Ela Seria o Rei

Ela Seria o Rei Wayétu Moore




Resenhas - Ela seria o rei


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Morgana Gomes 10/07/2022

Ela seria o rei
Quando li a frase "Se ela não fosse uma garota ou se não fosse uma mulher. Se ela não fosse uma mulher ou se não fosse uma bruxa, ela seria o rei.", tive plena certeza de que eu precisava ler "Ela seria o rei" de autoria de Wayétu Moore. Uma leitura cheia de simbologias e significados. Uma história fantástica, embora marcada por tantas dores, lutas e sofrimento.

Alguns trechos deixam aquele embrulho no estômago, um nó na garganta. Pensei por um instante se eram mesmo necessários e parei a leitura para digerir tudo aquilo. Mas não conseguia ficar muito tempo longe do livro e logo retomava. Conhecer Gbessa e sua história misturada as de June Dey e Norman Aragon me fez refletir sobre o quanto as pessoas sofreram com suas terras invadidas e sobre os processos de colonização e escravidão que aconteceram em muitos lugares.

A figura de Gbessa é sempre vista como uma maldição, a bruxa que nasceu no dia errado e foi exilada de sua própria tribo. Ela é a figura do sofrimento, da dor, da exclusão e que se transforma na libertação de si mesma e deu seu povo. É na figura de Gbessa que Wayétu Moore conta a história da criação e das guerras civis da Libéria. Ela nos mostra a força de um povo pelo empoderamento de uma mulher negra e por sua resiliência.

Sem dúvidas que foi um dos melhores livros que já li e entrou sim para a lista de favoritos!
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Evy 06/03/2023

Simplesmente Fantástico!
"Se ela não fosse uma garota ou se não fosse uma mulher...
Se ela não fosse uma mulher ou se não fosse uma bruxa, ela seria o rei".

Acho que preciso começar falando sobre a autora, Wayétu Moore, que estreia na literatura com esse livro estrondoso que aborda a fundação da Libéria misturando história e realismo mágico de forma simplesmente fantástica. A Libéria é um dos únicos países da África que não foi colonizado pelos europeus e sim fundado e colonizado no século XIX por escravizados americanos libertos, com o apoio de uma organização privada que acreditava que as pessoas negras teriam mais chances de prosperar na África do que nos Estados Unidos.

Dentro desse contexto político e histórico, Moore nos apresenta três diferentes personagens com dons (ou seria maldições?) em comum e que vão se encontrar em um determinado ponto da história. Na aldeia de Lai, Gbessa nasce já amaldiçoada, por um ato extremamente cruel da Velha Mãe Nyanpoo da aldeia numa cena que me arrancou lágrimas já nas primeiras páginas, e revelou a qualidade narrativa da autora. Gbessa é exilada de seu povo que suspeita que ela seja uma bruxa e em seu exílio, é mordida por uma cobra, mas sobrevive, começando a entender ali qual é a sua habilidade ou maldição: ela não morre.

June Dey, já nasce como escravizado em uma plantação na Virgínia e esconde uma força incomum, assim como foi seu nascimento. Durante um confronto na fazenda, acaba revelendo sua força diante das pessoas e é obrigado a fugir. Reforço aqui a poderosa e belíssima narrativa da autora que nos encanta e prende às páginas desse livro, a forma como June Dey é concebido e surge na vida é extremamente triste e bela. Na Jamaica, Norman Aragon, filho de um colonizador britânico branco e de uma escravizada Maroon, cuja relação se dá de forma bastante complicada e dolorosa, extremamente bem abordada pela autora, herda da mãe o dom de ficar invisível.

Essas três vidas se unem e não demora muito para que percebam que são parecidos em suas dádivas ou maldições e juntos passem a usar esses dons para amenizar e proteger os povos mais vulneráveis à medida que uma nova nação se forma. Com uma narrativa extremamente comovente e que traz pertencimento, Moore aborda temas polêmicos e necessários como colonialismo e escravidão, maternidade, feminismo negro, exploração de poder e resiliência.

Personagens profundos e muito bem elaborados, um enredo fantástico e super bem amarrado, combinando história e fantasia, enfim... uma narrativa realmente única. Essa leitura me emocionou muito, trouxe desconforto, aprendizado e me tirou da zona de conforto, tudo que eu preciso pra favoritar e dar 5 estrelas.

