Davi Oliveira 12/10/2023
A mente é complexa
Este livro trata da história dos mais famosos serial killers, como Ted Bundy, Dahmer, John Gacy, entre outros que ganharam grande reconhecimento.
É um livro descritivo de casos reais, tratando cada assassino e seus casos como um mini documentário. Sua estrutura de narração tem como base a apresentação dos crimes, a identificação do assassino, a visão do assassino sobre como os crimes foram cometidos, uma biografia do criminoso e como foi encerrada sua carreira de crimes.
As primeiras 65 páginas do livro são dedicadas: ao entendimento de como funciona a mente de um serial killer; a apresentação de dados comportamentais; perfis psicológicos existentes até agora; como é o processo de reconhecimento de um assassino em série; desmistificação de crenças populares, como psicopatia e sociopatia levarem um indivíduo a se tornar um serial killer.
É um livro que acredito cumprir com o prometido. O termo ?acredito? devido não ter realizado uma análise bibliográfica para ser feita a comparação entre o que foi apresentado e o que foi noticiado e narrado nas demais bases de informações. Quanto à escrita, possui uma linguagem de fácil entendimento.
Uma crítica ao livro seria os momentos onde foi dada uma carga sentimental ao que estava sendo narrado, um ar melodramático. Foram poucas, mas ocorreram. Por se tratar de uma obra documental e não ficcional, é completamente inapropriada a introdução de elementos melodramáticos, pois assim tira a objetividade e imparcialidade. A inserção de carga sentimental é uma tentativa de manipular as emoções do leitor, comprometendo a autenticidade da narrativa. Seria mais eficaz manter a sobriedade característica do gênero, permitindo que os eventos por si só transmitissem a profundidade e impacto da história. Isso contribuiria para uma experiência de leitura mais autêntica e alinhada com a proposta original do livro.
Em contrapartida, isso poderia, nos momentos onde a narrativa se coloca na visão do assassino, não transmitir toda a sua crueldade.
Foi essencial que tiveram a preocupação de apresentar dados científicos e analíticos. Mostraram que o processo de formação de um serial killer é composto de uma série de processos, envolvendo não só patologias, distúrbios, causas anatômicas em cérebro e hormônios, mas também envolvendo o papel que a sociedade tem na formação do indivíduo. Isso fica perceptível principalmente quando é avaliada a história de infância dos assassinos, as ?coincidências? em relação a traumas sofridos, violência, negligência. E ter essa consciência não é ter empatia, ter dó, dar justificativa, passar pano para os crimes que essa gente cometeu. São criminosos e devem pagar legalmente pelo que fizeram. Mas avaliando seus casos onde em que posição social estavam (no contexto da infância), com certeza se pode ter uma maior noção e até construir um método de como menos serial killers poderiam surgir. Acredito que isso já esteja em prática de forma indireta, através das campanhas de combate ao bullying e de outras que combatam qualquer tipo de violência. Todos os casos noticiados pelo livro são de décadas passadas, períodos onde não havia conscientização a respeito de agressão, abuso, traumas psicológicos, etc, envolvendo o processo de formação da criança como indivíduo. - É só uma análise pessoal sobre o assunto.
Concluindo, é um livro interessante e que acredito cumprir com sua proposta básica, mesmo trazendo os pontos mencionados a respeito da carga sentimental. Suas primeiras 65 páginas são essenciais e fundamentais. Se não fosse trago o conteúdo que elas apresentam, com certeza eu daria uma nota muito baixa pela negligência. Um tema como esse exige contextualização científica prévia, mesmo que pouca.