Ana Júlia Coelho 09/05/2022Cilka esteve em Auschwitz durante 3 anos, convivendo ao lado de Lale e de Gita, inclusive contribuindo para o romance dar certo. Quando vê os russos chegando para libertar a unidade dela, Cilka finalmente imagina que está livre, que vai poder seguir com a vida, tentar esquecer os horrores que viveu naquele campo e ser feliz. Mas ela está enganada.
Os russos têm seus próprios campos de trabalho forçado, o Gulag. Lá ficam os presos políticos, criminosos e qualquer cidadão que fizer oposição a eles. E foi para esse campo que Cilka foi enviada para cumprir mais QUINZE anos de pena, por colaborar com os alemães dentro do campo. Essa foi uma condenação tão injusta, tão desumana, tão doída. Cilka só tentou se manter viva em Auschwitz. Ou ela “colaborava” ou era morta. E mesmo colaborando com os nazistas, ela ainda tentava dar um jeito de amenizar a situação para as prisioneiras.
O livro narra a chegada de Cilka nesse novo lugar e as dificuldades que ela, mais uma vez, vai encontrar pela frente. E mesmo em um lugar tão terrível como o Gulag, ela ainda encontra pessoas boas e consegue manter a esperança de dias melhores. Por carregar na consciência o peso de ter “colaborado” com os alemães, ela tenta ao máximo contribuir para que os prisioneiros desse novo campo tenham uma estadia um pouco menos sofrida. E ela é muito forte por fazer isso.
Eu achei muito interessante esse outro olhar em relação aos prisioneiros da Segunda Guerra Mundial. Eu não sabia da existência desses campos russos, e fiquei bem triste ao ler os relatos de Cilka. O livro é ficção, mas se baseia em personagens que existiram. Não dá de saber se o que foi relatado no Gulag foi exatamente o que aconteceu, mas só de saber que existiu um lugar para aprisionar quem optou por sobreviver ao regime nazista... me dá vontade de chorar.
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