Helder 27/09/2022Vilã Cruel X Texto IngênuoO livro dos insetos humanos foi meu primeiro Mangá e confesso que tenho dificuldade para este tipo de literatura.
Neste caso, achei o traço muitas vezes muito bonito, mas achei a história fraca, as vezes exagerada, as vezes ingênua e muitas vezes inverossímil.
O mangá nos traz a história da bela Toshiko Tomura, uma garota muito bonita e que tem um dom: se absorver do talento daqueles que a cercam.
Lendo assim, isso pode até parecer algum superpoder, mas esta historia não tem nada de sobrenatural ou fantasioso. Na verdade Toshiko Tomura é uma garota completamente sem escrúpulos que se acha vazia como um casulo e que acredita ser normal plagiar ou roubar obras alheias e apresentar como se fossem suas. Assim, ela sempre conhece pessoas talentosas, das quais se aproxima com a intenção de roubar seus trabalhos.
Tudo começa com ela trabalhando no teatro, onde logo percebemos que ela não está simplesmente interpretando papeis, mas sim vivendo a vida de outras pessoas. Assim ela segue absorvendo os tiques e truques de outras atrizes e até do diretor de sua peça, tornando-os todos obsoletos.
Porém Toshiko tem uma psicopatia que a leva a roubar muitas outras coisas, como um livro de uma amiga, pelo qual ela acaba ganhando o maior prêmio literário do Japão e uma obra de um design em ascensão, pela qual ela também acaba sendo premiada e reconhecida.
Porém existe um custo para manter as aparências, e as vezes medidas drásticas precisam ser tomadas. E Toshiko não mede esforços para seguir representando estes papéis
O mangá discute o poder e o impacto da fama, e como muitas vezes compramos gato por lebre, pois nos prendemos a uma embalagem vazia, cuja lábia é maior do que qualquer talento.
Mas mesmo discutindo um tema interessante e tendo um traço muito bonito, em muitos momentos o texto me pareceu extremamente ingênuo, principalmente os personagens masculinos que são facilmente enganados por Toshiko.
Tem também toda uma parte política entre China, Japão, Coreia e Taiwan e de golpes financeiros que para mim ficou difícil de compreender corretamente o que estava acontecendo e qual lucro podia haver naquelas situações para nossa vilã. Usando uma palavra da moda, estas inserções não ficaram “orgânicas” na obra.
Por fim, tenho a impressão de que o autor quis criar uma vilã empoderada, porém para isso criou personagens masculinos extremamente rasos, que fizeram eu me afastar um pouco da leitura.
Mas talvez eu estivesse com altas expectativas, pois acredito que quem curte mangá vá gostar bastante deste aqui.
Para uma primeira experiência, foi uma leitura válida.