Isabella.Wenderros 20/01/2022Peguem os lencinhos.Em 1995, Maggie Dawes, aos 16 anos, precisa se mudar para a casa de uma tia com quem quase não teve contato. Saindo de Seattle e indo para Ocracoke, na Carolina do Norte, a adaptação não é fácil, além de precisar lidar com outras questões complicadas. É no meio de um turbilhão de problemas que ela conhece Bryce Trickett, um rapaz inteligente, gentil e divertido, que proporciona as lembranças mais doces de sua vida.
Pulando para 2019, Maggie é uma fotógrafa famosa: a carreira deslanchou, seu nome virou referência na área e ela está satisfeita, até que precisa enfrentar um câncer e depois de vários tratamentos, recebe a notícia de que possui apenas alguns meses. No meio de outro furacão, ela contrata Mark, um rapaz que deveria ser apenas um funcionário e acaba se mostrando um amigo leal, que irá tornar o último Natal de Maggie algo memorável. Entre conversas e passeios, ela decide contar sobre o amor que viveu ao lado de Bryce e assim manter vivo, mesmo após partir, aquele sentimento que ainda existe, mesmo após duas décadas.
Há alguns anos, Nicholas Sparks era figurinha certeira nas minhas leituras; era comum que eu finalizasse um de seus livros e já partisse para outro. Porém, chegou um ponto em que simplesmente parei e passei muito tempo sem pensar numa “reaproximação” com sua obra. Isso mudou no finalzinho de 2021 e já em janeiro escolhi um seus lançamentos para descobrir se o autor ainda conseguia mexer comigo – a resposta: sim.
Entre passado e presente, o leitor acompanha Maggie em dois momentos diferentes, porém, nebulosos. Primeiro, uma adolescente que precisa se afastar de tudo o que conhece enquanto lida com uma gravidez indesejada, e, depois, enquanto encara a finitude da própria existência.
Se a protagonista demorou um pouco para me conquistar – mas conseguiu –, outros dois personagens importantíssimos me fisgaram imediatamente: Bryce e Mark. Apesar de cruzarem com a mocinha em períodos diferentes, ambos foram essenciais para que ela conseguisse atravessar as turbulências em que estava envolvida. A chegada de Mark, confesso, foi um pouco estranha e fiquei criando muitas teorias; acabei acertando a principal, mas isso não diminuiu a emoção que senti conforme descobria a verdade.
Por Bryce, o carinho foi automático e só cresceu durante a narrativa. Não apenas por ele, mas por toda a família Trickett, que apesar de aparecerem pouco, foram de uma sensibilidade ímpar. Conforme previsto por tia Linda – que mulher espetacular! Uma das melhores personagens! – a paixão surgiu, mesmo que soubessem que aquela relação não poderia durar. Na verdade, já no começo do livro é dito que eles não estão juntos, mas eu não consegui parar de torcer para que eles se encontrassem em algum ponto. Como sou boba! Esqueci que o autor ama finais tristes e emotivos.
Maggie precisando lidar a morte próxima, enquanto sentia seu corpo cedendo aos poucos e trabalhava em seu íntimo a aceitação do passado, foi tocante. Não amei como outras histórias do Nicholas – olá, Diário de uma paixão! –, mas ele misturou meus sentimentos. Acompanhar o romance de Bryce e Maggie foi encantador e eu adoraria que esse casal tivesse um final digno da Disney.