Valéria Cristina 11/03/2024
Atrocidades
A história se passa em Bintang, Kuala Lumpur, Malásia. Em uma narrativa que alterna períodos dos anos 1935 e 1945, acompanhamos como a família de Cecily (Gordon, Jujube, Abel e Jasmim) se deteriora.
A dominação britânica relegou os malaios a cidadãos de segunda classe. O desprezo pelos colonizados, o racismo sempre foram uma constante na vida da população. Assim, quando o exército japonês, durante a Segunda Guerra Mundial, invadiu o país, expulsando os britânicos, o povo aplaudiu e sonhou com uma nova realidade.
Todavia, o sonho de que uma nova era, no qual se viam livres do colonizador, durou pouco. O domínio japonês mostrou-se violento, brutal e mais ameaçador. Meninos foram separados de suas famílias e encarcerados em campos de trabalho forçado. Recrutadores percorriam as casas em busca de meninas (crianças) para servirem nas “casas de conforto” e as escolas foram fechadas. Soldados percorriam a cidade impondo o terror. A vida se tornou um pesadelo.
Nesse ambiente, Cecily e sua família enfrentam tragédias e horrores pelos quais ela se sente culpada, tendo em vista decisões tomadas durantes os anos de ocupação britânica. É possível entender como a guerra e suas terríveis consequências afetou cada uma das personagens e como a sua luz foi se apagando dia após dia.
Amores frustrados, sonhos desfeitos, infância roubada e a tentativa de sobreviver a qualquer custo fazem parte desse dessa história onde a violência é uma constante.
Vanessa Chan nasceu e foi criada na Malásia. Seus contos já foram publicados em diversas revistas literárias, e A tempestade que Criamos é seu primeiro romance. Atualmente vive no Brooklyn, em Nova York.