Super recomendo a leitura!
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Sté 26/10/2022

Não temos nada, mas temos um ao outro
O livro se divide em duas partes. A primeira conta a história de 3 personagens diferentes, cada um com uma trajetória diferente. A autora desenvolve muito bem esta primeira parte, nos contando sobre Gbessa, e seu povo indígena da África que a rejeita por ser amaldiçoada, sobre June Dey, criado por escravas numa fazenda em Virgínia, Estados Unidos, e sobre Norman Aragon, filho de um colonizador branco da Inglaterra e de uma escrava da Jamaica. São três perspectivas diferentes que nos esclarece sobre a condição de ser negro, e de não ser parte integrante de uma sociedade, mas sob uma narrativa com um toque sobrenatural, uma característica que empodera os personagens em busca da liberdade.

A segunda parte foca na Monróvia, o início da criação da Libéria, que foi fundada e colonizada por escravizados americanos libertos, com o auxílio de uma organização americana privada. O que mais me atraiu ao querer ler este livro foi sobre este assunto, de como um país africano não nasceu de uma colonização agressiva dos europeus. Mas aqui vemos que apesar de ter sido fundada por escravos libertos, ainda assim os costumes e crenças destes e até certo preconceito contra os nativos africanos onde a colonização não foi afetada advém da mentalidade de um colonizador.

Apesar desse recheio e atraente conteúdo do livro, alguns pontos me desagradaram, como a descrição da autora de alguns cenários que precisa de uma imaginação bem criativa pra interpretar o que ela está descrevendo. E a segunda parte do livro achei que a autora foi meio preguiçosa pra desenvolver mais a história, pois ela tinha ingredientes muito bons pra contar uma ótima história e não conseguiu aproveitá-los direito. Principalmente os superpoderes de June e Norman que ficou meio que uma peça largada só pra que algumas coisas façam sentido.

Gostei da autora em trazer o sobrenatural na temática de escravidão, e como ela trouxe diversas perspectivas em relação à esse tema de forma que os personagens não sejam apenas vítimas mas figuras poderosas para fazerem a diferença.
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Nah 02/06/2023

Fantasia histórica de qualidade
Romance de estreia da escritora liberiana Wayétu Moore, o livro de maio do clube Livros, Vinhos e Elas tem como pano de fundo a fundação da Libéria.

Nascido como uma colônia de ex-escravizados enviados da América, a Libéria é um dos únicos países africanos que não foi colonizado pela Europa. E é esse fato histórico que envolve a narrativa.

Aqui, somos apresentados a três personagens diferentes, que possuem realidades diferentes, mas com uma coisa em comum: cada um deles possui um dom.

Gbessa, a bruxa, foi tida como amaldiçoada por seu povo, os Vai, ao nascer, razão pela qual foi exilada de sua aldeia. É no exílio que ela descobre seu dom: ela não morre.

June Dey nasceu como escravizado na América e desde muito novo sentiu na pele o que significava ser uma pessoa negra em tempos de escravidão. Ele possui uma força sobre-humana.

Já Norman Aragon, filho de um colonizador e pesquisador britânico e de uma escravizada Maroon, herda da mãe o dom de ficar invisível.

Os três não se conhecem, mas o destino se encarrega de fazer com que as vidas de ambos se cruzem. É quando eles embarcam numa missão onde devem usar seus dons para ajudar os povos de África a conquistar sua libertação e escapar do nefasto tráfico de escravizados, proibido na teoria.

O livro tem um ritmo um pouco mais devagar e possui capítulos grandes, o que pode ser encarado como um ponto negativo por alguns. A mim, não incomodou. À medida que fui lendo, percebi que ele funciona muito bem dessa forma.

A sintonia e união dos três protagonistas é palpável, embora no começo haja um breve estranhamento entre eles, o que é completamente natural. Os três unidos em prol de um bem maior, cada qual buscando proteger suas origens, é algo lindo de se ver e por vezes me encontrei emocionado durante a leitura.

É um livro tocante que traz muitas reflexões sobre o que é ser uma pessoa negra, sobre racismo, questões de classe e, claro, a própria escravidão.

Recomendo muito a leitura ?
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Vitorcfab 19/02/2023

Ela Seria O Rei
Esse livro traz uma história longa e complexa, que cobre vários anos das vidas de muitos personagens, histórias que obviamente estão interligadas.

