O escravo

O escravo Carolina Maria de Jesus




Resenhas - O escravo


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Tina Lilian Azevedo 27/03/2024

Carolina, escritora além das memórias
Eu gostei. Achei que comprova o talento dela como escritora, como contadora de histórias e que ela tinha um projeto literário amplo e não só como memorialista (escritora de memórias no diário). Achei original o enredo e atesta que apesar das limitações da língua formal que ela possuía, ela usando os conhecimentos linguísticos adquiridos em sua vivência, conseguiu elaborar situações originais e complexas. O livro parece inacabado mas acho que é próprio da obra dela
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Alexandre de Omena 15/01/2024

Imersão em outra realidade
A escrita de O Escravo é marcada pela oralidade, pela pouca instrução formal da autora e pela sua capacidade de superar as dificuldades advindas através de seu amor pela escrita e (certamente) pela leitura de clássicos da literatura. A tragédia moderna que se desenrola no enredo é uma marca da época para a população pobre de seu contexto. As personagens da trama não são rasas nem óbvias. A grande vilã se mostra uma vítima da sociedade em que vive e todos são escravos das circunstâncias. Bela obra.
Paulo2175 27/02/2024minha estante
Pouca formação formal...




Kaiã 22/02/2024

Que livro bom, uma verdadeira novela. Você não quer parar de ler até que acabe. A escrita sem o rigor formal é o charme que deixa o livro ainda mais autêntico. Muito bom.
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@tayrequiao 22/02/2024

Entendo a importância, mas...
É possível não ter uma boa experiência de leitura e, ainda assim, ser capaz de reconhecer os aspectos positivos de uma obra?

Pra mim, ficou muito claro que sim ao terminar a leitura do livro “O Escravo”, da Carolina Maria de Jesus.

Eu consigo reconhecer o feito realizado pela Carolina - autora que teve apenas dois anos de estudo formal e que, portanto, basicamente aprendeu a escrever sozinha, enquanto lia - ao escrever uma história que tem coerência.

Consigo identificar a quebra de paradigma do seu texto, ao optar por escrever sobre “o escravo”, sem se render ao apelo das histórias sofridas de negros escravizados ou de trabalhadores que vivem em condições análogas à escravidão no pós-abolição, inclusive sem colorir seus personagens.

Consigo me encantar com a sensibilidade com que ela olha ao redor e nos oferece reflexões sobre as diferenças entre classes e sobre o quanto somos todos escravos de algo: das estruturas sociais, das nossas escolhas, dos nossos desejos, do nosso destino.

Como, então, sabendo das suas qualidades e ciente do meu privilégio, posso avaliar um livro escrito por alguém que sequer teve acesso à educação?

Não posso.

A única coisa que posso fazer é avaliar a minha experiência de leitura. E, como leitora, eu não tive uma boa experiência:

‣ o texto escrito fora das “normas gramaticais” me incomodou profundamente. Novamente, oi privilégio

‣ o não aprofundamento dos personagens tornou a história rasa, superficial, o que dificultou com que eu me conectasse com eles

‣ as diversas inconsistências narrativas - descrições insuficientes, falhas na lógica, repetições de soluções, problema de ritmo, reiteração excessiva de argumentos - fizeram com que eu só quisesse terminar logo o livro

Pra mim, não tem nada pior do que essa sensação de querer que “acabe logo”.

site: https://www.instagram.com/tayrequiao/
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Book 25/01/2024

Surpreendente
Esse livro me pegou de jeito, seu formata faz com que a leitura seja fluída. É incrível como Carolina atrás do cotidiano de uma família narra como nós somos escravos de nosso desejos e ansiosos. A história lembra enredo de novela, mas sem grandes plot Twist (como é comum em obras estadunidenses) para manter o telespectadores, nesse caso leitores.
A história em si já é suficiente para prender nossa atenção do começo ao fim.
Você sente tudo e mais um pouco dos personagens, é uma obra viva. Quando você está com raiva de um deles, a autora vem e os torna mais humanos, e ficamos com aquela sensação "ser humano" é isso mostrar os lados bons e ruins que dentro de nós habita.
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Livia.Guida 24/02/2024

Somos escravos de tudo que desejamos possuir
Sempre me impressiona o talento de Carolina para escrita. Mesmo com as oportunidades tão escassas se tornou ESCRITORA (por mais que ainda tentem apagá-la). Dom? Eu diria GENIALIDADE.

Neste livro Carolina vai muito além do enredo. Consegue descrever perfeitamente o conflito de classes, a falta de consciência de classe e ilustrar perfeitamente o impacto profundo que essas dispustas provocam na individualidade.

Rompeu o estigma de "ter que escrever sobre sua realidade". Narrou os conflitos pessoais de pessoas brancas. Por que não?

Questiona, de forma subjetiva, o sentido de liberdade tão difundida pela capitalismo. Liberdade pra quem?

Ao final podemos concluir que ninguém é realmente livre. Vivemos num sistema que nos aprisiona e alimenta nossos desejos, muitos inalcansáveis.

