Tolkien e a Grande Guerra: O limiar da Terra-média

Tolkien e a Grande Guerra: O limiar da Terra-média John Garth (Autor)...




Resenhas - Tolkien e a Grande Guerra: O limiar da Terra-média


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Coruja 03/06/2022

Eu já tinha esse título na minha lista de desejados bem antes de descobrir que ele sairia em português. Gosto de biografias e gosto de ler sobre meus autores favoritos, de forma que não é surpresa que Tolkien e a Grande Guerra - obra em que o filme com Nicholas Hoult foi baseado - tenha entrado no meu radar.

Aqui, Garth explora especificamente o impacto da Primeira Guerra Mundial na vida e obra do Tolkien: o que a vida nas trincheiras custou ao homem por trás da Terra-média, as amizades interrompidas pelo conflito. Embora o próprio Tolkien desgostasse da ideia de leitores usando a biografia dos autores para interpretação; é inegável que compreender o contexto da vida de um escritor nos dá novas camadas de significado para um texto (olá, Umberto Eco).

Eu tinha conhecimento de boa parte do que é relatado neste volume (acho que essa é bem a quinta biografia do Tolkien que leio, ou adjacente biográfico, se for contar as cartas), mas Garth tem uns insights bem interessantes sobre o legendarium, que foi composto por esse período. Uma boa pedida para que tem interesse de se aprofundar na análise da Terra-média.

site: https://owlsroof.blogspot.com/2022/06/o-resumo-da-opera-perdida-na-biblioteca.html
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Thiago275 29/08/2022

Muito bom!
Publicado pela primeira vez em 2003, Tolkien e a Grande Guerra é uma espécie de biografia do professor, mas focada na Primeira Guerra Mundial e nos anos imediatamente anteriores a ela.

Aqui, John Garth, especialista em Tolkien, procura nos mostrar, através de cartas, rascunhos e esboços deixados por Tolkien e seus amigos, como a mitologia que mais tarde ganharia o mundo estava sendo gestada na cabeça do futuro filólogo.

Ficamos sabendo, entre outras coisas, de algumas fontes que Tolkien usou para encontrar alguns nomes de personagens e de sua paixão pelo finlandês e pelo galês (que influenciariam os idiomas que ele criaria posteriormente).

Mas não só. Jon Garth nos mostra como era forte a amizade que unia Tolkien e o TCBS, grupo de amigos que incluía também G.B. Smith, Robert Gilson e Christopher Wiseman. Todos eles tiveram um grande papel como incentivadores do jovem escritor Tolkien. Os dois primeiros morreram na guerra e o pesar pela perda desses amigos acompanhou o professor por toda a vida.

Além da literatura, John Garth faz questão de nos mostrar o pensamento dos quatro amigos sobre a inutilidade da guerra, a morte iminente e os sonhos de grandeza radicalmente desfeitos.

Como exemplo, segue o trecho de uma carta de Smith para Tolkien, ao mesmo tempo tocante e profética: "Deus o abençoe, meu caro John Ronald, e possa você dizer as coisas que tentei dizer, muito tempo depois de eu não estar aqui para dizê-las, se for esse o meu destino."

Destaco o posfácio desse livro, em que o autor analisa a literatura do pós-guerra, dividida entre "literatura de trincheira" e o modernismo, e como Tolkien não fez parte de nenhum desses movimentos. Isso não quer dizer, porém, que a guerra não tenha influenciado sua escrita. Ao contrário. Os temas que permeiam toda a obra do professor - bem e mal, bravura e covardia, nobreza e torpeza - tudo isso remete às experiências no front de batalha.

Sem dúvida, um dos textos mais interessantes que já li. Indico fortemente a todos os fãs do grande Tolkien.
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Andre.S 04/10/2022

Um livro extremamente complexo e maçante sobre Tolkien e sua passagem pela primeira grande guerra. Deve funcionar melhor para quem é familiarizado com os primeiros escritos de Tolkien, mas mesmo assim numa apanhado final, da sinais de inspiração de suas obras mais famosas, ?O Hobbit ? e ?O Senhor dos Anéis ?, nos campos de batalha do Somme.
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Ruan Ricardo Bernardo Teodoro 12/01/2024

Tolkien escreveu uma Mitologia, não uma Memória Francesa
As palavras de John garth acima sintetizam a pesquisa da obra "Tolkien e a Grande Guerra", isto é, analisar e compreender como, após experienciar os horrores da 1° Guerra Mundial que inauguraram uma literatura da decadência por toda a Europa, John Ronald Tolkien pôde escrever estórias repletas de heroísmo e esperança.

Nesse sentido, Tolkien mitologizou em suas estórias a memória do bem e do mal despertada pela Guerra, de tal maneira a demonstrar a tirania da máquina sobre o indivíduo e o mal do materialismo que havia conduzido os países em batalha. Desse modo, seu conto de 1917, "A Queda de Gondolin", pode ser visto como um dos efeitos - mas não somente - do conflito: Uma cidade sitiada atacada por dragões e orcs cruéis.

Logo, Tolkien "podia ver o lança-chamas alemão e pensar em fogo grego" (p. 323), ou podia ver uma Oxford esvaziada pela guerra e pensar em uma capital élfica deserta. Desde sua infância, sua imaginação e criação baseada nos clássicos, com um gosto particular pelos épicos germânicos, contribuiram para que tivesse uma perspectiva mitologizada de sua vida.