Cada uma dessas histórias me pareceu única e maravilhosa por motivos diferentes. São histórias cheias de sentimentos e com várias reviravoltas, que já são maravilhosas individualmente, mas em conjunto ajudam a compor um livro complexo e muito distinto.

Existe também um forte elemento de realismo mágico, uma vez que nossa narradora é o espírito de uma mulher escravizada, que acompanha os demais personagens ao longo de suas vidas. Alguns personagens também demonstram habilidades sobrenaturais, como força, invisibilidade e imortalidade, poderes que os ajudam em momentos decisivos de suas vidas.

O contexto histórico de colonização é forte, e teremos momentos fortes, violentos e extremamente pesados, uma vez que alguns desses personagens são pessoas escravizadas.

Toda essa violência é sim muito incomoda, mas me parece servir a um propósito, o propósito de representar de forma fiel esse período histórico, para mante-lo vivo em nossas lembranças, para assim garantirmos que não se repita.

Mas não apenas de sofrimento de pessoas negras esse livro é feito, temos também a celebração da origem africana, a busca por amor próprio, auto aceitação, liberdade, pertencimento, família, proteção e revanche contra o opressor.

No momento em que nossos três personagens principais (Gbessa, June Dey e Norman) se encontram, o livro passa a brilhar ainda mais.

O sentimento de pertencimento e família que nasce entre eles é lindo, o que traz também ainda mais força para resistir e lutar. E, como era esperado, a combinação de seus dons sobrenaturais é extremamente útil em vários momentos.

A escrita de Wayetu é linda, uma escrita calma, descritiva, criativa e contemplativa, que evita frases óbvias ou curtas, e consegue sempre expressar muitos sentimentos e reflexões. Sua escrita também pontua apenas os principais eventos, possibilitando ao livro cobrir vários anos das vidas de várias personagens de forma completa e complexa, mesmo tendo apenas 300 páginas.

E o final do livro foi.... poderoso.

Um final repleto de sentimentos e mensagens fortes, principalmente sobre resistência, luta, força, evolução e pertencimento.

Com certeza se tornou um dos meus favoritos da vida.

--- Personagens ---

Gbessa. É a primeira protagonista, uma garota que foi amaldiçoada desde o dia em que nasceu, e por conta disso sempre foi considerada uma bruxa, de quem todos faziam questão de manter distância. Isso fez com que ela crescesse como uma jovem solitária, mas de personalidade forte e muito independente. Ela sempre se considerou uma pessoa amaldiçoada, que jamais conheceria o amor de nenhuma forma, mas isso felizmente muda muito ao longo da narrativa. Seu desenvolvimento e evolução é um dos mais lindos e poderosos do livro todo.

Sufá. Um garoto que se aproxima de Gbessa. Seu grande sonho é ser um guerreiro que protegerá a vila, até mesmo as "bruxas".

Charlotte é a verdadeira narradora desse livro, que acompanha os demais personagens em uma forma espiritual. Era uma mulher escravizada, que sofreu todo tipo de violência durante sua vida, mas teve um filho com um homem chamado Dey, antes que suas vidas fossem encerradas de forma trágica. Ela é a personagem mais questionadora, que traz em sua narrativa várias reflexões sociais extremamente relevantes.

Darlene. Uma escravizada que encontra o filho de Charlotte. Ela cuida da criança e o chama de June Dey. Seu relacionamento materno com a criança é lindo, quase como se esse garoto significasse a salvação de sua vida, algo pelo qual valesse a pena lutar mesmo nesse mundo cruel e injusto.

June Dey. Filho de Charlotte que foi criado por Darlene. Cresce um rapaz leal à sua mãe adotiva, além de ter muito caráter e força interior. Também revela habilidades sobrenaturais úteis nos momentos mais decisivos de sua vida.

Callum. Um homem enviado para a Jamaica para estudar os povos maroon (escravizados fugitivos que se uniram, algo parecido com os quilombolas). Ele é um homem inteligente, violento, ambicioso, e capaz de atitudes terríveis, chega a ser incomodo acompanhar seus capítulos.

