O desejo dos outros

O desejo dos outros Hanna Limulja




Resenhas - O desejo dos outros


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Vinicius 18/09/2022

Um sonho coletivo
Eu buscava uma leitura que me conectasse de alguma forma à Amazônia e aos povos originários e achei este trabalho bem interessante.

Hanna transformou sua tese de doutorado neste livro, narrando sua experiência com os Yanomami, principalmente no tema dos sonhos. Não é propriamente spoiler por se tratar de não-ficção, mas caso não queira saber nada do livro pare sua leitura por aqui.

Diferente dos brancos, os Yanomami sonham quando vêem além do físico, como durante o consumo da yãkoana, substância psicoativa usada durante rituais xamânicos. Os sonhos também acontecem para que os mitos sejam revelados, a história da criação do mundo e das coisas que habitam nele. Assim, espíritos auxiliares se comunicam com os xamãs, ensinam e protegem.

Ainda existe o tipo de sonho que nós estamos habituados, em que viajamos a diferentes lugares e vemos diversas pessoas, inclusive as que já morreram. Para eles, nossa imagem, utupë (tipo um avatar/espírito) realmente visita esses lugares. Quando os mortos aparecem nos sonhos, no entanto, é preciso cuidado, pois eles têm saudade e nos chamam para seu mundo.

Os sonhos yanomami tem papel importante na vida política, pois influenciam nas decisões da comunidade. É uma cosmologia bonita e que corre risco, pois o garimpo avança pelas terras demarcadas.

Nesse sentido o livro é também um apelo para a preservação da diversidade cultural desses povos, um apelo para que as flores da Mari hi, a árvore dos sonhos, continuem desabrochando e com isso enviando os sonhos a cada yanomami.
edu basílio 18/09/2022minha estante
que lindo! ^^




Edson.Bezerra 18/05/2023

Leitura obrigatória para pessoas interessadas nos sonhos. É um belíssimo convite para sairmos de nossa condição auto suficiente, enquanto cultura eurocentrada, na pretensão de sermos sabedores de um fenômeno humano tão significativo à nossa saúde emocional e física.
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Danielle Bambace 10/07/2022

Sonhar o impossível
Existem muitas formas de ser, mas muitas vezes esquecemos disso. Esta obra oferece uma visão (ainda que sucinta) do universo dos sonhos Yanomami, colocando em cheque muito do que nossa cultura tem como base. Uma leitura antropológica e necessária para dar um primeiro passo na cultura indígena. Destaque especial para os ricos trechos de "A Queda do Céu" de Davi Kopenawa.
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Bia 01/08/2022

Um livro pra ampliar os olhares e o entendimento de mundo. Um trabalho primoroso, respeitoso e que nos permite entrar em contato com o que significa sonhar para os povos Yanomami: como o sonho impacta e é parte inseparável da vida cotidiana, da presença e atuação no mundo e na contrução das relações e afeto com as pessoas.

Lindo, tocante e necessário ?
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Melissa 12/12/2023

Li no ônibus entre São Paulo e guarulhos. não importa o quando o ônibus chacoalhava, eu não conseguia parar de ler. Fenomenal.
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Elis Andoli 16/01/2024

Foi um dos livros que mais levei tempo para ler, retomando alguns capítulos por mais de uma vez entendendo que não havia absorvido (e talvez nem agora ao final eu tenha absorvido todo o conteúdo) o que precisava, e portanto ia e vinha.

Não achei a leitura mais simples, talvez por estar lendo outros livros de outros temas à época, e por não ser um assunto que esteja dado a minha realidade.

Entretanto como alguém com prática familiar de contação de sonhos e que tem o sonho como um pilar importante na vida achei um livro fantástico, que vale a pena ser lido.
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Gusma 14/05/2023

Felicidade de cientista social é achar etnografia bem feita
Sou suspeita pra falar pois tenho meus quatro pneus arriados pra antropologia e pro método etnográfico no geral, mas gente que livro bom.

Essa pesquisa é essencial até para quem não tem muita sensibilidade com as pautas indígenas. A autora bota em perspectiva os relatos dos indígenas com quem conviveu e a realidade da nossa sociedade ocidental. É sufocante pensar na desconexão com a natureza que temos vivido, a ponto de ter aplicativos pra lembrar de beber água. Enquanto isso, os yanomami são o oposto, são harmonia. Não num sentido puritano de "uuh naturezaaa", mas num viés de conexão com si mesmo, com sua comunidade e com o mundo ao seu redor.

Um dos relatos que mais me marcou foi o do Kopenawa quando viajou para os Estados Unidos, em que ele relata não ter consigo sonhar, pois não conseguia ouvir, os espíritos não conseguiam falar com ele. Creio que isso, mesmo parecendo simples, diz muito sobre o estilo de vida que levamos. Fundamental o pensamento e distinção que ela traz sobre "o outro" para nós e para os yanomami.

Sempre importante pensar no que significa ser indígena no Brasil. Mesmo que você não seja a pessoa mais interessada no assunto, recomendo demais esse livro, pois ele coloca tudo em perspectiva.
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Bibi.NhatarAmiak 14/11/2022

Comecei a leitura desse livro, escrita por uma antropóloga branca, mas sobre os sonhos pelo olhar dos parentes yanomami. Como uma mulher indígena, saber sobre o mundo invisível pelo olhar de outros parentes, me deixa muito feliz e realizada, pois compartilho com meu povo, dessa mesma realidade. Gostei do livro e indico para várias pessoas.
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amarogusta 10/08/2023

A pessoa que sonha é o objeto de desejo do outro
Quando ouvi que esta era uma etnografia dos sonhos yanomami, tive uma ideia suficientemente distorcida e fantasiosa do que isso significava. É claro que a não coerência com as minhas particulares expectativas não indica falta de qualidade do livro e da pesquisa, mas pode causar um momento de quebra na experiência do livro.