Essa perspectiva, no entanto, não o afastava da realidade. Apesar de muitos críticos ávidos apontarem sua obra como escapista, afirma-se que seus escritos "refletem o impacto da guerra" (p. 315). Em especial em sua atitude de contrariar os movimentos literários pessimistas - escritos de guerra e modernismo - que predominaram após o conflito. Nesse sentido, enquanto os novos movimentos literários rejeitavam as antigas tradições, Tolkien não apenas as preservou, mas "as revigorou para sua própria era" (p. 321).

Nessa mesma toada, o professor se posicionou contra o desencanto que abateu os artistas após a 1° Grande Guerra. Para eles, a crueza do conflito e o horror que vivenciaram empalideceram suas sensibilidades, originando uma literatura pessimista que via na batalha o fim da inocência e a inutilidade do esforço, cujos expoentes foram Robert Graves, Wilfred Owen e Siegfried Sasson. Em contrapartida, as estórias de Tolkien "descrevem a luta para manter valores herdados, instintivos ou inspiradores contra as força do caos e da destruição" (p. 333).

Além disso, destaca-se que o estudo investiga os escritos de Tolkien antes, durante e imediatamente após a guerra, entre eles: sua língua élfica "quenya", os poemas "The Shores of Faerie", "The Happy Mariners", "A Song of Aryador", "Kortirion Among the Trees", o conto "The Fall of Gondolin" e a obra "The Book of Lost Tales". A partir desses escritos, Tolkien já gestava a mitologia que iria compor "O Senhor dos Anéis", uma criação que uniu seu interesse pela linguagem com a mitologia.

Por fim, aponta-se que "a Terra-média contradiz a visão dominante da história literária, de que a Grande Guerra deu fim às epopeias e tradições heroicas em qualquer forma séria" (p. 315). De fato, foi por meio de um medievalista, místico e católico que o mundo moderno teve revigorada a tradição que preza as canções das fadas.
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Marcone989 06/06/2022

Um ato contra o desencanto.
Demorei para trazer a resenha, estava um tanto ocupado. Tolkien e a Grande guerra é um retrato extremamente detalhado das experiência de tolkien e seus companheiros em um dos periodos mais sombrios da historia humana. Mas nem por isso devemos reduzir sua obra a uma analogia ou a meros reflexos dos traumas de guerra. Quanto Tolkien escreve sua mitologia, ele o faz com temas universais a guerra é um sintoma de uma doença maior. E indo em direçao contraria dos realistas, Tolkien brandou a bandeira do encantamento, seus herois nao os sao apenas por seus sucessos. Mas pela coragem e tenacidade ao tentar, o valor nao pode ser medido apenas pelos resultados. Ele luta para que se fossem mantido os valores herdados, o apego as tradições literárias que tanto lhe encantaram quando jovem e o acompanharam em sua vida adulta. Citando o proprio livro na visão de Tolkien o mundo é uma magia em andamento, uma obra de encantamento (uma magia que é cantada). O livro pode soar cansativo para alguns, mas isso se torna irrelevante perante a forma magnifica na qual tudo é colocado. Para quem leu a Biografia, esse livro serve como um ótimo complemento. Na formaçao de um mundo mágico eu particularmente luto pelo fim do desencanto.
RafaelM 15/06/2022minha estante
Uauu.. Já foi pra lista ?




Estelia 29/06/2022

Quando nasce a Terra Média
Eu sou Tolkiana, apaixonada pela obra dele e na forma como ele criava suas histórias. Porque não basta criar uma história, e preciso criar o idioma de alguns dos seus personagens. Já li outros livros que contam a história de vida do Tolkien, assim como o máximo de sua obra. Mas, esse livro em questão me chamou a atenção pois se concentra nos anos da Guerra, que ele foi convocado, entre 1914 a 1917, 18. E foi justamente nesse período, que ele começou os esboços de nossa amada Terra-Média. É incrível imaginar que em um período tão difícil a criatividade dele ainda estava em alerta. O livro apresenta detalhes de como ele criou palavras dos diversos idiomas que ele construiu, mostra a criação de personagens e como os enredos mais famosos de Tolkien foram tomando forma. Se você não gosta das narrativas de Tolkien a leitura não é para você, agora se é um Tolkiano, leitura obrigatória.
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Leitora 03/03/2024

O início da história é bem enrolado, focando demais na origem do interesse do Tolkien em filologia e o final parece um ctrl c ctrl v de silmarillion. O meio do livro, quando fala das experiências de Tolkien durante a guerra é muito interessante
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Chester 22/06/2022

Uma pesquisa jornalística
John Garth demonstra em algumas páginas o cuidado com a pesquisa que foi feita para compilar esse livro. Sim, chamo de compilação mesmo sendo um livro corrido classificado como parte da biografia do Tolkien.
Os momentos vividos por Tolkien na Primeira Guerra Mundial influenciaram direta e indiretamente na concepção de seu universo que começou a ser idealizado lá mesmo na década de 1910.
É interessante como ele começou com personagens soltos e aos poucos foi encaixando em uma mitologia original.
Parabéns ao John Garth pela obra.
Não sou muito fã de biografias mas, independente de meus gostos, não posso deixar de elogiar.
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Elaine.Paula 17/11/2023

Em sua maioria, bem escrito e esclaredor
Um livro muito interessante que nos leva um pouco antes da Grande Guerra, quando Tolkien era apenas um estudante de Oxford e um entusiasta pela filologia e literatura ao lado dos seus amigos, podemos perceber o quanto essa amizade e sua vivência em um dos eventos mais bizarros da humanidade levaram a sua obra ao patamar que vemos hoje e que já atravessa gerações.
O livro em alguns momentos é confuso quando tenta trazer comparações entre Tolkien, a amizade com seus quatro amigos, sua experiência na guerra com outros autores.
Mas é um livro que vale a pena ler e ter na coleção!
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