Alexandre | @estantedoale 03/03/2024
O propósito de fazer sentir
Ser mulher e ser um corpo fazem a poesia de Girlene Verly. Nas quatro partes de “O corpo sabe que é terça, mas se distrai”, a autodescoberta, a conexão com o interior – geográfico – e a relação com as palavras e o mundo são claras.
Os poemas não são leves e fazem jus a esse despertar do corpo em tantas dimensões. Na História, no texto, na carne e no tempo – as partes do livro. A última, no entanto, assume uma poesia mais densa. Mais versos, quase prosaica.
Isso traz um encerramento bem diferente, uma perspectiva mais tesa do que há ao longo das 96 páginas.
“[...]
a gente tem que aprender a sentir?
sinto o beijo do vento
o afago da solidão
sinto-me louca
e poeta”
É um livro curto. Li em um dia. Mas pude sentir, nos versos de Verly, a firmeza de uma poesia que se enquadra num estilo reflexivo, emotivo e sagaz. Uma poesia que serve ao propósito de fazer sentir.
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