caminho menos absurdamente vago, e os fatos e acontecimentos transcorridos durante o livro, apenas sustentam minha teoria, baseando-se em fatos, é um livro fictício que deixou muito a desejar, embora ressalto que o prólogo do livro foi bem construído.


Gustavo 04/06/2014minha estante
Então não gosta de histórias fictícias? Então não gosta de histórias de zumbis, monstros, viagens espaciais, futurísticas... São entediantes não é mesmo? E aliás procurei saber se a história de "Eu Vos Abraço, Milhões" era verídica e descobri que em partes, sim! Se trata de uma Metaficção historiográfica, por conter alguns personagens, lugares, acontecimentos que são reais. Não se pode considerar como uma obra inteiramente fictícia.




Monara 28/07/2013

Muito bom de ler, embora Valdo tenha me decepcionado um pouco. Jovenzinho, começa uma amizade com Geninho, filho de sua professora. Geninho se torna para Valdo, fonte de grande admiração. Então apresenta seus ideias comunistas, pelos quais Valdo se encanta. O ponto em que Valdo me desaponta, é quando ele começa a vacilar nos seus reais objetivos, como se "ficasse em cima do muro" o tempo todo; quando o que ele mais repudiava, se torna seu estilo de vida; em outras palavras, quando ele se torna apenas alguém em uma plateia, no momento em que seu suposto desejo, era lutar, era ser um dos atores de combate !
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Cassionei 15/08/2015

Aquele abraço
Como sou uma “traça”, devoro os livros de cabo e rabo, sem esquecer a capa. Criação do experiente Victor Burton, a capa de Eu vos abraço, milhões (Companhia das Letras, 256 páginas), novo romance do não menos experiente Moacyr Scliar, me serviu de ponto de partida para a compreensão da história. Num primeiro momento, a ilustração de um trabalhador com os braços cruzados estampa uma manchete de um jornal comunista. Outra ilustração traz a estátua do Cristo Redentor em construção, já com os “braços abertos sobre a Guanabara”. Por último, e com maior destaque, soldados sobre um caminhão são recebidos pelo povo com os braços abertos, da mesma forma que o Cristo. Política, religião e as massas são os eixos temáticos do romance, e por aí segui minha leitura.

O título vem de um verso do poeta Friedrich Schiller, Ode à alegria, presente na Nona Sinfonia de Beethoven, uma das obras máximas do Romantismo alemão. O Romantismo foi um período cultural que tinha como características a individualidade e o idealismo. Curiosamente, apesar do pronome pessoal “eu”, o verso de Schiller é usado sob uma perspectiva comunista, ligada ao coletivo que minimiza o indivíduo. Aliás, algumas traduções do poema optam por “abracem-se” em vez de “eu vos abraço”, o que combinaria melhor com o comunismo. Também é uma referência à religiosidade, representada pela pose do Cristo Redentor. “Abraçar os milhões de seres humanos que compunham as massas, esse deveria ser nosso ideal”, diz um dos personagens do romance.

No final dos anos 20, Valdo é um jovem do interior do Rio Grande do Sul que vive com os pais numa estância. Depois de conhecer Geninho, influencia-se pelas ideias do amigo, que empresta para ele livros comunistas. Vendo seu pai sendo ofendido pelo patrão, o coronel Nicácio - o latifundiário agredindo o trabalhador - toma consciência de que deveria fazer algo. Resolve entrar para o Partido, mas antes precisa ir ao Rio de janeiro receber ensinamentos do maior líder comunista naquele momento, Astrojildo Pereira, um dos tantos personagens que realmente existiram e que permeiam a narrativa.

Na Capital Federal, enquanto espera uma oportunidade para conhecer o líder que está fora do país, trabalha na construção do Cristo Redentor, o que vai de encontro ao seu ateísmo. Percebe também que as ideias comunistas serão difíceis de serem realizadas com uma população tão alienada pela religião, o ópio do povo segundo Marx. Devido a conflitos dentro do próprio Partido e por uma posição mais pragmática de vida, Valdo aos poucos vai se distanciando de seus ideais, mas o espectro volta a assombrá-lo nos anos 60, com o filho seguindo o caminho que o pai deixou de trilhar.

A história é contada por Valdo através de uma longa carta ao seu neto, que está nos EUA. Em outros livros, Scliar usou recurso parecido, como em Pra você eu conto, livro infanto-juvenil que narra uma história também sobre a utopia comunista. Outros temas recorrentes do escritor estão presentes, como a medicina e o judaísmo. Da mesma forma, o estilo inconfundível do autor é notório, com suas frases curtas e repletas de vocativos, apostos e inversões sintáticas, um atrativo para quem o lê pela primeira vez.

Apesar das referências a questões políticas e econômicas, como a quebra da Bolsa de Nova Iorque e a revolução de 30 que levou Getúlio Vargas ao poder, o romance aborda muito mais a fé, seja na religião ou em um partido político (as reuniões do Partido Comunista pareciam atos religiosos, com juramentos e confissões). Cada pessoa que segue um ou outro acaba perdendo sua individualidade, tornando-se apenas uma massa sem rosto no meio de milhões. Talvez por isso o comunismo não deu certo, pois, onde ele ocorreu, a maior parte da massa ficou ma miséria, vendo a minoria se beneficiar do poder. Na religião, por sua vez, como no comunismo, só algumas ovelhas do rebanho são privilegiadas pelo abraço “protetor” do seu pastor maior. Como já escreveu George Orwell, “todos são iguais, mas alguns parecem ser mais iguais do que os outros”.

Cassionei Niches Petry é professor. Como o personagem Valdo, flertou com o comunismo na adolescência, mas hoje, desiludido, é um “em-cima-do-muro” com relação à política. Quanto à religião, continua concordando com Karl Marx. Além da coluna “Traçando livros” escreve no seu blog: www.cassionei.blogspot.com.

site: http://cassionei.blogspot.com.br/2010/11/tracando-livros-resenha-de-hoje.html
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Bruna.Patti 11/08/2017

Um avô é questionado pelo seu neto, através de uma carta, se é feliz. O avô pensa bastante antes de responder e conclui que sim, é feliz. A partir desse questionamento, o idoso começa a relembrar seus tempos de juventude nesse romance de formação, que é excepcional, o último na vasta carreira de Scliar.

Valdo, quando jovem, sonha em ser revolucionário, mudar o mundo em que vive, fazer a revolução do proletariado. Conhece a obra de grandes comunistas como Marx e Lênin através do filho de sua professora Doroteia, o Geninho. A primeira paixão do Valdo é a leitura. Através de sua sede incessante de leitura, Valdinho se apaixona pela ideologia comunista. Gaúcho, filho de um capataz que trabalhava numa estância e era frequentemente humilhado por seu patrão, coronel Nicácio, vê no comunismo uma chance de fornecer poder ao povo, para que se vejam livres de tantos coronéis Nicácios que vivem por ai.

Valdinho então abandona sua vida no Rio Grande e parte em direção ao Rio de Janeiro, com o objetivo de estudar sobre o comunismo e se tornar um camarada do partido, com a ajuda de um grande pensador da época, Astrojildo Pereira. Enquanto espera o momento de conhecer o intelectual, Valdo precisar começar a trabalhar a fim de sobreviver. Ele se torna operário da obra do Cristo Redentor, símbolo de - palavras dele - alienação, o ópio do povo.

CONTINUA NO LINK ABAIXO:

site: http://abiologaqueamavalivros.blogspot.com.br/2017/08/eu-vos-abraco-milhoes.html
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