Hanna nos conta que diferentemente da noção Ocidental de sonho, os Yanomami têm essa atividade como base epistemológica, tomando como conhecimento empírico suas vivências enquanto despertos e dormindo. Sonhar é, para eles, a possibilidade de conhecer lugares onde nunca antes foram, ver outras pessoas e viver outras coisas. Os xamãs, líderes das aldeias, revivem e reconstroem cada um os mitos da cultura, por meio do sonho.

Falar sobre esse elemento tão importante aos Yanomami nasce da noção, gestada por Kopenawa, de que os brancos só sonham consigo e com suas coisas: seus problemas. Aprender a sonhar é ampliar suas possibilidades de aprendizado, do que se sabe. Sonhar com a floresta é sonhar com a Natureza, da qual fazemos parte, é importante lembrar.

Para além de todos os elementos linguísticos fantásticos e paralelos sutis ao que chamaríamos de alta intelectualidade (como a, já antiga, noção yanomae de um “inconsciente”), o livro é uma repetição de si mesmo. Claro, Hanna nos ensina muito, mas diz em 1/3 do texto o que quer dizer nele todo. Me chateei todas as vezes em que pensava que algo interessante seria introduzido e a autora simplesmete repetia algo já compreendido, abordado e relativamente aprofundado.

Façamos o favor a nós mesmos de sair dessa lógica antropocêntrica que elimina a noção da Natureza como nossa, como nossa origem e local de pertencimento. Que não esqueçamos quem somos e de onde viemos. Que aprendamos a sonhar e nos permitir ser o objeto do desejo do outro. Que sonhemos mais e mais longe. Que aprendamos com nossos sonhos.

Obrigado, povo yanomae, por me ensinar tudo isso.
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Ninja 21/02/2023

Hanna surpreende com um trabalho tão rico e empático, ao tecer toda sua compreensão em conjunto e sintonia com os sonhadores Yanomami. É um livro que complementa e de certa forma detalha ainda mais o que Davi Kopenawa diz em sua obra incrível "A queda do céu", reforçando também a importância do sonhar na construção política, social e xamânica de uma das comunidades Yanomami. Seu trabalho me fez pensar sobre como nossa sociedade brasileira colonizada por europeus despreza, no geral, a importância dos sonhos como construtora de nossos pensamentos, relações e acervo cultural.

A alusão à fita de Moebius me fascinou muito, especialmente no sentido de que o sonho para os Yanomami é algo vivido de verdade, é a própria realidade vivida pela imagem que se desprende do corpo. É algo só vivido durante a noite (parte de trás da fita), mas que possui reflexos no momento de vigília (parte da frente da fita). No entanto, ambos são parte da mesma existência e realidade.
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Mary Stella 22/02/2023

Excelente
Livro que traz uma tese de doutorado de uma forma muito amigável para quem tem conhecimentos limitados sobre a cultura yanomami. A conexão desse povo com a natureza e a tradição oral mostra uma forma de viver muito particular e encantadora, que devemos respeitar e preservar.
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Julie 23/06/2022

O desejo de ler
O desejo dos outros veio na assinatura UBU, fiquei muito interessada porque um dos livros preferidos do meu irmão é A queda do Céu do Davi Kopenawa.
Eu me emocionei muito com a leitura e me deparar com o conceito de sonho sendo visto de outra forma que faz muito mais sentido e muito mais palpável.
O livro me deixou uma vontade enorme de ler a A queda do céu e outras obras de povos originários, cheios de sabedorias.
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Pamela 30/07/2023

Sonhos e os povos originários
O livro não é de uma leitura "fácil", especialmente por conta da especificidade da língua Yanomami e meu total desconhecimento do assunto.
Precisei voltar algumas vezes para melhor compreensão.
No entanto, o trabalho é belíssimo e foi muito enriquecedor para mim.
É possível sentir o respeito de Hanna pela cultura Yanomami e pela pesquisa científica ao longo das páginas.
Consegui sonhar mais e "mais longe" ao longo da leitura.
Que a gente possa ter cada vez mais acesso a preciosidades como esse trabalho.
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Vitória Gomes 01/01/2024

Sonhar é saber
Nesse livro, aprendemos que para o povo Yanomami os sonhos são uma fonte primordial de conhecimento, conexão ancestral, socialização e de informação sobre o cotidiano.
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Giovana 02/01/2023

"Os brancos também são tão apaixonados por suas mercadorias que elas até ocupam seus sonhos, por isso sonham com carros, casas, dinheiro e outros bens, sejam aqueles que já possuem, sejam aqueles que desejam possuir. É por essa razão, explica Kopenawa, que os brancos não conseguem sonhar tão longe: "Os brancos, quando dormem, só devem ver suas esposas, seus filhos e suas mercadorias". Dessa forma, Kopenawa explica que os brancos só fixam seus olhos sobre seus papéis; e, por isso, apenas estudam seu próprio pensamento e só conhecem o que está dentro deles. É por essa razão também que ignoram os pensamentos distantes de outras gentes e lugares."

Essa leitura me impactou bastante. Foi maravilhoso conhecer a visão dos Yanomami sobre os sonhos e como eles reagem a eles, como são impactados. A relação entre a saudade e o aparecimento de pessoas que estão distantes ou mortas nos sonhos é muito bonita. O sonho precisa ser grandioso. Espero que possamos sonhar mais e cada vez melhor.
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