Carolina é uma intérprete do Brasil. Seja com seus diários, seus textos autobiográficos, mas também com suas poesias, provérbios, romances e seu exclusivo estilo literário.

Bravo!??
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Izabella.BaldoAno 29/02/2024

"somos escravos de tudo que desêjamos possuir. ninguém é livre neste mundo."

em O escravo, vemos Carolina experimentando outros aspectos de sua escrita, para além do que é conhecido em seus diários. há aqui duas famílias que se relacionam a partir de classes distintas, há pensamentos sobre funções sociais de gênero, sobre ética e, atrás de tudo isso, de maneira implícita, há, sempre, a raça, um demarcador da experiência social da própria autora.

sobretudo, o enredo e a construção de personagens está moldada em O escravo a partir de e para chegar a reflexões às quais a própria Carolina chamava de provérbios. reflexões lúcidas, fortes, algumas delas até pessimistas. a história aqui é circular: começa e termina na perda. e a perda - ou a não existência permanente de algo - permeia toda a história.

O escravo chega, décadas depois de escrito, para nos dar uma mostra da potência criativa de Carolina. acredito que seus provérbios chegam pra ficar, embora devessem ter tido espaço para adentrar as páginas dos livros brasileiros há muito, muito tempo.

"so o que é firme, é que está em condições de suportar todo o peso ao seu redôr."
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ncrln 19/04/2024

Carolina sendo poeta
O livro é uma leitura muita rápida, e tudo acontece em um ritmo frenético, em alguns parágrafos os personagens já se encontram adultos e com a vida caminhando rápido, mas o enredo e os diálogos são extremamente inteligentes e bem construídos.
Caroline sempre gigante ??
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Vitoria 04/01/2024

?Somos escravos de tudo que desêjamos possuir. Ninguem é livre neste mundo. Ha diversas especies de escravidôes?.

A escravidão de que fala Carolina não é a imposta por outrem, e sim a que deriva de desejos, sejam eles de poder ou de amores idealizados. E é em torno dessas formas de escravidão que as histórias das personagens se desenrolam. Ao fim e ao cabo, ninguém parece ser de fato livre na história.

A escrita de Carolina reflete muito da vivência de precariedade e de altos e baixos que ela experimentou. Mas, ao contrário de Quarto de Despejo, sua obra de maior projeção, o Escravo não é um diário ou autoficção.

A escrita é rebuscada, em que pese o português que se desvia da norma culta. Não foram poucas as vezes que recorri ao dicionário para entender alguma palavra. No podcast Vidas Negras, cujo primeiro episódio me inspirou esta leitura, Vera Eunice, filha de Carolina, diz que ninguém entendia exatamente o que a mãe falava. Ela usava expressões como "soezes", no meio de uma reprimenda aos filhos. E esse vocabulário que Carolina adquiriu nas leituras tantas que fez ao longo da vida aparece em O Escravo, como sua marca registrada que era.
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JosAtomoedajp 08/01/2024

Entendo as críticas que virão e já vieram, mas é um livro que nos ajuda a ver cómo Carolina via e entendia o mundo. É um romance político, que mostra a luta de classes e o racismo na visão de Carolina. Também podemos falar sobre a visão de casamento e papéis sociais para os gêneros masculino e feminino, de acordo com a realidade de Carolina. Mas é uma voz forte, crítica e que reflete sobre seu mundo.
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Irina.Alfonso 10/01/2024

O Escravo
Fiquei muito contente em ler um romance inédito da Carolina Maria de Jesus! Ela, que sempre quis ser vista como escritora, como romancista e acabou sendo mais reconhecida por seus diários e suas mazelas. Foi muito interessante ver esse lado dela com a ficção! Achei um livro interessante de ler, mesmo que um pouquinho mais arrastado do que estou acostumada! É uma história completa, talvez um pouco ingênua, mas que tem uma mensagem por trás muito forte: cada um é escravo das próprias simbologias e correntes que cria para si mesmo.
Foi uma experiência muito bacana e importante! Gostaria de ler mais escritos dela, mais romances!
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Esther.Sant 18/01/2024

O livro do ano? Provavelmente
Um dos livros mais impactantes que li até agora. O final me pegou totalmente de surpresa. A forma com que ela não trás a raça dos personagens mas trás questões de classe e gênero com evidências na própria vivencia de cada personagem torna o livro ainda mais incrível!
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Lurdes 31/12/2023

O lançamento de O Escravo, romance inédito de Carolina Maria de Jesus, revela a possibilidade de existirem outras narrativas em seus cadernos, que ainda não foram organizadas.

Outra revelação, ou melhor, confirmação, é de que Carolina não se limitava a escrever diários. Seu desejo de ser reconhecida como escritora é citado muitas vezes em seus diários.
Ela não queria apenas contar a própria história, mas queria contar estórias, fazer literatura - e fazia.
O preconceito que cercou sua vida, fez este desejo permanecer adormecido e sem reconhecimento ou apoio.
Mesmo quando publicou Quarto de Despejo, que a alçou à categoria de celebridade, o foco foi muito voltado ao insólito de uma favelada, catadora de papéis, escrever um livro.
Até aí a sociedade da época conseguiu aceitar. Afinal era uma mulher preta e pobre, falando sobre pobreza.
Qualquer tentativa de ir além disto esbarraria no muro do preconceito. Depois deste breve sucesso, ela cai no esquecimento e na pobreza, não tão intensa como antes, mas mesmo assim, pobreza.

