jonathan 10/04/2022
uma alegoria brilhante sobre o que significa ser humano
ao contrário do que eu esperava me baseando no seu antecessor mais leve e bem humorado, ?uma coisa absolutamente fantástica?, com o segundo e último volume, hank green nos apresenta a vários pontos de vista de uma única história sobre um mundo genuinamente afetado pela falta do pequeno vislumbre de futuro entregue por carl ? o misterioso humanoide alienígena que despontou em várias das grandes cidades do mundo sem explicação ?, que, aparentemente, desapareceu de vez após os eventos violentos vividos pela protagonista april may nas últimas páginas do primeiro livro. não demora muito pra quer os efeitos da partida de carl sejam sentidos tanto na economia quanto no emocional da humanidade. todas as coisas começam a sair dos trilhos, apesar de algumas pessoas continuarem firmes em suas teorias e atividades que visam encontrar april, que pensam ainda estar viva em algum lugar.
apesar de todo o mistério acerca do desaparecimento de april e carl e das dúvidas sobre como a humanidade deve prosseguir e sobre os pensamentos em volta dos narradores principais sobre o futuro, tecnologias, perguntas sem respostas e etc, em determinado ponto da história, as peças que vamos recolhendo ao longo da narrativa finalmente se juntam, assim como os protagonistas, em um único objetivo em comum: salvar em nós mesmos aquilo que nos torna humanos.
acredito que o grande diferencial que hank trouxe na narrativa de ?um esforço lindo e fútil é a forma como ele destaca de forma clara a diferença entre salvar a humanidade e salvar o que torna a humanidade a humanidade, afinal, o que é a promessa de paz eterna e a nossa preservação enquanto espécie se não poderemos ser e nos manifestar como quem somos?
de forma muito prática e envolvente, ele nos lembra que existe uma essência que nos define enquanto humanos e que, por mais que as tecnologias e o mundo em si evoluam, por ser única em cada um de nós, ela não pode ser substituída ou moldada. somos dotados da capacidade de decisão e de sentimentos únicos, que se transformam e se manifestam de formas únicas através da arte, de avanços ou o que for e nunca devemos nos deixar esquecer disso.
além de uma reflexão brilhante sobre o que é a humanidade, hank pincela críticas muito interessantes sobre vários assuntos ao longo da trama. passando por questões políticas e trabalhistas, a economia e o reflexo sobre a sociedade e também a ética na área de avanço científico, agregando pequenas noções sobre os assuntos a leitores leigos, como eu.
assim como o primeiro livro, ?um esforço? está carregado de representatividade e os estigmas em torno delas, também não pôde deixar de lado o tom bem humorado e perspicaz dos dos diálogos, que sempre contam com referências incríveis a cultura pop e a áreas de conhecimento diversas. a escrita de hank também permanece impecável e fluida, causando uma imersão imediata a história.
essa com certeza foi uma das minhas leituras favoritas da vida e que sempre vou recomendar fortemente por todos os assuntos reflexões e, é claro, pela diversão!
ps: apesar de considerar essa duologia como uma das melhores coisas que já li em toda a minha vida, preciso reclamar de um pequeno ponto em questão com o sr. hank green: VOCÊ SIMPLESMENTE ESQUECEU O ROBIN NO CHURRASCO! cara, custava ter dado duas páginas pra mostrar como ele ficou no final? assim como todos os outros personagens dos livros, o robin é um pelo qual eu tenho muito carinho e gostaria que ele também tivesse recebido um pouco mais de atenção. enfim, esse foi o meu surto.
ps2: um obrigado especial a @carolmndss por ter me presenteado com o e-book depois do meu golpe e por ter me feito ler o primeiro também! sz