trizisreading 05/06/2023
Natsuko Natsume não é um pseudônimo.
Inicialmente, considero imprescindível congratular a Editora Intrínseca por trazer esse título ao Brasil, principalmente quando noto que praticamente não encontro obras japonesas não tão conhecidas como as de Haruki Murakami acessíveis ao brasileiro, como é o caso de “Kitchen” da escritora Banana Yoshimoto e outras de Mieko Kawakami.
O acesso às obras de diferentes culturas diversifica nossas mentes.
No tocante à obra de Mieko Kawakami, a autora narra de maneira fluída, tocante e muito bela, fatos cotidianos de sua vida que nos fazem sentir como se conhecêssemos os personagens, como se estivéssemos presentes e acompanhando cada acontecimento.
O livro narra em primeira pessoa, a história de Natsuko. É dividido em duas partes, sendo que a primeira, conta a viagem de sua irmã e sobrinha, Makiko e Midoriko, respectivamente, à casa de Natsuko em Tóquio. Já a segunda parte, conta a história de Natsuko se aprofundando um pouco mais em seus pensamentos mais íntimos, como seus confrontos internos sobre o romance que está escrevendo, suas relações de amizade e seus desejos de ser mãe.
Ao acompanhar os diversos relatos diários e memórias de Natsuko, percebemos dificuldades que as mulheres passam em suas vidas, que praticamente as tornam prisioneiras da sua própria figura de mulher. A aparência “correta” de uma mulher faz com que Makiko tenha pensamentos e atitudes de ‘ódio’ com seu corpo. Também, os textos de Midoriko são muito marcantes, pois desde jovem já se percebe que a menina se sente oprimida pela forma que a sociedade trata a menstruação e a maternidade. O tempo todo percebemos como é a vida de cada uma das mulheres e as dificuldades e barreiras a serem enfrentadas: a puberdade, a independência, a situação financeira, a maternidade, a carreira…
Mieko nos faz sentir isso de maneira muito íntima, pois embora os fatos ocorram no Japão, não importa em que lugar do mundo estejamos vivendo, todas passamos por tais dificuldades na vida.