Nanni. Uma escravizada que, contra a própria vontade, acaba sendo obrigada a ajudar Callum, pois consegue se comunicar na linguagem dos maroon. Ela também tem uma tragetoria de vida violenta, e nas mãos de Callum passa por situações terríveis, incluindo violência física e sexual. Porém, ela carrega muita determinação dentro de si, um grande sonho de liberdade e força de vontade para proteger seu filho (fruto do abuso de Callum). Ela também tem um estranho dom sobrenatural de se tornar invisível.

Norman. Filho de Nanni e Callum. Depois do fim trágico dos pais, ele viveu uma vida solitária mesmo entre os maroon, utilizando principalmente dos conhecimentos que sua mãe havia lhe passado. Ele carregou dentro de seu peito um dos maiores sonhos da mãe, o de ir para a África.

Maisy. Uma garota que encontra Gbessa quando ela foi capturada. Mais uma personagem que tem um passado trágico, pois viu sua vila ser invadida por traficantes de escravizados, o que resultou na morte de boa parte de sua família. Maisy tem um instinto protetor muito forte, e se afeiçoa muito com Gbessa, ajudando-a e protegendo-a sempre que preciso, uma amizade linda de verdade.
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Chelsea.Archer 24/05/2023

Que livro!
Esse foi o livro escolhido pela turma do @livrosvinhoseelas para o mês de Maio, e preciso dizer logo: que obra!

A história de Gbessa, June Day e Norman Aragon e seus dons peculiares é contada de uma forma tão gostosa!

A autora passeia pelos acontecimentos como o vento suave que transita entre os personagens... A primeira impressão é de que o livro é lento, porém conforme vamos avançando na leitura percebemos que o ritmo é necessário para absorvermos a profundidade da mensagem.

Terminei a leitura com um misto de sensações e simplesmente amei a história.
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Yara 31/05/2023

Que livro! Emocionante
É incrível a oportunidade que temos hoje de ler escritoras tão talentosa como Wayétu Moore.
Sua escrita profunda e rica leva o leitor a vivenciar as dores dos personagens e o peso dessa historia.
Historia de resistência e amor à cultura.
Poético, profundo e emocionante.

Vários sentimentos acontecem durante a leitura dessa história
E a forma que ela é escrita não deixa que você para de ler.
Romance e fantasia se misturam com elementos da cultura do povo Lai e com a resistência e luta contra a escravidão. Tudo pela liberdade tão merecida.

Incrível!
Vale a pena a leitura
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Barbara 28/08/2023

Muito bom
Muito bom pra conhecer um pouco melhor sobre a colonização e criação da Libéria e ainda tem uns elementos fantásticos que deixam a narrativa intrigante
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Luana 31/05/2023

Maravilhoso
Se ela não fosse uma garota ou se não fosse uma mulher? Se ela não fosse uma mulher ou se não fosse uma bruxa, ela seria o rei.
Gostei muito da história e da narrativa. Os personagens são marcantes e a momentos de impacto que deixam a história fascinante. Confesso que senti um pouco de falta da presença de Gbessa mais marcante na história, senti que ela ficou um pouco apagada ali pelo meio, mas mesmo assim o final foi lindo.
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Dandhara 08/12/2022

A história não me prendeu, não consegui me apegar aos personagens, a maior qualidade do livro é ele ser bonito.
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Natalia.psico.literatura 28/12/2022

Ela seria o Rei
Em sua estréia transcendente, Wayétu Moore reimagina a história tumultuada e dramática da Libéria, um país cujo passado e presente estão completamente ligados aos Estados Unidos. 

Com grande equilíbrio e lirismo, ela captura a emoção épica da fundação de uma nação e explora temas de comunidade, lealdade e os laços complexos que unem a diáspora africana. 

?Ela seria o rei? ressoa profundamente com nosso momento atual e, anuncia corajosamente a chegada de uma notável romancista e contadora de histórias.
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Leti 08/04/2024

Esse livro tem uma escrita bastante diferente, foi difícil me conectar com todos os acontecimentos do começo. A partir da segunda parte tudo se encaixou bem melhor e foi muito emocionante acompanhar essa parte da história por um olhar fantástico
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João 10/01/2024

Gostei bastante! As duas partes são bem diferentes e só teve um momento no meio que eu fiquei meio enfadado na leitura. Fora isso, é bem fluida e interessante.
O final foi bem esperançoso, e me arrepiei no momento em que falam o título hehe
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