Inúteis Luas Obscenas

Inúteis Luas Obscenas Hélio Pólvora




Resenhas - Inúteis Luas Obscenas


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Stefânea 09/05/2019

"Para o Surdo só havia silêncio, um silêncio que, de tão calmante, equivalia ao não-ser."
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'Inuteis Luas Obscenas', publicado em 2010, é uma história familiar que narra a vida de José da Costa Guimarães, o Surdo, e seus dois filhos, Regina e Jonas. Deficiente de nascença e viúvo, o homem lutou da maneira que pode para sustentar sua casa no interior da Bahia.
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"Sou, pois, filha do Surdo. Sou Regina, seu único filho mulher. Me criei ouvindo todo mundo chamá-lo de Surdo. De modo que para mim a palavra pai ficou sem serventia desde criancinha cagada e mijada no berço rústico."
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A obra tem estrutura plurifocal, ou seja, cada capítulo é narrado do ponto de vista de um personagem, fazendo com que a história se entrelace segundo o pensamento de cada um.
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O enredo parece simples. Jonas se apaixona por Celina, filha do rico e cruel coronel da região. Sendo ele apenas um carpinteiro como o pai, nada poderia oferecer à moça. Mas mesmo assim, loucos se amor, decidiram fugir. Contudo, essa não é uma história de amor
ma obra sobre o amor.
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Uma tragédia acontece, e o casal volta e passa a morar na casa do Surdo. Regina porém, trava guerra com Celina, pois não aceita o quanto a fuga custou para o irmão, praticamente sua morte de espírito.
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Na minha opinião, essa é uma história sobre a dor. Nenhum dos personagens é feliz. Todos sofrem a sua maneira. Surdo, apesar de conseguir se comunicar, é muito solitário. Jonas sente fome de amigos, conversas e carinho. Regina sofre por ser a única mulher e praticamente tratada como escrava por seu pai e irmão.
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Pólvora conseguiu mostrar com maestria o ponto de vista de um deficiente em meio a sociedade, assim como das pessoas próximas a ele, mesmo que esse não fosse o foco central. Jamais vi algo assim em nossa literatura. Uma obra sobre família e angústia. Sobre o pior lado do ser humano e desespero. Sobre ninguém ser totalmente bom ou mal. Resta sempre u.a brecha por onde se infiltra a ternura.
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