Carla.Parreira 27/04/2024
Viver com Ousadia (Luana Marques). Melhores trechos: "...Lembre-se: a reatividade é uma resposta biológica a ameaças (ou ao que causa emoções intensas que queremos aplacar rapidamente), mas isso não significa que não cause problemas para nós. Mas não me entenda mal: soltar um pouco de vapor de vez em quando não tem problema algum – como desabafar com um amigo sobre um dia péssimo ou fazer exercícios mais intensos para queimar o excesso de energia. Só que a reatividade não ajuda quando cria tensão nos relacionamentos em casa e no trabalho... A habilidade de regulação emocional pode ser aprendida em qualquer momento da vida... As emoções são poderosas e, em geral, a maneira mais rápida de reduzir a intensidade delas é pela evitação. Esse tipo de comportamento automático é o que os psicólogos chamam de comportamento emocional. Os comportamentos emocionais refletem diretamente nosso estado emocional a cada momento. Em outras palavras, quando está nervosa ou estressada, a pessoa pode fazer algo de que se arrependerá mais tarde, só para se sentir melhor depressa. Quando agimos com base nas emoções, não ativamos o cérebro pensante, e isso pode nos levar a beber mais do que planejávamos, comer em excesso, negligenciar nossas responsabilidades e até ser infiéis com as pessoas que amamos. Algumas dessas ações talvez não pareçam problemáticas no momento, mas podem ter consequências a longo prazo. Os padrões de comportamento impulsivo e reativo estão associados a uso de drogas, ganho de peso, perda de emprego, divórcio, crise financeira e delinquência... Agimos com base em como nos sentimos, não no que valorizamos. E é por isso que os comportamentos emocionais são problemáticos na hora de ter uma vida alinhada com nossos valores: eles nos impedem de avançar rumo ao que é mais importante para nós. Costumo chamar os comportamentos emocionais de abordagem do extintor de incêndio. Claro, podemos extinguir o incêndio mais próximo, mas também podemos perder a oportunidade de salvar o que é mais importante... O valor comprometido é exclusivo meu, da minha visão de mundo, mas o princípio subjacente é universal para todos nós. Por exemplo, se você se preocupa muito com o sucesso mas está num emprego onde tem mau desempenho constante ou precisa fazer tarefas que o frustram ou subutilizam, é provável que você se estresse na vida profissional. Do mesmo modo, se dá importância à justiça mas está numa situação totalmente injusta, as emoções serão fortes. Aqui, as emoções não são o problema, pois nos indicam que algo não vai bem; no caso, seu valor está sendo comprometido. Mas, se começar a usar essa dor como ponto de reflexão, você verá que as emoções tenderão a se reduzir um pouquinho e você será capaz de identificar o valor por trás dos sentimentos dolorosos, como aconteceu comigo. Mas não vou mentir: sondar momentos dolorosos dói. De um jeito estranho, penso nisso como cirurgia emocional. Sim, poderíamos tomar um analgésico para a dor sumir, mas isso realmente resolve a causa básica ou só ameniza o sintoma? Também vale notar que, embora esses sentimentos e lembranças provoquem emoções desagradáveis, meu treinamento clínico me ensinou que, no mínimo, as emoções podem ser vistas com desapego, do mesmo jeito que nos treinamos para ver os pensamentos como se apenas passassem diante de nós. Você pode observar suas emoções de forma objetiva sem ser arrebatado por elas. Não digo isso para minimizar o que você sente, só para lhe dar coragem para sentir suas emoções sem hesitar – e, com isso, descobrir o que é mais importante para você... Identificar um valor e visualizar uma nova realidade em que esse valor seja plenamente adotado são os primeiros passos para Alinhar, mas só isso não muda o jogo. Precisamos traduzir os valores em ações! Talvez você esteja pensando: Tudo bem, tenho uma visão ousada, mas não faço ideia de como começar... então por que me daria ao trabalho? Quais são as chances de dar certo? Bem-vindo à festa da dissonância! Como já sabemos, o cérebro não gosta quando duas coisas não combinam (nesse caso, sua visão e a realidade). Isso acontece com todos nós, principalmente quando decidimos lutar contra o medo e a insegurança. Afinal de contas, para ter uma vida baseada em valores, é preciso se acostumar a ficar 'confortavelmente desconfortável'. Quando sentimos desconforto, o cérebro começa a entrar em pânico e tenta nos levar à evitação. Mas não tema: vamos usar a ciência comportamental para formular um plano claro e prático. Com isso, pegaremos sua paisagem interna e a tornaremos externa... Descobri que é mais útil pensar em quatro coisas na criação das etapas de um plano ousado: 1. Está alinhado? (o porquê) 2. É específico? (o quê) 3. É factível? (o como) 4. Está agendado? (o quando) Essas perguntas ajudam a chegar a uma etapa viável. As etapas viáveis auxiliam você a se orientar na vida com um plano alinhado aos seus valores, para você não se desviar (como fiz) e acabar se concentrando apenas no resultado (metas), e não em por que está fazendo as coisas (valor)... Assim, aqui estou eu escrevendo este livro porque, 30 anos atrás, uma leitora entusiasmada deu à neta seu livro favorito, e esse livro ensinou aquela criança a ver o mundo de um jeito completamente diferente. Uma das citações mais famosas do livro (e uma das minhas favoritas) é: 'Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo.' Sempre que enfrento um obstáculo no caminho ou sempre que sinto medo, ansiedade ou tristeza, repito para mim essa citação. Assim como insisto que você fale consigo mesmo como se falasse com seu melhor amigo, também treinei falar comigo como minha avó falava. Sempre que a evitação bate à porta, ainda ponho essa citação para tocar no toca-fitas da mente... Mas ter uma vida ousada não é ter uma vida sem pensamentos negativos ou distorcidos! É investir tempo para aprender a mudar esses pensamentos, Modificar seu ponto de vista várias e várias vezes e falar consigo mesmo com compaixão, como se você fosse seu melhor amigo..."