Rai 05/01/2022
"Quão tremenda é a agonia de decisões não feitas."
A linha entre a atuação e a realidade é muito tênue, ainda mais para jovens atores obcecados pela dramaturgia shakespeariana. O livro se passa em dois períodos temporais distintos, o presente em que o narrador principal, Oliver, acabar de receber sua carta de liberdade da prisão, e o passado -10 anos antes-, em que o mesmo narra os acontecimentos que o levaram ao cárcere.
A leitura é fluída e instigante, a curiosidade sobre os acontecimentos seguintes cresce de maneira exponencial a cada página virada. A autora construiu personagens densos e singulares e compreender a essência de suas personalidades é fundamental para entender as atitudes tomadas por cada um dentro da catástrofe ocorrida.
Ambientado em um internato para jovens artistas -músicos, filósofos, dançarinos, cantores e atores- a proporção da notícia da morte de um dos alunos é maximizada graças a convivência. 6 aspirantes a atores entre peças teatrais e ensaios se veem obrigados a lidar com a morte e o luto de um de seus companheiros. As sequelas emocionais e psicológicas atingem cada um de uma maneira particular, fato que contribui significativamente para a solidificação da personalidade de cada personagem.
A morte é o menos relevante, mas quem foi o responsável pela causa da mesma e os motivos que levaram a tal atitude são as verdadeiras inquietudes da trama.
"A água também estava parada, e pensei, que mentirosos são, o céu e a água. Parados, calmos e claros, como se tudo estivesse bem. Não estava bem, e realmente, nunca estaria novamente."