Aione 14/07/2015Corpo de Delito é o segundo livro da série Scarpetta que, publicada desde 1990, conta atualmente com 22 livros, dos quais 18 foram lançados pela editora Companhia das Letras no Brasil. A editora Paralela vem republicando os livros desde 2012.
Nesse volume, a médica legista Kay se vê novamente em meio a um misterioso caso: a filha adotiva de Cary Harper, famoso escritor, é brutalmente assassinada, e uma possível briga contratual – a vítima também é escritora -, pode estar relacionada com o caso. Contudo, ele se complica quando Harper é morto, pouco antes de sua irmã falecer em situações ainda mais intrigantes.
Embora toda a trama desperte curiosidade, a escrita de Patricia Cornwell proporciona, de certa forma, uma leitura tranquila: há tensão em determinados momentos, muitas vezes aos finais de capítulos, mas, de modo geral, a narrativa em primeira pessoa, pela visão de Kay Scarpetta, não instiga uma leitura frenética. Assim, a leitura transcorre em um ritmo mais calmo – não monótono – e com picos de adrenalina, geralmente relacionados a descobertas e reviravoltas, capazes de instigar a curiosidade do leitor e impulsioná-lo pelas páginas do livro.
Novamente, algo que muito me agradou na trama foram os detalhes médicos relacionados à profissão de Kay como legista. Dessa maneira, é possível acompanhar o trabalho desses profissionais e verificar tudo o que pode estar envolvido na análise de um corpo, bem como de uma cena criminal. Essa abordagem acaba sendo diferente do encontrado na maioria dos livros, filmes ou séries policiais que costumo acompanhar, porque, normalmente, investigadores da polícia costumam ser os protagonistas, não legistas, que acabam por assumir papéis secundários. Assim, em outras tramas, o trabalho da medicina forense é apresentado de forma simplificada, diferentemente do que ocorre na série Scarpetta.
Além disso, a presença de diversos enigmas no caso aqui apresentado contribuiu para dificultar sua solução: conforme os acontecimentos da trama se desenvolve, vai se tornando cada vez mais complicado juntar todas as peças porque nem todas estão diretamente ligadas à resolução. Dessa maneira, somente ao final fui capaz de compreender toda a situação, conseguindo, então, distinguir as diferentes facetas da trama muito bem construída pela autora.
Em Corpo de Delito, senti uma presença menor da vida pessoal de Kay, ainda que essa parte de sua vida não seja inexistente e tenha um peso bastante importante na história. De qualquer forma, novamente a série me agradou e me proporcionou uma boa leitura, trazendo pitadas de emoção nos momentos certos e um enredo bastante bem desenvolvido. Recomendo os livros aos fãs de thrillers policiais e atesto meu desejo em continuar lendo os demais volumes da série.
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