Temos, agora, um esforço concentrado, da @companhiadasletras e do grupo formado por @conceicaoevaristooficial , por sua filha Vera Lúcia, dentre outros, em resgatar seus escritos, na íntegra.
O livro conta a estória de amor entre Renato e Rosa, que tem a rejeição da família dele, por conta das diferenças econômicas, sociais e culturais.
Pela descrição das famílias e seus cotidianos, deduzimos serem personagens brancos, com bom nível de escolaridade e educação.
O Escravo do título, ao contrário do que se imagina, se refere a Renato e todos os personagens que são escravizados pelas cobranças, pelas pressões familiares.
Difícil avaliar as qualidades literárias da obra, pois se trata de um texto cru, que mantém todos os erros gramaticais originais, mas não só. Sabemos que todos os livros, antes de serem publicados, passam por muitos retoques dos editores, além das óbvias revisões, mas o que precisamos mesmo é conhecer o que Carolina dizia, pensava e imaginava.
O que precisamos é conhecer Carolina
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SocorroBaptista 07/05/2024

Uma narrativa muito forte, que deixa claro que a escravidão não se refere somente aos grilhões que um povo impõe a outro, mas também às convenções sociais que determinam padrões e relacionamento que nem sempre são condizentes com os desejos do coração. Muito bom.
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Fernanda M. 11/02/2024

O escravo, de Carolina Maria de Jesus*
O que esperar de um romance escrito por uma mulher negra, no século XX, que esteve boa parte da vida em situação de vulnerabilidade, fazendo da escrita uma forma de encontrar um descanso mental que ela tanto desejava?

Espere o melhor! Espere uma história bem amarrada e com algumas impressões que constituem o tempo e a forma como esta mulher viveu. Entenda que esta não é uma história de uma família racializada e desmistifique o fato de que uma mulher negra pode sim escrever histórias sobre outros assuntos que não sejam racismo e discriminação racial.

Compreenda que para uma escritora como Carolina, cheia de sensibilidade e uma visão perspicaz de mundo, muitas ideias podem ser descritas e compartilhadas em suas histórias, como por exemplo, as questões de classe, a loucura e o lugar da mulher na sociedade.

Sim, é possível! Carolina tem um repertório gigante sobre as mazelas sociais e ela as descreve de forma inédita em seu romance publicado postumamente "O Escravo". Uma história que se desenrola em torno de duas famílias, relacionamentos paralelos e seus desdobramentos.

"A beleza das coisas às vezes está só no pensamento. A realidade, é feia como as trevas". Carolina Maria de Jesus

Um dos pontos altos do romance é o casamento de Roberto, que era de família pobre, com uma mulher de família abastada, a Maria Emília. Um casamento com esta configuração poderia dar certo? Essa é apenas uma das tramas a serem desenroladas e que se acentuam com o nascimento do filho Renato.

Os dilemas tratados transitam entre a paixão do Renato pela prima Rosa, o gênio controlador de sua mãe Maria Emília, um casamento arranjado no melhor estilo burguês e na minha opinião, o ápice deste "romance proverbial" (forma literária experimental), a insanidade mental do Renato, a internação na clínica e seu restabelecimento posterior.

"A sociedade exige mentalidades normais porque vivem-se coletivamente". Carolina Maria de Jesus

Gosto de sentir como Carolina se lança nessa aventura que é experimentar uma nova forma de escrita e como ela avançou por caminhos que não foram antes percorridos. E convido à reflexão: como poderia uma mulher negra, favelada e ex-catadora de papel ser a escritora que desponta para afrontar o cânone literário brasileiro e colonial?

Se entrarmos neste ínterim, não podemos deixar de trazer Lélia Gonzalez para o diálogo, e lembrar de como a mulher negra não poderia (talvez ainda não consiga) ocupar espaços diferentes do de "mãe preta" ou o da "mulata". Carolina era poeta e escritora e por meio de sua filha Vera Eunice, ainda luta para que o seu legado seja resgatado e se perpetue na história.

Carolina nunca se deixou escravizar pelos estereótipos utilizados para definí-la. Ao contrário, lutou firmemente para que sua poesia, sua prosa e seus provérbios ganhassem força e chegassem a público para que toda a sociedade compreendesse de alguma forma que uma mulher negra pode ocupar o lugar que quiser.

"Somos escravos de tudo que desejamos possuir. Ninguém é livre neste mundo. há diversas espécies de escravidões". Carolina Maria de Jesus

*O livro é prefaciado por Denise Carrascosa e tem texto complementar da pesquisadora Fernanda Silva e Sousa. Segundo o Conselho Editorial da Companhia das Letras, não é possível definir a data de sua feitura e ressalta que como a obra da autora é viva, ainda é possível que sejam encontrados outros materiais correspondentes ao projeto de "O escravo".
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