melmelmelmel 19/04/2024
Não sei nem como começar a descrever a infinidade de sentimentos que esse livro me fez passar, foi uma leitura carregada de muitos pensamentos e com certeza vai mudar um pouco da minha relação com o mundo.
Em Não-Coisas, Byung-Chul Han fala muito sobre como a sociedade vem se afastando cada vez mais de nós mesmos, sobre a extinção de objetos que antes carregavam significados e sua substituição por novas tecnologias (ou não-coisas). Estas não carregam significado algum e não apresentam a nós nenhum tipo de oposição, vem com a proposta de se moldarem aos nossos desejos e apenas servir, criando uma ilusão de liberdade.
Essa perda das coisas, como dito pelo próprio autor, representa muito da perda da nossa identidade como indivíduos, as memórias que antes eram carregadas por esses pequenos objetos aos quais atribuímos significados não mais existem, tudo é informação e uma informação passageira, que não deixa marca alguma. As memórias, a arte, o pensamento, as coisas, vamos cedendo o espaço de cada um desses itens em troca de mais informação, de mais estímulos, não-coisas cada vez mais efêmeras.
Essa leitura me fez pensar muito sobre como nós perdemos grande parte do que nos faz humanos, a rotina corrida, as redes sociais, as distrações nos afastam de momentos silenciosos, momentos onde poderiamos apenas pensar e criar novas coisas. Temos menos tempo, menos conexões reais, menos objetos afetivos, deixamos menos marcas no mundo, cada dia nossa existência se torna mais fraca no mundo.